“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”
7. Vemos aqui o verdadeiro refúgio do coração.
Se a elocução final do Salvador expressa a oração dos
cristãos às portas da morte, ela mostra que grande valor eles colocam em seus
espíritos. O espírito interior é o tesouro precioso, e nossa principal
solicitude e nosso maior cuidado é vê-lo guardado em mãos seguras. “Pai, nas
tuas mãos entrego o meu espírito”.
Tais palavras então podem ser tomadas para
expressar a atenção dada pelo crente à sua alma, para que ela possa estar
segura, o que sempre acontece com o corpo. O santo de Deus que se aproxima da
morte exercita poucos pensamentos acerca de seu corpo, onde ele será posto, ou
como o disporão dele; ele confia-o às mãos de seus amigos.
Porém, como seu
cuidado desde o começo é com sua alma, assim ele pensa então nela, e com seu
último suspiro a entrega à custódia divina. Não é: “Senhor Jesus, receba meu
corpo, cuide do meu pó”; mas: “Senhor Jesus, receba meu espírito” — Senhor,
proteja a jóia quando o cofre estiver quebrado.
E agora uma breve palavra de apelo para concluir. Meu amigo,
você está em um mundo que é cheio de problemas. Você não é capaz de cuidar de
si mesmo em vida, muito menos o será na morte. A vida tem muitas provações e
tentações. Sua alma é ameaçada dos dois lados. Em toda direção há perigos e
armadilhas.
O mundo, a carne e o diabo entraram em combinação contra você. Aqui
está então o farol de luz em meio às trevas. Aqui está o porto de abrigo em
todas as tempestades. Aqui está o bendito pálio que protege de todos os dardos
inflamados do maligno.
Graças a Deus que há um refúgio para os vendavais da
vida e para os terrores da morte — a mão do Pai — o verdadeiro céu do coração.