“Jesus, cheio do Espírito Santo,
voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto, durante quarenta
dias, sendo tentado pelo diabo. Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve
fome” (Lc 4.1, 2).
Embora tenhamos em mente o deserto da tentação, é no deserto da oração
onde há maior chance de termos um profundo e significativo encontro com Deus. É
quando somos confrontados no mais íntimo
de nossa fé, e somos levados a crescer. Quando vencemos a tentação, sentimos
que crescemos um pouco mais. É, portanto, no deserto, quando temos mais chance
de sermos fortalecidos no poder do Espírito Santo.
Como diz a Bíblia, foi após a
vitória sobre a tentação que Jesus sentiu-se
livre da pressão demoníaca: “Então o
Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviram... Assim, tendo o Diabo
acabado toda sorte de tentação, retirou-se dele até ocasião oportuna. Então
voltou Jesus para a Galiléia no poder do Espírito; e a sua fama correu por toda
a circunvizinhança” (Mt 4.11; Lc
4.13-14).
Sempre me emociono com o "treinamento"
missionário pelo qual passou o Senhor Jesus. Assim também, fico
imaginando como Deus muitas vezes, ou quase sempre, usa desse
mesmo tipo de treinamento conosco.
Quantas vezes uma enfermidade persistente e
dolorosa, um desemprego, aflições e abandonos familiares, nos levam a
sentir solitários e carentes como se estivéssemos atravessando um
longo e tenebroso deserto de aflição!
Muitas vezes, ainda, somos confrontados com
as vis tentações diabólicas, infernais, dizendo-nos e procurando nos convencer
de que não temos ninguém para nos defender, nos apoiar; que não valemos
nada para o mundo, para a sociedade, e nem para Deus... Ou ainda, que não
temos fé suficiente para sermos curados, abençoados... Ou que estamos
"pagando" pelos pecados e males que cometemos, ou porque não
seguimos os preceitos determinados pelas seitas, ou por um Deus
impiedoso... E por causa disso Deus estaria nos castigando.
Enfim, o deserto representa, além das aflições das
condições adversas que enfrentamos, também representa o bombardeio ou avalanche
de opressões satânicas procurando nos ridicularizar, nos desanimar e nos levar
à revolta contra Deus. Mas quando pensamos em nosso Mestre amado suportando as
agruras de um deserto abrasador, as tentações diabólicas e todos os
sofrimentos até ao Calvário, então somos confortados e encorajados a
seguir Seus conselhos: "No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu
venci o mundo" ( Jo 16.32).
Vanderlei Faria