E PORQUE NÃO PEDIR?
“Oh! Que me abençoe”!
Você está num retiro espiritual nas montanhas junto com outras
pessoas que desejam experimentar uma vida cristã mais plena. Durante o retiro,
cada participante tem tido acesso a um mentor pessoal. O seu mentor está na
casa dos setenta anos e tem influenciado pessoas por mais longo tempo do que os
anos que você tem de vida.
A caminho do banheiro no primeiro dia pela manhã, você passa
diante do quarto de seu mentor. A porta está entreaberta e ele acabou de se
ajoelhar para orar. Você não resiste e pensa: Como é que um gigante na fé
começa suas orações?
Pára por um instante e chega mais perto. Será que ele vai orar
por um reavivamento espiritual? Pelos famintos ao redor do mundo? Será que ele
vai orar por você? Mas o que ouve é a seguinte oração: “Ó Senhor, a primeira
coisa que te peço esta manhã pe que abençoes... a mim”! Chocado diante de uma oração egoísta como
esta, você segue para o chuveiro. Porém, enquanto ajusta a temperatura da água,
um pensamento lhe sobrevém. É tão óbvio que você se surpreende por não ter
pensado nisto antes: Os grandes homens de fé tem uma maneira de pensar
diferente da nossa.
Depois de se trocar e se preparar para o café, você já está
convencido. A razão pela qual homens e mulheres de fé se destacam do resto é
que eles pensam e oram de maneira diferente daqueles que o cercam. Será
possível que Deus queira que você seja mais “egoísta” em suas orações? Que você
peça mais – e cada vez mais – em suas orações? Conheço muita gente na Igreja –
cristãos sinceros – que crêem que pensar assim é um sinal de imaturidade. Acham
que parecerão mal-educados ou gananciosos se pedirem mais bênçãos a Deus.
Talvez você também pense assim. Se for este o seu caso, quero mostrar-lhe que
tal oração não é a atitude egoísta que parece ser, mais uma postura altamente
espiritual, uma que nosso Pai Celestial deseja muito ouvir de você.
Primeiramente vamos olhar de perto a história de Jabez:
Ganhos em vez de perdas!
Até onde sabemos, Jabez viveu no reino do sul, Israel, depois da
conquista de Canaã, e durante o tempo dos juízes. Ele nasceu na tribo de Judá,
tornando-se finalmente um notável líder de seu clã. Na realidade, porém, sua
trajetória começa com seu nome: “Sua mãe chamou-lhe Jabez, dizendo: Porque com
dores o dei a luz”.
A palavra hebraica “Jabez” significa “dor”. Uma tradução mais
literal poderia ser: “ele causa (ou causará) dores”. Isto não parece apontar
para um futuro muito promissor, não é? Todos os bebês chegam provocando uma
certa intensidade de dor, mas o nascimento de Jabez teve alguma coisa fora do
comum – tanto que sua mãe foi capaz de mencionar o fato no próprio nome de seu
filho. Porque? A gravidez ou o parto podem ter sido traumáticos. Talvez ele
tenha nascido sentado. Ou talvez a dor de sua mãe tenha sido emocional – o pai
pode tê-la abandonado durante a gravidez; pode ter morrido; a família pode ter
entrado numa situação financeira tal que a perspectiva de criar outro filho
trouxe apenas medo e preocupação. Somente Deus sabe com certeza o que causou a
dor daquela mãe angustiada. Não que isso tenha feito tanto diferença para o
jovem Jabez. Ele cresceu com um nome que todo garoto odiaria. Imagine passar a
infância suportando a gozação dos meninos mais fortes, lembrar diariamente que
sua chegada não foi bem vinda e sentir vergonha por ter um nome esquisito. No
entanto, o fardo mais pesado do nome de Jabez era como este nome definiria o
seu futuro. Nos tempos bíblicos, um homem e seu nome estavam a tal ponto
relacionados que a expressão “apagar o nome da terra”, equivalia a matar tal
pessoa. O nome era freqüentemente tomado como um desejo ou uma profecia para o
futuro daquela criança. Jacó, por exemplo, quer dizer “suplantador”, nome muito
apropriado para o patriarca maquinador.
Noemi e seu marido colocaram em seus filhos os nomes de Malom e
Quilom, que significa “franzino” e “debilitado” . E exatamente assim eram eles.
Ambos morreram ainda jovens. Salomão significa “paz” e fazendo jus ao seu nome,
tornou-se o primeiro rei de Israel a reinar sem precisar ir à guerra. Um nome
que significava “dor” não era um bom presságio para o futuro de Jabez. Apesar
de suas poucas perspectivas, Jabez descobriu uma saída. Ele cresceu ouvindo
sobre o Deus de Israel que havia libertado seus ancestrais da escravidão, que
os resgatara de poderosos inimigos e os colocara numa terra de fartura. Já
adulto, Jabez acreditava e confiava piamente neste Deus de milagres e de novos
começos. Então porque não pedir por um? Foi isso o que ele fez. Orou e formulou
o maior e o mais inimaginável pedido: “Oh! Que me abençoes”.
Gosto da urgência e da vulnerabilidade pessoal deste apelo. Uma
tradução mais literal do hebraico seria: “Abençoe-me muito mesmo”! Seria como
acrescentar cinco pontos de exclamação ao pedido ou mesmo escreve-lo em letras
garrafais sublinhadas.
Lá no fundo de minha mente imagino Jabez em pé diante de um
imenso portão, fixado a dois muros, cuja altura alcança os céus. Oprimido pelo
peso da tristeza de seu passado e da melancolia de seu presente, a única coisa
que ele consegue ver diante de si é a impossibilidade – um final nada feliz.
Porém, levantando suas mãos aos céus, ele clama: “Pai, meu Pai! Por favor abençoa-me!
E Senhor, quero pedir-te que me abençoes... muito”! Logo após a última palavra
inicia-se a transformação. Ele ouve um forte estalo. Depois, o ranger das
dobradiças, enquanto o imenso portão começa a se afastar dele, abrindo-se num
enorme arco. Ali estendendo-se até o horizonte, estão os campos repletos de
bênçãos. E Jabez dá o passo inicial rumo a uma nova vida.
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