Marcos (12.28-34) descreve um encontro de Jesus com um intérprete da lei, um escriba  fariseu; o qual se aproximou de Jesus  com o propósito de testá-Lo. Suas palavras demonstram  uma altivez arrogante e  muita prepotência; sem qualquer respeito  e  consideração  para com o Senhor Jesus.
Era a postura costumeira de quem olha para o seu interlocutor como que  examinando um candidato ao ministério da pregação do evangelho. Um “doutor” em teologia, um religioso que se deleitava com os  acalorados debates sobre os detalhes da lei mosaica e suas  inúmeras  interpretações e acréscimos, algo  comum às seitas heréticas. sobrecarregando e sufocando  as pessoas com suas  rigorosas e pesadas exigências, sem  um mínimo de  compaixão e misericórdia. Para os quais Jesus fez também  tremendas  repreensões e previsões. Mateus cita oito pronunciamentos de Jesus, começando com a frase “ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas” (Mt 23.13-36); culminando com  uma frase das mais contundentes:  “Serpentes, raças de  víboras! Como  escapareis da condenação do inferno” (Mt 23.33). Eram homens  implacáveis na exigência da observância da lei cerimonial (como fazem  algumas seitas atualmente), legalista. Impiedosos, julgavam as pessoas  arbitrariamente, pois tinham  autoridade política e  jurídica para condenar as pessoas conforme  as suas  interpretação.
No texto que estamos estudando, depois de  responder ao questionamento de um desses escribas, Jesus fez-lhe uma  marcante  declaração: “Não estais longe do  reino de Deus” (Mc 12.34).  Ou seja, você está perto do reino, mas ainda sem a  posse dele; sem a garantia de entrar no reino de  Deus. Perto do reino, mas sem salvação! Vejamos porque  Jesus fez tal afirmativa.
Primeiro, não estava longe do reino porque ele tinha a  oportunidade de  se encontrar com Jesus e ouvi-Lo atenciosamente – v. 28a
Até mesmo reconheceu que Jesus havia respondido aos seus colegas religiosos com sabedoria e  acertadamente, conforme a sua  interpretação teológica. Em sua  “sapiência” farisaica, observou que Jesus estava se saindo  muito bem diante do interrogatório a que fora  submetido por seus  diletos colegas... 
Esse homem nos faz pensar nas diversas pessoas que gostam de discutir religião, sobre as vantagens de  se pertencer a determinadas seitas, ou denominações; se exaltam na defesa de seus pontos de vistas  teológicos e  doutrinários... E, no entanto, apesar de toda  cultura bíblica alardeada,  continuam caminhando para a eternidade sem Deus, sem a salvação em Cristo Jesus; não demonstrando com seus atos e palavras qualquer intimidade com Cristo, e nenhuma  misericórdia para com o sofrimento alheio. Apenas acirradas críticas e censuras, sem amor e compaixão em seus corações.
Em segundo lugar, não estava longe do reino porque teve a oportunidade de  interrogar a Jesus, tirar dúvidas, conhecê-Lo pessoalmente 
Diz o texto que  além de aprovar as palavras do Mestre divino, ele também  procurou questionar a Jesus, talvez esperando ouvir alguma contradição ou algo que pudesse  compromete-Lo publicamente (v.28b). Este homem é  um autêntico representante de todos os religiosos; os quais fazem de tudo para  conseguir mais adeptos, ou prosélitos, para melhor divulgarem suas  igrejas e denominações. Sem qualquer compromisso com a verdade e a misericórdia divina e sem qualquer  preocupação com o reino de  Deus. Nem mesmo se importam em assegurar-se da salvação de suas próprias almas, muito menos daqueles a quem pretendem extorquir  e manipular com seus  próprios argumentos e pretensa sabedoria  teológica. Aí, cada  qual procura oferecer mais  vantagens às suas concorridas “ovelhas”, ou vítimas. É um Super Mercado de ofertas de bênçãos de toda sorte para esta vida; é  oferta de  vitória sobre todo tipo de encostos; é sucesso e  prosperidade financeira, saúde de ferro e o céu na terra. Não há mal  que os resista; não há limite para as suas promessas!!!
Em terceiro lugar, ele não estava longe do  reino porque era professor de Bíblia e demonstrou concordar com o ensino de Jesus
Até mesmo fez um elogio ao Senhor: “Muito bem, Mestre!” Como que a dizer-Lhe: “É isso aí Cara! Você está  aprovado em  Sua  teologia, acertou mais uma vez. Ótimo, parabéns por suas  respostas, gostei muito!”  Apesar de toda empáfia, continuou apenas perto do reino.  Contentava-se com seus  dogmas e doutrinas  religiosas, seus conceitos e preconceitos sobre  Deus e o Seu reino. Não se humilhou diante do Salvador, não se arrependeu de seus pecados, não foi salvo por  Cristo. Não entrou no  reino, apesar de chegar tão perto. Como escreveu o apóstolo Pedro:  “Esses tais são como fonte sem água, como névoas impelidas por temporal. Para eles está reservada a negridão das trevas; porquanto, proferindo palavras jactanciosas de vaidade, engodam com paixões carnais, por suas libertinagens, aqueles que estavam prestes a fugir dos que andam no erro, prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção, pois aquele que é vencido fica escravo do vencedor. 
Portanto, se, depois de terem escapado das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro. Pois melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo mandamento que lhes fora dado. Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal”  (2Pe 2.17-22). Como disse Jesus, eles não estão longe do reino de  Deus porque  falam sobre o céu, usam a  Bíblia  Sagrada como  base para suas heresias. Falam sobre o reino e até  prometem as bênçãos do reino aqui na terra. Contudo, continuam apenas perto do reino, mas  sem salvação, sem a plena comunhão com Deus através de  Jesus  Cristo; correndo  o risco de ouvirem no dia do juízo as duras palavras a serem proferidos pelo Senhor: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.  Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (Mt 7.21-23).
Que tragédia! Que lástima, chegar tão próximo de obter o maior tesouro, a vida  plena com  Deus, e perdê-lo para sempre! Aquele homem  contentou-se com seus conhecimentos teológicos. Sabia muito sobre Deus, sobre o ensino religioso nas escolas e  sinagogas; era um mestre  em religião, mas não conhecia Deus pessoalmente o Mestre por  excelência, não foi salvo, porque  o próprio Senhor Jesus afirmou: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17.3). Ele não conhecia  nem reconhecia  Jesus como  único e suficiente  Salvador. Foi para eternidade sem  Cristo e sem salvação, apesar de toda a sua religiosidade.
Que tristeza e que  decepção para alguém como ele ao chegar diante do tribunal de Cristo após a morte! Que isto nos  faça pensar em nossa própria   situação: Estamos nos contentando apenas  com o fato de sermos religiosos, freqüentadores de igreja, líderes e professores da  Escola Bíblica  Dominical, ou mesmo ensinando em  Seminários  cristãos; porém, vivendo apenas perto do reino, mas sem salvação? Nos contentamos em receber mensagens bíblicas de conforto e fazermos parte de uma família cristã? Ou já  nos asseguramos de nossa entrada no reino de Deus e queremos desenvolver cada vez mais  nossa intimidade e comunhão com o Senhor da Glória?  Pensemos seriamente nisto, enquanto há tempo!
Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
www.mananciaisdevida.blogspot.com
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