segunda-feira, 3 de novembro de 2014

TIRANDO A MÁSCARA


_ “Àquele lugar chamou Jacó Peniel, pois disse: Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva. Nasceu-lhe o sol, quando ele atravessava Peniel; e manquejava de uma coxa” (Gn 32.30-31).

 

Quando eu era garoto ficava apavorado quando, em tempo de Carnaval, encontrava algum mascarado. Não entendia que debaixo  daquela máscara havia alguém com cara normal igual à minha. Depois ficava imaginando qual o motivo e  prazer que levava alguém a sair na rua pulando e dançando sem que outros  pudessem reconhecê-lo...
 
Na verdade, ainda hoje eu não entendo como alguém pode  se satisfazer em “brincar o carnaval”  como anônimo, sem poder desfrutar do companheirismo e da cordialidade humana. Porém, isso também me faz pensar na realidade de nossa  religiosidade aparente e superficial com a qual  procuramos impor respeito e admiração das demais pessoas ao nosso redor.


Na verdade, todos nós, conscientes ou não, estamos  sempre representando algum tipo de papel na vida. Estamos sempre tentando ser aquilo ou como gostaríamos de fazer com que os outros nos vissem; ou agimos da maneira que melhor agrada  e satisfaz  ao modelo esperado por quem, como nós, ocupa determinada função ou posição social na qual estamos vivendo.
 
Dificilmente conseguimos  ser autênticos e transparentes todo o tempo e em todos os lugares onde  vivemos. Daí o fato de que alguns, em tempo de Carnaval, ainda que usando uma fantasia fisicamente, na realidade é quando estão sendo o que sempre  desejaram ser ou que de fato são no íntimo. Alguns se vestem de mulher porque  no fundo sempre foram homossexuais, mas sempre procuraram se conter, se reprimir, devido  tanto à posição que ocupam como pelo desejo de viverem de acordo com os padrões morais  recebidos desde a infância.

 
  Fico imaginando com quanta frequência nos apresentamos  diante de Deus e das pessoas portando uma máscara de alegria, santidade, humildade, fidelidade conjugal, etc; quando na realidade nosso  pensamento e sentimento estão  longe daquilo que  fazemos ou fingimos sentir. E o mais lamentável é que  de tão acostumados a viver com nossas máscaras, elas acabam se incorporando em nosso modo de ser e viver. Acabamos  nos adaptando ao seu uso até  acreditarmos que somos aquilo que representamos. É como o mentiroso, de tanto afirmar determinadas mentiras ele acaba acreditando que aquilo de fato é a pura verdade. Aí já não  conseguimos nos despir  das máscaras, mesmo quando nos apresentamos diante de Deus em oração pessoal, solitária.

 

Vanderlei Faria

pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

 

Nenhum comentário: