sábado, 10 de agosto de 2013

ABA, PAI


 

“Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus...” (Mt  6.9a).

 

Pai, quanto emoção  sentimos quando nos damos conta de que fomos agraciados com o dom da paternidade, e, naturalmente, também da maternidade! Guardo ainda na lembrança a forte emoção que senti quando do nascimento de meu primogênito, Vander. Depois de tomá-lo nos braços e apertá-lo bem junto do coração, eu não conseguia me conter de alegria, dizendo para mim mesmo: “É incrível, eu sou pai!”

Quando deixei  o hospital naquele dia, entrei em meu fusquinha e saí como um doido, passando pelas casas dos irmãos da igreja para comunicar-lhes o fato. E justamente eu que achava ridícula a atitude eufórica dos pais ao comunicarem o nascimento de seus filhos. Enfim, chegou a minha vez! Essa emoção foi  se repetindo com a chegada das filhas, Vanice e Vanessa. Agora, acrescido de uma preocupação a mais: “Estaria eu preparado para criar filhas?”
 
A verdade é que não estava preparado convenientemente nem para criar o filho, quanto mais as filhas. O fato é que sentia-me, como ainda me sinto, profundamente privilegiado pelo dom da paternidade, que graciosamente me foi concedido pelo Pai celestial. Com o tempo, porém, cheguei à conclusão de que o maior privilégio continua sendo o fato de sermos filhos. Como disse um saudoso amigo, Dr. Jacy Leite, dias antes de sua morte: “Fico feliz em pensar que vou morar para sempre num lugar onde jamais serei pai, somente filho”.

Naturalmente, ele se referia ao fato de que ia para o céu e não teria mais nenhuma preocupação de cuidar de filhos. O nome Pai, em  referência a Deus, é muito caro a nós. É um nome extremamente carinhoso que nos traz muito conforto. Jesus nos ensinou a chamar  Deus de “nosso Pai”. Todavia, o uso  que fazemos desse nome não tem a mesma  conotação que tem para Jesus. Para Ele é uma questão de essência, pois o Filho é da mesma natureza do Pai. É ímpar o uso que Jesus faz desse nome, pois Deus é nosso Pai numa conotação bem diferente. Por causa da nossa salvação é que podemos chamar Deus de Pai. Em amor, Deus nos adotou como  Seus filhos. Todavia, Jesus fez  questão de dizer que Deus era “meu Pai e vosso Pai.”

Em Gl 4.1-7, Paulo usa duas expressões para  “pai”, uma grega (Páter) e a outra aramaica (Abba). Essas expressões, como usadas por Paulo, possuem  uma conotação de ternura, docilidade e proximidade de um pai com seus filhos. Nesses versos, Paulo ensina que entramos no estado de filiação pela obra  de Cristo, que assegura a nós o recebimento do Espírito do Filho. Esse Espírito é que nos faz chamar  por esse Abba tão terno e bondoso (v.6).
 
Como consequência dessa filiação, Deus nos faz Seus herdeiros (v.7), tornando-nos participantes de  todas as coisas que um Pai cheio de  ternura concede aos seus filhos. Oh, bendita  consolação, temos um Pai no céu! Um Pai amigo e compassivo,  que nos aconchega, nos sustenta, nos anima e nos dá força e coragem em meio aos desalentos e às tempestades da vida! Ele cuida de nós com terno e profundo amor.  “Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus...” (Mt  6.9a).

Podemos dizer que, sem dúvida alguma, este é o maior privilégio da vida cristã, sermos chamados de filhos de Deus.

Você sabe o que significa ter um Pai amoroso, terno, todo poderoso, o Senhor do Universo, o Deus de misericórdia?  O Pai celeste, com quem podemos falar a todo  momento, apresentando-Lhe os nossos conflitos mais íntimos, nossos problemas, temores  e rancores? Você conhece esse Pai? 

Meu amigo, Deus o reconhece como  necessitado de Seu grande  e sublime amor, apesar de seu  estado  pecaminoso. É Ele mesmo quem toma a iniciativa de buscá-lo de volta,   quando você  reconhece  que não  tem valor  algum e que nada pode fazer se não confiar na graça de Cristo está evidenciando a manifestação da graça de Deus em sua vida, tornando-o inteiramente dependente dEle, como  filho  atraído pelo amor do pai. 
Você pode ficar a vida toda correndo atrás de bênçãos paliativas, e ainda assim não sentirá que é o bastante para suprir os anseios de sua alma. Mas quando  Deus o atrai por meio da graça de  Cristo, então sentir-se-á seguro, na certeza de que a graça  de Cristo lhe basta. Por isso Paulo vai dizer: "Meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir cada uma de vossas  necessidades" (Fl 4.19). Isto é graça. É a manifestação do amor de Deus, através de Cristo, que nos consola e nos dá  o suprimento para viver e lutar, na certeza de  que Ele é fiel e suficiente para nos  sustentar nesse mundo tenebroso. Deus é o nosso Pai amigo!

pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

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