sábado, 26 de abril de 2008

Convocado Para Sofrer

João Batista estava preso por causa de sua intrépida pregação acusando o pecado de Herodes (Mt 14.3-4). Exercia seu ministério de precursor de Jesus com muita seriedade e destemor. Não tinha casa própria, não morava em palacete, não usufruía dos privilégios sociais de seu tempo, não fazia “média” com os políticos poderosos de seu tempo. Pelo contrário, não compactuava com o pecado; apontava com extrema coragem e franqueza a deterioração moral e o pecado das autoridades: Mt 3:7-12. Ou seja, exercia o ministério, para o qual Deus o convocou, com qualidade total. Mas agora, em conseqüência à sua postura destemida e até mesmo “atrevida”, estava encarcerado, desprezado e desprovido dos mínimos recursos para o conforto material, chegando a ser covardemente morto.

A julgá-lo de acordo com a “teologia“ modernista, que tipo de profeta foi João Batista? Seria, certamente, considerado um homem fracassado; visto que fora colocado no cárcere e morto, em conseqüência direta de sua atuação como pregador do evangelho de Cristo Jesus.

Diz o texto que “João no cárcere ouviu falar das obras de Cristo” (Mt 11.2). Apenas ouviu falar de Jesus, de quem ele era um representante, conhecia por certo todas as agruras porque passara, conhecia a situação ruim e perigosa em que se encontrava. Chegou até mesmo a promover a sua pessoa, reconhecendo seu valor como “mais que profeta” (Mt 11.9). Porém, Aquele que era o seu herói, Senhor e Rei, não fora visitá-lo na prisão, e nada fizera para impedir o seu sacrifício. Não houve qualquer reação explícita da parte de Jesus para visitá-lo ou para tirá-lo da prisão. Nem mesmo algum tipo de apelo, ou exortação, às autoridades, no sentido de libertá-lo. E João foi brutalmente assassinado... Teria compensado seu rigor doutrinário e sua coragem para desaprovar o erro e o pecado alheio? Não teria sido em vão sua dedicação, seu preparo e disciplina pessoal, chegando a um fim tão trágico e prematuro? O que teriam pensado os religiosos de seu tempo? Qual a nota que se daria hoje para tal ministério? Qual seria a sua cotação pastoral? Qual a Igreja, hoje, que o convidaria para exercer seu ministério? Enfim, não teria sido João um grande fracassado? Qual o julgamento que se faz a respeito de obreiros que, depois de longos anos de trabalho árduo e dedicado à obra do Senhor, chegam ao fim de seus dias sem um teto para morar, sem dinheiro e sem fama?

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