Normalmente, nenhum de nós quer agir
com humildade, somos propensos a nos orgulhar, tanto pelo que temos, como pelo
que imaginamos ser. Isso faz parte da natureza humana pecaminosa, decaída. Mas
Deus “deitar-me faz...” Nos faz tirar as
sandálias de nossos pés.
Uma das mais preciosas
lições que Deus nos proporciona com os
sofrimentos é nos fazer colocar a boca no pó, com profunda humildade e dependência de Sua infinita graça. O problema é que muito
frequentemente o sucesso espiritual (talvez melhor seria dizer religioso
em lugar de espiritual), o êxito nas realizações pessoais nos fazem
ficar soberbos e sutilmente prepotentes de nossa pretensa familiaridade com Deus e/ou com Seus
poderes. Ora, isto é um contrassenso, porque quanto mais íntimos do Senhor
mais conscientes nos tornamos de nossa
insignificância e nulidade diante de Sua
glória, como Isaías ao se aproximar da majestade divina.
Na verdade, não se
pode considerar espiritualidade
se há soberba religiosa em nosso coração, ainda que imperceptível a nós
mesmos. Mas Deus, que vê o coração, nos dá o livramento dessa praga
proporcionando o sofrimento, como ocorreu com Paulo, segundo sua própria
interpretação dos fatos em 2Coríntios, 12.1-10.
Quando nos esquecemos de viver com
humildade, Deus mesmo providencia os meios necessários para nos fazer beijar
a lona e colocar nossa boca no pó. Não podemos perder o senso de reverência
diante do Santíssimo; “Pois o nosso Deus é um fogo consumidor” (Hb 12.29).
É preciso que Deus infunda em
nós essa santa humildade, e isso para o
nosso próprio bem, porque, “aquele que entre vós for o menor de todos, esse é
que é grande”, como disse o Senhor Jesus; ou
como escreveu Paulo, quando somos
fracos, ou quando sentimos que somos fracos é que somos fortes. Mas precisamos
reconhecer nossa necessidade de
crescimento na humildade, seguindo o
exemplo de nosso Mestre e Senhor,
Jesus Cristo.
Portanto, a Bíblia nos mostra que a
humildade é uma das principais características dos verdadeiros cristãos. No meu
entendimento ela sintetiza as mais variadas manifestações do fruto do Espírito,
relacionadas por Paulo em Gl 5.20. As vitórias
deveriam ser creditadas apenas e tão somente ao Senhor dos exércitos:
“Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às
imagens de escultura” (Is 42.8).
Teria Deus mudado sua ênfase quanto
a este assunto? É claro que não, basta lermos o Novo Testamento para termos as
lições práticas do Servo sofredor, o Senhor Jesus Cristo, nosso exemplo maior: “Tende em vós o mesmo sentimento
que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não
julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido
em figura humana, a si mesmo se
humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e
lhe deu o nome que está acima de todo nome,
para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e
debaixo da terra, e toda língua confesse
que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fl 2.5-11).
“Rogo igualmente aos
jovens: sede submissos aos que são mais velhos; outrossim, no trato de uns com
os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo,
aos humildes concede a sua graça. Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de
Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a
vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor,
como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que
sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada
pelo mundo. Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna
glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar,
firmar, fortificar e fundamentar. A ele
seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!” (1Pe 5.5-11).
Vanderlei Faria
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