“Este é o meu
Filho, o meu eleito; a ele ouvi (Lc
9.36).
A visão foi marcante para todos quantos
tiveram o privilégio de participar. Os discípulos de Jesus estavam perplexos,
atônitos, sem palavras. Imagine uma
grande tela cinematográfica, ou um
grande palco iluminado e ornamentado
como se, de repente, o céu se manifestasse ali magnificamente encenado.
No palco se apresentavam os astros Moisés, Elias e Jesus. Iluminação, figurino,
som e imagem, tudo de primeira qualidade; perfeito. Visibilidade e acústica da mais alta
qualidade. Tudo divinamente elaborado. O drama futurista ia sendo encenado,
desenvolvido através da fala de seus atores, os quais interpretavam seus próprios personagens e sua própria história de vida. A cena se desenvolve com os
personagens se identificando pela forma em que se apresentam e pelo conteúdo daquilo que falam.
Os espectadores estão
eletrizados, completamente extasiados e maravilhados com o que presenciam. Havia no coração de cada um, sem
dúvida alguma, o desejo de perpetuar,
prolongar ao infinito aquela fantástica
experiência. Eles queriam poder retratar, reproduzir fielmente cada detalhe,
cada palavra e cada emoção ali experimentada. Mas não havia uma
filmadora, algum meio eficaz e suficiente para poder reter aquela inesquecível visão,
senão a memória visual e sensitiva de
cada um ali presente.
Assim, Pedro, o mais
afoito, não se conteve e atreveu-se a interagir com o principal personagem daquela apresentação divina, celestial. Ele
queria prolongar, e, quem sabe perpetuar aquele momento. Não queria perder tão
sublime oportunidade, como não pensava em retornar à rotina de seu exaustivo
trabalho ao lado de seu iluminado Mestre. Naquele momento todos experimentavam
o gozo celestial; o ambiente e as condições
com as quais sonhavam participar...
Não, eles não poderiam deixar
escapar a oportunidade de se deleitarem com tal glória. Mas eis que, no auge do seu excitamento emocional e espiritual,
fecham-se as cortinas, as luzes do palco se apagam, a escuridão toma conta do
ambiente até então divinamente iluminado, principalmente pelo visual dos
personagens presentes no palco.
A
repentina mudança do cenário causa uma
profunda emoção contrária à que estavam
experimentando. O medo, o pânico, a dúvida, insegurança e confusão tomam conta dos corações daqueles frágeis
espectadores. Ninguém mais consegue falar, todos se emudecem, até mesmo o
grande falante, Pedro. Todos estão atentos ao que há de ser pronunciado em meio
às densas trevas provocadas pelas nuvens
espessas. E eis que uma voz estrondosa, poderosa e clara se fez ouvir:
"Este é o meu Filho, o meu eleito,
a Ele ouvi"!
Pr.
Vanderlei Faria
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