sexta-feira, 23 de novembro de 2012

BOM, BONITO, BARATO E LUCRATIVO


Vivemos um tempo das  frivolidades e superficialidade. A preocupação que  prevalece é quanto atrair e  agradar as pessoas. Oferecer-lhes coisas agradáveis, que não lhes  causem  constrangimento e que não lhes  ofereça qualquer tipo de questionamento  que lhes exija a reflexão profunda e um arrependimento sincero.
As igrejas estão cada vez mais preocupadas em  entreter as pessoas com músicas de gosto popular duvidoso, peças de teatro emotivas ou  cômicas, danças e todo tipo de coisas que  o inferno aprova para tirar o foco da  pregação do evangelho de Cristo. Enquanto isto, o tempo para a reflexão  séria e profunda  da  Palavra de  Deus é diminuído ou simplesmente relegado a segundo plano.
Por outro lado, os pastores e pregadores já  não se esmeram mais na  preparação de suas mensagens, alegando que o povo não quer  ouvir mensagens muito longas ou muito profundas... E aí o que se ouve é superficialidade e água com açúcar, usando o texto apenas como  pretexto. O resultado de tudo isto é um  bando de gente fazia sem ter o que compartilhar com os perdidos sobre a razão da esperança que há em  Cristo Jesus.
Vivemos numa época em que se enfatiza, de forma alarmante e fantasiosa, as ‘vantagens’ espirituais, como um entretenimento religioso, em detrimento de uma real avaliação do estado miserável da alma humana sem Deus, presa às correntes do pecado e da morte. E  o que  mais se vê e se propaga  é a teologia do bom, bonito, barato e lucrativo.

BOM,  porque  a preocupação está  em não se falar de coisas que tirem o bom humor,  a autoestima, o orgulho pessoal das pessoas. Não se deseja  contrariar as pessoas. Há uma preocupação  exagerada no sentido de se fazer  com que as pessoas não se sintam  melindradas, incomodadas em sua intimidade, em sua  vida privada. O importante  para essa teologia modernista é que  as pessoas  sejam “felizes”, que sejam animadas, encorajadas, mimadas, que se alegrem... Ainda que perdidas eternamente, como dormentes espirituais.

BONITO, porque  o importante para esse tipo  de pensamento  é desenvolver-se  algo  que  se destaque a beleza do evangelho de Cristo, a beleza  do ensino moral  das Escrituras, o valor  poético  dos salmos... A fim de que  as pessoas  possam vir  para a   Igreja  atraídas  pela   beleza de  Cristo  e pela  maneira  emocionante da vida cristã.  Nada  de arrependimento que leva a entristecimento, às lágrimas... Nada de sofrer por amor a Cristo, a vida é bela... Porém, a Bíblia fala enfaticamente sobre a necessidade prioritária do arrependimento.[1]

BARATO,  porque  esse tipo de teologia  prega um evangelho sem  renúncia, sem o preço do discipulado, da obediência ao Senhor. Sem  compromisso  com o Reino, sem  responsabilidade moral com a Igreja do Senhor. Sem necessidade de compartilhar do amor de Cristo.  É o barato que sai caro  demais  no final.  O que não custa  nenhuma inquietação, renúncia, no presente, mas  custa toda a eternidade  na perdição.

LUCRATIVO,  porque  essa gente acredita que oferecendo algumas vantagens imediatas  é o suficiente para manter as pessoas  presas ao seu redil. Para manter  as expectativas, manter  a sua receita mensal elevada. Isto porque o homem é interesseiro por natureza, e tudo faz para obter vantagens materiais. Ainda que para isso seja necessário abster-se de muitas coisas,  se houver uma recompensa imediata  faz-se qualquer sacrifício.  Assim, pois, mantém-se  milhares de pessoas presas a  preceitos humanos, carnais, mundanos, iludindo-se  a fé dos incautos.  A perdição dos tais não tarda. Cuidado com eles!
Irmãos, chega dessa  enchessão de  linguiça de  avisos intermináveis, danças e tantas  baboseiras. Preguemos  a  Palavra! A  palavra do  Senhor; absorvida e digerida por quem vai repassá-la aos outros. Como também  absorvida com seriedade e diligência por que a ouvem.

O profeta Jeremias discorre sobre  aqueles que se tornaram embrutecidos: “Todo homem se  embruteceu e não tem conhecimento; da sua imagem esculpida envergonha-se todo fundidor; pois as suas imagens fundidas são falsas, e nelas não há fôlego. Vaidade são, obra de enganos; no  tempo da sua visitação virão a perecer... Pois os pastores se embruteceram, e  não buscaram ao Senhor; por isso não prosperaram, e todos os seus rebanhos se acham dispersos... Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem é do homem que caminha o  dirigir os seus passos. Corrigi-me, ó Senhor, mas com medida justa; não na tua ira, para que não me reduzas a nada” (Jr 10:14,15, 21).

Deus deixa claro para cada um de nós que, ainda que ouvintes sejam  duros de coração, não há desculpas para  deixarmos de expor-lhes a  Palavra do Senhor. Não podemos deixar de  cumprir a  nossa missão no mundo de despertar-lhe da sonolência espiritual. E muitos  dos quais  encontram-se bem próximos de nós, enquanto estamos  distraídos com aquilo que o mundo nos oferece. 

A decisão é dos ouvintes, mas a precisão e autenticidade com que a mensagem  é anunciada é a nossa missão. Para acordar os outros, o atalaia precisa estar alerta, acordado espiritualmente, vibrante, inflamado e impregnado com a notícia alvissareira que precisa ser repassada com urgência e determinação. Caso contrário não  provocará reação positiva, não despertará o ânimo das pessoas.
Não é  a palavra do pregador que alimenta o rebanho, mas sim a  Palavra de  Deus – a exposição clara da Palavra de  Deus. Mensagem expositiva, onde  o texto bíblico seja  de fato a substância principal, o referencial maior e central da  pregação.

Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br


[1] Mc 1.15; Lc  6.26; At 3.19

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