domingo, 27 de março de 2011

A FÉ DOS BASTIDORES

Quando Jesus estava experimentando o sacrifício da cruz, as dores físicas e emocionais eram por demais dolorosas e cruéis. A multidão e a religião O agrediam física, emocional e moralmente. A impiedade humana se apresentava de forma avassaladora e vil, descarregando sobre o Santo de Deus como que uma avalanche de agressividade; demonstrando, assim, toda a ignorância e cegueira espiritual da raça humana. Na cruz o Filho de Deus vertia Seu sangue puro e santo, sentia a dor da solidão e do abandono de Seus amigos e parentes, e, sobretudo, o abandono do Pai. Sua alma sangrava tanto quanto o Seu corpo, ferido pelos nossos pecados. E no auge de sua agonia e dor, o diabo colocou na boca daquela turba ignorante e cega espiritualmente as palavras de escárnio e zombaria, relatadas por Mateus.[1] Entre tantas ofensas dirigidas ao Cordeiro de Deus, saltam aos nossos olhos estas palavras: “Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se, de fato, lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus” (Mt 27.43). Hoje, quando sinto n’alma o sussurrar do inferno a zombar de minha fé e confiança no Senhor em tempos de crise, tristeza e solidão; sou encorajado pelo silêncio de meu Senhor na cruz diante do escárnio e zombaria de uma multidão ignorante e má. Mas, sobretudo, sou encorajado pela vitória da cruz: a ressurreição e aparição do Senhor ressurreto. A presença de Jesus conosco e em nós, traz-nos consolo, paz, alegria e esperança eterna. Sim, prezado irmão, Deus quer renovar a nossa esperança hoje também! Deus quer que eu e você experimentemos a graça de vivermos pela fé em Cristo Jesus. Ou seja, quando perseveramos em oração, estamos dizendo ao Senhor que cremos em Sua Palavra. Dessa forma talvez possamos contribuir para a edificação e salvação de pessoas queridas, as quais de outra forma não seriam atingidas em sua sensibilidade. Além disso, precisamos saber que o nosso sofrimento está estimulando alguém a orar e falar sobre o evangelho de Cristo. Somente quando conseguimos aplicar os princípios, as lições bíblicas, à nossa vida é que entendemos de fato a Palavra de Deus. Essa é a fé dos bastidores, quando homens e mulheres de Deus saem por esse mundo a fora “andando e chorando”, enquanto semeiam a semente santa do genuíno evangelho de Cristo e o poder que “se aperfeiçoa na fraqueza”. Esse é o tipo de fé que persevera, a despeito do sofrimento e não pelo fato de apresentar muitas bênçãos e curas físicas. Sim, esse é o tipo de fé que mantém firme os cristãos pertencentes à igreja perseguida, a qual subsiste, literalmente, no submundo social em muitos países do mundo. Cristãos anônimos e, muitas vezes, agonizantes devido às afrontas, escárnios, zombaria e todo tipo de “espinhos na carne”, por amor a Cristo. Positivamente, essa fé incomoda a religião de shows, não faz o gosto da maioria, não produz adeptos interesseiros, não agrada aos admiradores dos shows da fé. Essa é a fé autêntica dos bastidores do cristianismo popular. É a fé daqueles que, a despeito da humilhação que o próprio Deus lhes permite suportar, são fortalecidos sobremaneira, a ponto de até mesmo sentirem alegria e contentamento nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias. Esta é a fé no Autor da fé, o qual nasceu numa estrebaria, completamente distante e alheio aos holofotes e badalações da mídia religiosa; o qual viveu a maior parte de Sua vida em completo anonimato e morreu longe dos aplausos e honrarias populares. A única vez que foi aclamado pela multidão,[2] foi motivo de censura e perseguição da parte dos religiosos de Seu tempo. Mas o Senhor não Se intimidou por suas críticas e ameaças, como também não Se deixou envolver com os aplausos populares. Ao contrário, diz a Bíblia que Jesus chorou ao chegar à cidade de Jerusalém e proferiu uma pungente profecia sobre ela.[3] Quantas vezes nos deparamos com dificuldades, problemas intransponíveis, insolúveis aos nossos olhos, no mar da vida! Sentimo-nos distantes de Jesus... Nesses momentos, vale a pena nos lembrarmos de que a presença de Jesus sobre o mar não só acalmou os corações dos discípulos, como nos faz pensar que Ele deseja, quer mesmo, nos transportar sobre as ondas, sempre. Todas essas coisas serão banidas para sempre. Nossa luta não é contra a carne e sangue; por isso, não devemos temer os que matam o corpo e depois disso nada mais podem fazer, antes temer Àquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno.[4] Na vida secular diária, em meio às circunstâncias adversas, demonstramos a convicção de que o Senhor está conosco? Em meio às ondas turbulentas e à nossa carência material, afetiva, quando parece que estamos naufragando no mar da vida, podemos nos regozijar com o fato de entendermos que o Senhor continua ao nosso lado a despeito dos ventos contrários? Lembramo-nos da providência e provisão divina dos dias passados? Podemos exercer o autocontrole e a tranquilidade, quando todos ao nosso redor nos vêem como fracassados, infelizes e derrotados? Continuamos crendo que não estamos navegando à deriva, sem direção, sem rumo, sem destino? Podemos continuar crendo que jamais ficaremos abandonados, sem a provisão divina em meio às tempestades e às turbulências da vida cotidiana, rompendo em fé na certeza de que as tempestades da vida são oportunidades ou degraus através dos quais exercitamos a nossa fé? O diabo continua sussurrando aos nossos ouvidos, de uma forma velada ou claramente, através dos lábios de parentes, amigos e inimigos, declarados ou não, no dia da angústia e depressão, em momentos de penumbra e solidão, essas palavras inspiradas no mais profundo do inferno. Para nos fazer sentir derrotados, vencidos e completamente frustrados com Deus e com o fato de termos a Ele confiado os nossos dias e vida. São aqueles momentos desalentadores, sombrios, quando tudo e todos ao nosso redor parecem conspirar contra nós. Quando tudo de mal parece convergir sobre nossa cabeça. Nada dá certo. Nossas finanças ficam abaladas, a saúde definha, os amigos desaparecem, se esquecem de nós (até porque eles também estão enfrentando situações semelhantes)... Somos alvo de críticas, perseguições, incompreensões e zombaria. A morte se nos apresenta inexorável e maquiavélica. O mundo se alegra ao nosso redor, zombando de nossa fé, de nossa piedade e confiança no Senhor, enquanto nós choramos e gememos.[5] Ao nosso redor, bem próximo de nós, sentimos como se fora o próprio hálito de Satanás a nos dizer essas palavras: “Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se, de fato, lhe quer bem”. Mas, assim como as mulheres que foram ao sepulcro naquela manhã de domingo e ouviram da boca do Senhor ressurreto aquelas palavras de consolação e conforto – NÃO TEMAIS!; também somos confortados e encorajados com essas palavras do Filho de Deus em tais circunstâncias. Vanderlei Faria pastorvanderleifaria@yahoo.com.br [1] Mateus 27.39-44 [2] Lc 19.28-40 [3] Lucas 19.41-44 [4] Lucas12.5 [5] João 16.20

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