sábado, 6 de agosto de 2011

A ÚNICA ESPERANÇA

“Quero trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lm 3:21).

Enquanto contemplava a situação caótica de seu povo, Jeremias, juntamente com o povo a quem amava, sentindo-se deplorável e esmagado pelas circunstâncias, demonstra o fracasso da esperança humana: “Afastou a paz de minha alma; esqueci-me do bem. Então, disse eu: já pereceu a minha glória, como também a minha esperança no SENHOR. Lembra-te da minha aflição e do meu pranto, do absinto e do veneno. Minha alma, continuamente, os recorda e se abate dentro de mim... Os nossos olhos ainda desfalecem, esperando vão socorro; temos olhado das vigias para um povo que não pode livrar”.[1]
Porém, ele mesmo já havia refletido corretamente quanto à única esperança: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança”.

Este versículo é, no meu entendimento, como um divisor de águas. Jeremias estava considerando a situação de penúria do povo por quem orava a Deus. E ele se envolveu de tal maneira com o sentimento de seu povo que experimentou profunda tristeza e amargura em sua alma. Na verdade esta é a postura correta daquele que comunica a vontade de Deus e Seu decreto para o povo: Uma sincera e profunda empatia para com a necessidade alheia. Em seguida ele apresenta o que precisava trazer à memória para obter esperança:

“As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele. Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca. Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio... Converte-nos a ti, SENHOR, e seremos convertidos; renova os nossos dias como dantes” (Lm 3.22-26; 5.21).

O grande alvo da maioria das pessoas é a felicidade, a alegria e a prosperidade financeira. Contudo, para milhões de pessoas no mundo não há perspectivas alvissareiras; suas esperanças e seus sonhos foram frustrados. A decepção, o desânimo e a falta de credibilidade nas pessoas e nas instituições tomam conta de seus corações. Olham atentamente na expectativa de vislumbrarem algum resquício, algum fio de esperança. Mas percebem, com muita tristeza e desolação, que já não lhes resta mais nenhuma esperança. Em meio às lágrimas da desolação não conseguem vislumbrar o raiar de um novo dia, novos horizontes.
Há um clamor engasgado, atravessado na garganta de quem se vê desamparado, solitário, sem ninguém na vida. Um clamor, ainda que não verbalizado, nos corações marginalizados, esquecidos e maltratados.

Há um clamor por solidariedade, respeito, amizade e consideração. Há um clamor pela justiça no atendimento digno aos enfermos e deficientes físicos, mentais e sociais.
Também nós, mesmo temendo e confiando em Deus, temos dificuldade para compreender e aceitar os sofrimentos, perdas significativas pela morte de pessoas queridas e os muitos problemas que nos assolam... Quando contemplamos as revoltas, violência e mortes de inocentes no mundo árabe; a situação dos conflitos mundiais... As injustiças e violência na Síria, Grécia e tantos outros países... Aquele brutal atentado contra os jovens na Noruega... A situação caótica nos hospitais e a vergonhosa corrupção nos órgãos governamentais brasileiros... Ficamos indignados e perplexos; desanimados e confusos, sem saber em quem confiar, a quem buscar!

Quando o tempo vai se prolongando demasiadamente e a situação não se resolve a contento, e, até mesmo, vai se agravando, tomando proporções assustadoras... As portas se fechando, os amigos se afastando, as chances diminuindo, o tempo sugando as nossas forças e esperança... Ficamos, então, aflitos, angustiados, desesperados, e, até mesmo revoltados; sem saber o que fazer, a quem recorrer, o que esperar e como acalentar o coração sofrido e machucado. Os nossos olhos, hoje mais do que nunca, desfalecem, nadam em lágrimas diante da perplexidade vigente. Sentimo-nos sufocados. Não conseguimos orar nem ler a Bíblia. Não conseguimos sorrir e nem chorar. Faltam-nos emoções suficientes para podermos expressar tais reações. Como disse o salmista no Sl 77.2, recusamo-nos ser consolados.

A Bíblia diz que não há esperança nos homens neste mundo. Todos são corruptos: "Como está escrito: Não há um justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só... e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante dos seus olhos".[2] Contudo, para o cristão verdadeiro, aquele que tem o Senhor Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador, a esperança nunca morre!

É muito significativo que Jesus, contemplando o caos da existência humana, tenha proferido estas palavras: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos”.[3] Nessas horas, mais do que nunca precisamos nos lembrar de que, em Cristo, somos mais do que vencedores.
QUASE para o cristão é sinal de esperança. Significa que resta ainda uma chance, ainda que mínima aos nossos olhos. Mas Deus pode reverter toda a situação, porque "O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia; e conhece os que nele confiam... Mas agora quebrarei o seu jugo de sobre ti, e romperei as tuas cadeias" (Naum,1.7,13).
Só o Senhor Jesus tem a resposta para os reclamos de nossa alma. Mais do que isso: ELE É A RESPOSTA! Jesus Cristo é a única esperança, num mundo tão sofrido e sem esperança. Sim, essa é A NOSSA ÚNICA ESPERANÇA: JESUS CRISTO, O SENHOR!

Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
www.mananciaisdevida.blogspot.com

[1] Lm 3:17-20; Lm 4:17
[2] Rm 3.10-12,17,18
[3] Mt 5.6

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