“Restaura, SENHOR, a
nossa sorte, como as torrentes no Neguebe” (Sl 126.4).
Aparentemente este verso é uma
contradição com o que temos considerando até aqui. Entretanto, o que o salmista
está pedindo a Deus em sua oração é algo que diz respeito a todos nós
também. Ou seja, embora tenhamos confiança e segurança de nossa salvação,
baseados na fidelidade do Senhor e não na nossa, também somos
motivados e desafiados a estarmos permanentemente desejando
o crescimento. Pedindo e buscando
ardorosamente a purificação dos nossos pecados e a edificação de nossas vidas.
Isaías iniciou seu ministério profético de forma contundente e
agressiva, proferindo nove ais
contra as diversas nações que se achavam em rebelião contra Deus. Naturalmente
que são advertências para o povo de Deus
de todos os tempos e lugares. Porém, apesar da relevância da mensagem
profética proferida por Isaías nesses versos iniciais de seu livro, o que fez
dele o mensageiro de Deus amado e respeitado por todas as gerações foi o
impacto de sua experiência com Deus:
“No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor
assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o
templo. Serafins estavam por cima dele;
cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e
com duas voava. E clamavam uns para os
outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está
cheia da sua glória. As bases do limiar
se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então, disse eu:
ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de
um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos! Então, um dos serafins voou para mim,
trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis
que ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu
pecado. Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem
há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.1-8).
Até então o profeta apresentava a mensagem
divina com precisão contundente, como um atirador de elite descarregando sua
metralhadora de forma impiedosa e certeira. Contudo, quando ele contemplou a
santidade e majestade divina em sua plenitude, caiu por terra toda a sua
altivez. Quando ele se deu conta de que estava diante de um Deus santo, quando
conheceu um pouco mais da grandeza e sublimidade do Deus de quem era um simples mensageiro, então sentiu toda
miséria e indignidade de sua condição de pecador. Foi quando proferiu o ai
que mudou a sensibilidade de seu coração
na transmissão da mensagem salvadora do amor de Deus. Deus, então, perdoou os
seus pecados e transformou seu coração. Só então ele ouviu de fato a voz de
Deus e se colocou à disposição do Senhor para
cumprir o seu ministério profético.
Quanto menos crescimento espiritual temos mais
prepotentes nos mostramos. Quanto mais sensibilidade da glória de Deus tivermos, mais
sensibilidade de nossas miséria interior
teremos. Enquanto não vemos a glória de Deus, a majestade santa da Trindade divina, não conseguimos ver a nós
mesmos em nossa profunda miséria espiritual. Aí o crente não é conduzido a pensar dessa forma: Ai de mim!
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