“Dai-lhes vós mesmos de comer...” (v.37a).
Recentemente faleceu uma irmã
nossa, membro de uma grande igreja,
família bem integrada na igreja, e ela uma batalhadora. Apesar da situação
equilibrada da família, aquela senhora vivia com extrema economia. Vestia-se de
roupas surradas; calçados rotos, furados e desgastados. Não se dava ao luxo de
tomar algumas iguarias, nem mesmo em ocasiões especiais. Suas ofertas para fins
especiais em sua igreja eram sempre contidas, minguadas. Enfim, fazia o tipo
“pobretona assumida”, embora o marido gozasse de uma boa aposentadoria e
morasse no centro de uma grande cidade.
Após a morte dessa referida irmã, seu
marido resolveu dar uma geral na casa, mudar os móveis, trocar o colchão,
arejar o ambiente. Enfim, mudar o ambiente. Então veio a surpresa: Debaixo do
colchão havia um pacote com dólares. Uma
pequena fortuna, a considerar-se a maneira em que vivia aquela senhora:
quarenta e sete mil dólares... Sem dúvida, uma excelente e animadora recompensa
para um viúvo disposto a viver seus últimos dias com alguma regalia. Com muita
tranqüilidade, casou-se novamente e foi desfrutar sua tão merecida lua de
mel...
Aquela irmã era rica, e não sabia. Ou
melhor, era rica, mas não se dera conta de que possuía o suficiente para viver
bem e abençoar a muitos com seus bens. Tinha o suficiente para poder
desfrutar ao máximo a sua velhice, no
que diz respeito à parte social, material, e ainda poderia ter sido uma grande
bênção na vida de outras pessoas. Mas
ela não sabia, ou não soube, fazer bom uso daquilo que Deus lhe concedera. Não
soube fazer uso do que tinha. Viveu como miserável, tendo condições de
desfrutar de um padrão de vida muito superior. Era rica e não sabia... Não sabia usar a riqueza que possuía. Em Apocalipse, o Senhor fala de uma situação semelhante. 6 – Precisamos
compartilhar a nossa riqueza, ou a nossa provisão.
A igreja de Smirna também era rica, e
não sabia. Foi preciso que o Senhor usasse a instrumentalidade de João para
consolar o povo de Deus daquele lugar, e a todos nós hoje, com esta exortação:
“Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas
coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a
viver: Conheço a tua tribulação, a tua
pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e
não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás.
Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar
em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de
dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz
às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte” (Ap 2:8-11).
Constantemente ouvimos estórias de
pessoas que passaram a vida toda vivendo como pobres, alguns em situações miseráveis, sem saberem
que possuíam verdadeiras fortunas.
_ “Dai-lhes vós mesmos de comer...” Com esta ordem, os
discípulos de Jesus foram despertados para o fato de que eles tinham algo a
oferecer; eles eram ricos e não sabiam.
Ao mesmo tempo, a visão da necessidade dos outros gerou o senso
de responsabilidade pessoal pela sorte da multidão.
O v.34, diz: "Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor". Não havia como
fugir da responsabilidade de prestar serviço àquela gente, estando junto com
eles, sentindo bem de perto as suas aflições. Assim, Jesus tomou a iniciativa
de atendê-la, sabendo que eles eram totalmente
dependentes dEle. Demonstrou sensibilidade para com as necessidades de
toda a multidão. E jamais se esqueceu
das outras ovelhas que não eram daquele aprisco (Jo 10.16). Precisamos,
também, olhar para as pessoas com o mesmo senso de responsabilidade do Senhor
Jesus. E foi isso que ele exigiu de Seus discípulos: "Dai-lhes vós de
comer" (v.37).
Não seria esta também a nossa maior
dificuldade? Ou seja, o fato de ficarmos tão fixados e preocupados com a nossa
própria sorte tira a nossa capacidade tanto n o sentido de desfrutar do que
temos como de compartilhar com os que nada possuem. Pr isso o escritor de Provérbios
assim nos recomenda: “Se te mostras fraco no dia da angústia, a tua força é
pequena. Livra os que estão sendo levados para a morte e salva os que
cambaleiam indo para serem mortos. Se
disseres: Não o soubemos, não o perceberá aquele que pesa os corações? Não o
saberá aquele que atenta para a tua alma? E não pagará ele ao homem segundo as
suas obras?” (Pv 24.10-12).
Pr. Vanderlei Faria
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