sexta-feira, 19 de agosto de 2011

PAPAI AMIGO

_ “Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus...”[1]

Pai, quanto emoção sentimos quando nos damos conta de que fomos agraciados com o dom da paternidade, e, naturalmente, também da maternidade!
Guardo ainda na lembrança a forte emoção que senti quando do nascimento de meu primogênito, Vander. Depois de tomá-lo nos braços e apertá-lo bem junto do coração, eu não conseguia me conter de alegria, dizendo para mim mesmo: “É incrível, eu sou pai!”

Quando deixei o hospital naquele dia, entrei em meu fusquinha e saí como um doido, passando pelas casas dos irmãos da igreja para comunicar-lhes o fato. E justamente eu que achava ridícula a atitude eufórica dos pais ao comunicarem o nascimento de seus filhos. Enfim, chegou a minha vez!

Essa emoção foi se repetindo com a chegada das filhas, Vanice e Vanessa. Agora, acrescido de uma preocupação a mais: “Estaria eu preparado para criar filhas?” A verdade é que não estava preparado convenientemente nem para criar o filho, quanto mais as filhas. O fato é que sentia-me, como ainda me sinto, profundamente privilegiado pelo dom da paternidade, que graciosamente me foi concedido pelo Pai celestial. Com o tempo, porém, cheguei à conclusão de que o maior privilégio continua sendo o fato de sermos filhos. Como disse um saudoso amigo, Dr. Jacy Leite, dias antes de sua morte: “Fico feliz em pensar que vou morar para sempre num lugar onde jamais serei pai, somente filho”. Naturalmente, ele se referia ao fato de que ia para o céu e não teria mais nenhuma preocupação de cuidar de filhos.

Numa noite fria e escura, quando faltou luz em nossa casa, Vander, com cerca de três anos, amedrontado, pulou de seu berço para a nossa cama. Agarrado ao meu pescoço, embaixo da coberta, sussurrou: “Papai amigo, papai amigo!” Sem dúvida alguma, essa foi para mim a melhor interpretação, ou aplicação, da expressão bíblica “Aba-Pai”. Hoje, quando me sinto perplexo e inseguro diante dos temporais da vida, neste mundo hostil e assustador, volto meu pensamento àquele momento da infância de meu filho. Então relembro aquelas palavras carregadas de emoção e confiança, e considero: Se eu, sendo tão imperfeito e pecador, consegui transmitir segurança e paz a meu filho, quanto mais o nosso Pai do céu!? Oh, bendita consolação, eu tenho um Pai no céu! Um Pai amigo e compassivo, que me aconchega e me sustenta; que me anima, dá-me força e coragem em meio ao desalento de uma da noite escura e fria!

Deus quer que confiemos nEle como nosso Pai; quer nos aconchegar, nos abrigar, e nos consolar. Como Soberano, Ele move o nosso coração e inclina nossa alma e nosso entendimento para que tenhamos disposição de buscá-Lo, sem que Ele venha a nós de forma autoritária e independente da nossa própria vontade. Por isso, a Bíblia nos ensina e nos encoraja a buscá-Lo em sincera oração nos momentos de necessidade. Alguns psicólogos e psicanalistas procuram tratar dessa questão emocional com medicamentos antidepressivos, soníferos e conselhos para se fugir dos problemas, ou de nós mesmos. O refúgio para Deus através da oração, ao contrário, nos faz mergulhar com toda a nossa angústia para Deus. É algo que a ciência não pode explicar. Não pode resolver.

Ainda que o céu desabe sobre nós, podemos nos achegar confiantemente aos braços ternos e meigos de nosso amado Pai. Em Seus braços estamos seguros em meio às intempéries deste mundo. Podemos descansar, na certeza absoluta de que temos um Papai amigo a nos proteger e guardar, todos os dias, em todo o tempo. Ou seja, devemos manter afinidade com o nosso Pai celeste através das nossas orações, em todas as circunstâncias.

Temos um Pai no céu, Ele é digno de nossa inteira confiança! Deus, na pessoa de Jesus Cristo, cuida de nós como amigo: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando”.[2] Por isso o nosso relacionamento com Ele torna-se familiar, íntimo, como um pai amigo. Deus é nosso Pai, o nosso “Papai Amigo”. Louvado seja o Senhor!

Vanderlei Fariapastorvanderleifaria@yahoo.com.br
[1] Mt 6.9a
[2] Jo 15.13-14

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