O texto de Lucas 2:8-21 faz-me lembrar de
um Natal de minha infância; o que poderia chamar de Meu Natal
Inesquecível. Eu tinha cerca de nove anos apenas. Nossa família, apesar de
pobre, era unida, alegre e bem equilibrada de um modo geral. Meu pai era
agricultor; um pequeno sitiante que saíra da cidade grande (Volta Redonda, RJ),
fugindo da poluição e da agitação comercial. Meus irmãos e eu (cinco até então)
pouco fazíamos para ajudar na manutenção da casa. Minha mãe, ao contrário,
trabalhava duro lavando roupas para ajudar no suprimento do orçamento
doméstico.
Naquela noite de Natal haveria, como de
costume, a programação festiva em nossa casa, onde se reunia a
congregação da Igreja.
Enquanto aguardávamos o início do culto especial de Natal, um coleguinha pôs-se
a choramingar e resmungar ao meu lado.
Procurei saber o motivo do seu descontentamento. E ele
então começou a maldizer suas botas novas, por estarem apertando seus
pés. Com toda humildade própria de uma criança, perguntei-lhe: "Quer
trocar com os meus sapatos? Eles não machucam!" Imediatamente ele parou de
chorar. Enxugou as lágrimas, e, verificando as péssimas condições das minhas
sandálias (Alpargatas Rodas), velhas, rasgadas, furadas e desfiguradas,
disse-me sem pestanejar: "Não precisa, já parou de doer!" Desde
então, muitos natais já se passaram, porém, não posso esquecer daquele Natal de
minha infância. Sempre que sou tentado a lamentar e angustiar-me, devido
aos "sapatos velhos" que a vida me proporciona, lembro-me daquele
inesquecível Natal.
Naquele Natal de minha infância, apesar dos meus
sapatos velhos, rotos, eu era feliz; sentia-me feliz. Estava envolvido,
impregnado do verdadeiro sentimento natalino: paz no coração e alegria na
alma! Havia entre nós uma preocupação maior e mais vibrante do que comer,
beber e vestir roupas novas: Jesus Cristo, Paz na Terra entre os homens que de
boa vontade O recebem em seus corações. Eu queria saber, conhecer melhor a fascinante
história do Menino pobre que se tornara Rei dos reis. Queria
saber o significado mais profundo de toda aquela linda história. E, mais ainda,
o que isso tudo tinha a ver com todos os meninos pobres e rejeitados de
minha terra.
Inesquecível
Natal! Faz-me pensar e considerar que preciso continuar lutando, e crendo
sempre. Preciso enfrentar a vida. Lutar muito, continuar a caminhada, sabendo
que não estou sozinho. Jamais estarei só. Porque Jesus, o Rei dos reis, o
Filho do Deus Altíssimo está comigo, sempre e eternamente. Ainda que venham as
tempestades e calamidades, Ele comigo estará, sempre. Posso confiar em Suas
palavras: "Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós" (Jo 14.18).
Hoje, aquela cena inesquecível de minha infância
faz-me compreender melhor a grande e preciosa experiência dos pastores de
Belém.
Sem dúvida alguma,
a mensagem do nascimento do Filho de Deus na Terra, estaria para
sempre impregnada indelevelmente naqueles corações humildes e cansados:
Jesus nascera em Belém, e eles haveriam de ser as primeiras testemunhas
oculares do maior milagre ocorrido no mundo: Deus na Terra, paz conosco!
Agora posso entender o verdadeiro sentido do
Natal de Jesus: É a verdadeira vida abundante, para todos quantos nEle
crêem. Aprendi, então, que Natal é Paz real. É sentir paz mesmo! E
que isso não quer dizer apenas ausência dos problemas externos. É não
temer o presente de secas e enchentes, geadas, furacões ou vendavais. Não temer
o futuro certo ou incerto. Não temer a morte e a eternidade. E isso sim é que
significa VIDA MAGISTRAL! É viver em paz aqui na Terra e continuar em
paz para a eternidade. Amém.
Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário