Quando associamos os
textos que estamos estudando com o contexto social e espiritual em que vivemos,
sentimos que de fato precisamos clamar a Deus que nos conceda, com o máximo de
urgência, uma nova reforma. E isto implica numa
constante renovação espiritual. Como escreveu Klaas Runia sobre a Necessidade de
Nova Reforma:
_ “Cada vez mais se torna
evidente, a muitos membros de igreja,
que eles precisam fazer alguma
coisa. Mas a grande pergunta da maioria
deles é: Fazer o que?
Pessoalmente creio que a única resposta é: temos de trabalhar
com vistas a uma nova reforma. Nada menos do que isto vale.
Certamente não basta colocar uns poucos
remendos no que aí está. Isso vimos fazendo já por longo tempo, e não tem
prestado. A despeito de todos os nossos
remendos, as coisas têm ido de
mal a pior. O que precisamos é de uma
reforma total da igreja.
Empregando a palavra “reforma” não quero dizer com isso um simples retorno à situação do
século 16. Além de ser impossível tal retorno, seria também um erro. Não seria
reforma, mas retroação. Seria fazer
retroceder os ponteiros do relógio da história, ação esta que sempre se
condena a fracasso. Nossa ideia de reforma é de
todo diferente. Queremos dizer uma
renovação da igreja de hoje,
tomando em consideração a situação e os problemas da hora que passa
e procurando encontrar novos
meios de levar a igreja a ser o
que deve ser, de acordo com o Novo
Testamento: “a casa de Deus, que é
a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte
da verdade”. Várias sugestões daremos a seguir.
Antes de tudo há necessidade de se reavivar o
doutrinamento no seio da igreja. É evidente que isto concerne principalmente
aos ministros, porque o ensino é em primeiro lugar da responsabilidade deles.
Segundo 1 Tm 5.17, eles são os
presbíteros que “se afadigam na palavra
e no ensino”. Ora, que podem eles fazer para que refloresça o doutrinamento no
seio da igreja? Em primeiro lugar, terão de começar uma vez mais a ensinar as
grandes verdades doutrinais da Bíblia... Nunca
devemos ensinar dogmas como tais, ou só por serem dogmas, mas sempre as
doutrinas de nossa fé, fundamentadas na Escritura. Isto é de tremenda
importância para a edificação da fé da congregação. Muito ensino moderno é por demais superficial. Com frequência
acontece o povo só receber “leite”, e
nunca saborear o “alimento sólido” da Palavra. Um dos trágicos resultados disso
é uma chocante falta de conhecimento a respeito
do sistema da verdade, revelado
na Escritura...
A doutrinação é o único meio de levar uma
congregação a conhecer aquilo em que
crê. Foi assim desde o princípio da igreja cristã... Naturalmente, isso nunca
se divorciou do aspecto prático, ético da fé. De fato, em todas as
epístolas esses aspectos práticos, éticos, são salientados.
Todavia sempre se baseiam no aspecto
doutrinal. Paulo, por exemplo, comumente
dedica dois terços de cada epístola sua ao
fundamento doutrinário da fé, enquanto que no terço restante fala das consequências disso em
nossa vida e conduta diárias. Os dias da
reforma apresentam outra vez um exemplo do sadio doutrinamento...
Com efeito, uma
congregação instituída por este
modo sabe em que crê, e não será
facilmente abalada por doutrinas errôneas, que venham de teólogos liberais de
dentro, quer venham de sectários de fora
da igreja.
Intimamente relacionado com o ensino está o doutrinamento da
juventude da igreja... Quando o pessoal recebe bastante instrução na
juventude, pode-se apelar poderosamente para ele na base
do que tem aprendido... É difícil superestimar os benefícios que por essa forma os jovens
recebem. À medida que se lhes ensina a
Palavra eles são de contínuo desafiados por ela... Suas consciências são
tocadas. De fato muitos jovens chegam a uma
verdadeira conversão simplesmente através de classes de doutrinamento. A
conversão deles pode não ser espetacular, mas acontece frequentemente ser mais sólidas e duradouras do que muitas
conversões convencionais. Ao mesmo tempo ficam mais bem aparelhados mental e
espiritualmente para enfrentar os problemas da escola, universidades, ou da vida profissional... Pois têm uma
estrutura doutrinária a que recorrer, à qual podem submeter as questões e
problemas que os defrontam e desafiam...
Precisamos por igual reavivar a disciplina na
igreja. Uma das principais causas das presentes dificuldades é a negligência na
disciplina. Mencionarei duas áreas em particular sobre isso: Primeiro,
admitem-se membros na igreja muito
facilmente. A igreja não julga o íntimo, o coração de ninguém. Deixa isso
com Deus. Mas, uma confissão verossímil, apoiada por uma vida realmente cristã,
é base suficiente para que alguém seja recebido como membro da igreja. A
segunda área em que a disciplina tem sido negligenciada relaciona-se de perto
com o que foi declarado no parágrafo acima. Nomes de pessoas permanecem no rol de membros das igrejas, mesmo
quando demonstram claramente não se interessar pelo evangelho... Acontece com
frequência que essas mesmas pessoas abertamente sustentam pontos de vista
contrários à confissão da igreja, e
participam de atividades condenadas pela
Palavra de Deus... Os procedimentos aqui mencionados poderão parecer os meios
importantes de efetuar uma completa reforma da igreja local. Realizando isso,
concentramo-nos na vida espiritual da congregação e procuramos edificá-la de
cheio sobre o fundamento do Evangelho e da Lei, como revelado na Escritura...”.
Pr. Vanderlei
Faria