sábado, 1 de novembro de 2014

TEOLOGIA DA IMPROSPERIDADE


Estamos acostumados com o ensino e a difusão da teologia da prosperidade em muitas igrejas chamadas evangélicas. Notamos em muitas comunidades a transformação do cristianismo autêntico em hedonismo ou mero prazer e emocionalismo. Deseja-se a prosperidade material em detrimento da improsperidade. Aquela está centrada no homem e nos seus esforços com uma “ajudazinha” de Deus, buscando acumular dinheiro e bens. Esta está centrada em Cristo Jesus, em Sua obra na cruz e na ressurreição, em Sua vida simples mesmo sendo o dono de todas as coisas. Se a teologia da prosperidade foca o enriquecimento financeiro do homem, a busca das demais coisas, a teologia da improsperidade enfatiza a conformação do homem regenerado com a Pessoa e Obra de Cristo a partir da busca do Reino de Deus em primeiro lugar (Mt 6.33). A teologia da improsperidade é a do contentamento. O impróspero está contido no contentamento, absolutamente conformado com o Senhor Jesus Cristo, descansando na Sua fidelidade.

  Paulo vivia a improsperidade. O seu testemunho aos irmãos em Filipos é contundente. “... Não digo isto como por necessidade, porque já APRENDI a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como ter fome, tanto a ter abundancia como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele  que me fortalece... O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (Fil 4.11-13; 19). O cristão que experimenta a improsperidade sabe viver contente em toda e qualquer situação. Ele não está preso às coisas materiais, não está escravizado por elas, pois são secundárias e circunstanciais. As coisas espirituais, sim, estas são primárias e eternas. O mesmo apóstolo ensina que devemos buscar ‘as coisas de cima onde Cristo está assentado à direita de Deus’ (Cl 3.1-4).

  A improsperidade está fundamentada na vida e no ensino de Jesus. Nós a vemos no Seu estilo de vida simples. O Senhor Jesus é o nosso modelo de conformação com a vontade do Pai. Sendo Deus, fez-se homem para morrer por nós (Fil 2.5-8). Sabemos que a religião busca desenfreadamente a prosperidade, mas o evangelho de Cristo busca a improsperidade. Há muita gente ansiosa, dentro das igrejas, por uma vida de prosperidade financeira, que foca o luxo, a influência, o poder e a aparência. São pessoas centradas nas coisas da terra, nas coisas que podem ver e acham que lhe dão segurança.  

  Na contramão do egoísmo da teologia da prosperidade, o apóstolo determina ao jovem pastor Timóteo para que este oriente os abastados ou ricos “que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna” (1 Tm 6.17-19).  Aqui Paulo orienta a Timóteo quanto à improsperidade, uma característica do cristianismo autêntico. Deus nos tem dado saúde, inteligência, criatividade, força para trabalharmos com o objetivo de glorificarmos o Seu nome, sustentarmos a família, investindo no Reino de Deus e  ajudando os que mais precisam. Somos chamados para repartirmos o coração, dinheiro e os bens com o amor e a simplicidade de Cristo. Ele é o nosso exemplo de renúncia e desapego às coisas materiais. Os que postulam a prosperidade de forma egoísta não conhecem a Cristo Jesus. A grande diferença entre a teologia da improsperidade e a teologia da prosperidade é que a primeira confia no Senhor e a segunda confia na potencialidade do homem e sua religião.  

 

 

Oswaldo Luiz Gomes Jacob, pr.

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