“Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros” (Jo
14.18).
Você já experimentou o sentimento de orfandade? Não me
refiro apenas aos órfãos de pais e/ou
mães; ou aos órfãos de pais vivos, distantes, irresponsáveis; mas, sim, ao
sentimento de não ter com quem dividir,
compartilhar as nossas emoções, dúvidas, tristezas, frustrações, expectativas e
mágoas. Quando nos sentimos solitários e abandonados, ainda que cercados por
muitos. Muitos que estão mais preocupados com suas próprias necessidades; ou em
ostentar vitórias, bênçãos espirituais e materiais, suas realizações e
conquistas...
Dorothy Sayers disse:
“Seja qual for o motivo pelo qual Deus
resolveu fazer o homem como ele é, limitado, sofredor e sujeito a
tristezas e morte, ele teve a honestidade e a coragem de tornar-se também
homem. Seja qual for o seu plano para
com a sua criação, ele cumpriu as suas próprias regras e foi justo. Nada
exigirá do homem, que não tenha exigido de si mesmo. Ele próprio sofreu toda a
gama da experiência humana, desde as irritações triviais da vida em família,
desde as restrições constrangedoras do
trabalho pesado, desde a falta de
dinheiro até os piores horrores da dor e da humilhação, derrota,
desespero e morte. Quando ele foi homem, agiu como homem. Ele nasceu na pobreza
e morreu na desgraça, e achou que valeu a pena”.
Sentimo-nos órfãos quando nos achamos cercados de pessoas (mesmo entre
familiares ou amigos mais chegados) que apenas conseguem entender e dialogar
sobre trivialidades, futilidades do dia a dia. Coisas formais, fatos
corriqueiros, bisbilhotices da vida alheia, amenidades que não requerem
reflexão.
Sentimo-nos órfãos quando nos
tornamos dependentes daqueles que nos cercam, e, de repente, eles nos faltam,
nos abandonam, se vão inexoravelmente. Quando não sabemos o que fazer, o que
pensar, quando ficamos a sós.
Enfim, sentimo-nos órfãos quando nos tornamos
descartáveis, inúteis, sem serventia, como um produto de validade vencida.
Principalmente quando reconhecemos nosso
valor e potencial e percebemos que
ninguém ao nosso redor consegue ver em nós qualquer importância ou
valor. Sentimo-nos nulos, insignificantes e indesejáveis; como um cão morto em
porta de restaurante. Mas, para os que confiam no Senhor Jesus, e em Sua
Palavra santa, há, sim, uma boa notícia, uma nova esperança: “voltarei para vós outros”! Amém.
Vanderlei Faria
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