Estamos acostumados com o ensino e a difusão da
teologia da prosperidade em muitas igrejas chamadas evangélicas. Notamos em
muitas comunidades a transformação do cristianismo autêntico em hedonismo ou
mero prazer e emocionalismo. Deseja-se a prosperidade material em detrimento da
improsperidade. Aquela está centrada
no homem e nos seus esforços com uma “ajudazinha” de Deus, buscando acumular
dinheiro e bens. Esta está centrada em Cristo Jesus, em Sua obra na cruz e na
ressurreição, em Sua vida simples mesmo sendo o dono de todas as coisas. Se a
teologia da prosperidade foca o enriquecimento financeiro do homem, a busca das
demais coisas, a teologia da improsperidade
enfatiza a conformação do homem regenerado com a Pessoa e Obra de Cristo a
partir da busca do Reino de Deus em
primeiro lugar (Mt 6.33). A teologia da improsperidade
é a do contentamento. O impróspero
está contido no contentamento, absolutamente conformado com o Senhor Jesus
Cristo, descansando na Sua fidelidade.
Paulo vivia
a improsperidade. O seu testemunho
aos irmãos em Filipos é contundente. “... Não
digo isto como por necessidade, porque já APRENDI a contentar-me com o que
tenho. Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em
todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como ter fome, tanto a
ter abundancia como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece... O meu Deus, segundo as
suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus”
(Fil 4.11-13; 19). O cristão que experimenta a improsperidade sabe viver contente em toda e qualquer situação. Ele
não está preso às coisas materiais, não está escravizado por elas, pois são
secundárias e circunstanciais. As coisas espirituais, sim, estas são primárias
e eternas. O mesmo apóstolo ensina que devemos buscar ‘as coisas de cima onde Cristo está assentado à direita de Deus’ (Cl
3.1-4).
A improsperidade está fundamentada na vida
e no ensino de Jesus. Nós a vemos no Seu estilo de vida simples. O Senhor Jesus
é o nosso modelo de conformação com a vontade do Pai. Sendo Deus, fez-se homem
para morrer por nós (Fil 2.5-8). Sabemos que a religião busca desenfreadamente
a prosperidade, mas o evangelho de Cristo busca a improsperidade. Há muita gente ansiosa, dentro das igrejas, por uma
vida de prosperidade financeira, que foca o luxo, a influência, o poder e a aparência.
São pessoas centradas nas coisas da terra, nas coisas que podem ver e acham que
lhe dão segurança.
Na contramão
do egoísmo da teologia da prosperidade, o apóstolo determina ao jovem pastor
Timóteo para que este oriente os abastados ou ricos “que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das
riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas
gozarmos; que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente e
sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o
futuro, para que possam alcançar a vida eterna” (1 Tm 6.17-19). Aqui Paulo orienta a Timóteo quanto à improsperidade, uma característica do
cristianismo autêntico. Deus nos tem dado saúde, inteligência, criatividade,
força para trabalharmos com o objetivo de glorificarmos o Seu nome,
sustentarmos a família, investindo no Reino de Deus e ajudando os que mais precisam. Somos chamados
para repartirmos o coração, dinheiro e os bens com o amor e a simplicidade de
Cristo. Ele é o nosso exemplo de renúncia e desapego às coisas materiais. Os
que postulam a prosperidade de forma egoísta não conhecem a Cristo Jesus. A
grande diferença entre a teologia da improsperidade
e a teologia da prosperidade é que a primeira confia no Senhor e a segunda
confia na potencialidade do homem e sua religião.
Oswaldo
Luiz Gomes Jacob, pr.
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