quarta-feira, 30 de abril de 2008

Encontro Marcado

_ “Então, Jacó teve medo e se perturbou; dividiu em dois bandos o povo que com ele estava, e os rebanhos, e os bois, e os camelos. Pois disse: Se vier Esaú a um bando e o ferir, o outro bando escapará. E orou Jacó: Deus de meu pai Abraão e Deus de meu pai Isaque, ó SENHOR, que me disseste: Torna à tua terra e à tua parentela, e te farei bem; sou indigno de todas as misericórdias e de toda a fidelidade que tens usado para com teu servo; pois com apenas o meu cajado atravessei este Jordão; já agora sou dois bandos. Livra-me das mãos de meu irmão Esaú, porque eu o temo, para que não venha ele matar-me e as mães com os filhos. E disseste: Certamente eu te farei bem e dar-te-ei a descendência como a areia do mar, que, pela multidão, não se pode contar” (Gn 32.9-12).

Jacó, diante do terrível desafio de encontrar-se com seu desafeto, o irmão a quem havia humilhado e tripudiado, o irmão de quem havia usurpado a bênção da primogenitura, “então, Jacó teve medo e se perturbou”. Embora essa fosse uma promessa divina antes mesmo de seu nascimento, não fora essa a forma estabelecida por Deus para ele adquirir tal bênção. Com toda a certeza, Deus haveria de prover os meios e as condições para que ele tomasse posse da promessa, e não por meio da desonestidade do tipo jeitinho brasileiro.

Tendo seu passado conturbado diante de si, Jacó tremeu e temeu desesperadamente diante desse inevitável compromisso. Se houvesse ao menos uma possibilidade de não remoer o passado, certamente ele tudo faria para seguir seu caminho sem ter que reencontrar seu irmão. Mas Deus estava trabalhando com ele, de forma que não lhe fora dada outra alternativa senão acertar as contas com seu irmão. Sem outra alternativa, sentia-se compungido e compelido àquele encontro. Não poderia continuar na companhia indesejável de um sogro tão trapaceiro e mau caráter quanto ele fora no passado. Além disso, Deus mesmo lhe falara de maneira clara, orientando-o para voltar à sua terra natal... Ele mesmo precisava resolver uma questão que ficara pendente há vinte anos. Deus queria que ele obtivesse o perdão de seu irmão, não queria que eles mantivessem aquela inimizade para sempre, como não quer que Seus filhos, em qualquer tempo, vivam em desarmonia e animosidade. Eram irmãos, precisavam se reencontrar, se acertar.

Há muitos cristãos que vivem uma vida “normal”, sem se importarem com as causas pendentes em seus relacionamentos familiares ou sociais. Vão atropelando a tudo e todos, deixando para trás parentes e irmãos feridos, magoados, ressentidos com suas atitudes ríspidas, grosseiras e até desonestas. Embora Deus os esteja abençoando, dando-lhes vitórias naquilo que fazem, dando-lhes prosperidade e saúde; Deus ainda quer que haja um predisposição daquele que O serve para ir ao encontro daquele a quem feriu ou a quem magoou no passado; alguém com quem teve algum tipo de desentendimento.

Se houve algum tipo de estremecimento, alguma quebra no relacionamento, se por algum motivo a amizade foi abalada, já não se falam com freqüência, não se comunicam e nem mesmo conseguem orar um pelo outro, então, há necessidade de um acerto de contas. Ou pelo menos uma tentativa de esclarecimento, a fim de quem ambos possam seguir o seu caminho na paz de Deus.Deus quer promover o reencontro, restaurar as amizades antigas, fazê-los superar o passado, ainda que tenhamos que arcar com o prejuízo.

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