sexta-feira, 11 de julho de 2014

A DERROTA DO ORGULHO BRASILEIRO


"Ainda que o justo caia sete vezes, tornará a erguer-se, mas  os ímpios são  arrastados pela calamidade" (Pv 24.15 - NVI).

Penso que nunca os brasileiros foram tão envergonhados e humilhados em seu  orgulho patriótico como no dia  08/07/2014.

Ninguém conseguiu sequer  balbuciar algumas palavras daquela canção tão frequentemente entoada em todos os estádios brasileiros por onde joga a  nossa Seleção de Futebol: Eu sou brasileiro com muito orgulho, como muito amor...

Imagino que ainda levará  muito tempo até que se resgate o tão famoso orgulho brasileiro, no que diz respeito ao  futebol.  Contudo, acho que, como cristãos,  não devemos usar esse momento  sombrio de tristeza e vergonha para simplesmente tripudiarmos contra quem quer que seja. Muito menos contra os  jogadores que  estiveram presentes naquele  dia fatídico.

Quero aproveitar  essa  oportunidade para desafiar  o povo de Deus, especialmente os pais e líderes religiosos,  padres, pastores e  todos quantos de alguma forma exercem  influência nesta sociedade em que vivemos, para uma  reflexão séria sobre o momento em que  está  passando o povo brasileiro de um modo geral. Assim, creio que o desafio abrange a todos  nós, porque de um modo ou de outro todos nós a cada dia estamos  sendo influenciados e  influenciando alguém.

Portanto, gostaria de sugerir a todos que usemos  esse tema (A derrota  do Orgulho Brasileiro, ou algo similar) para  refletirmos com seriedade e  coragem sobre a  insensatez  do orgulho em todas as  áreas de nossas vidas. Com a roupagem ou desculpa de se despertar a  autoestima, o que  prevalece é a valorização do orgulho e  arrogância em todos os seguimentos da sociedade.

 Não só no esporte, principalmente no futebol, onde prevalece a arrogância  e prepotência do tão conhecido jargão “o país do futebol”; mas também na política, na indústria, nas  igrejas, etc. A todo o momento o que se ouve e se vê é sobre “Orgulho Gay, orgulho masculino, orgulho feminino, orgulho batista, metodista, católico”; enfim, não há limites para  as tão patéticas e  agressivas propagandas e exaltação de  algum tipo imbecil de orgulho.

Justamente quando deveria prevalecer o temor a  Deus e, consequentemente, a nossa  humildade diante de nossa fragilidade e incapacidade  para suprir a nossa insignificância e insuficiência diante  dos gigantescos  desafios da sobrevivência humana, é exatamente quando mais se ouve tais  palavras conclamando o despertamento de tantos outros para seguirem os mesmos objetivos e desatinos. E, para alcançarem os seus  objetivos, os  tais proponentes desses movimentos, normalmente, passam por quaisquer princípios  morais, éticos ou espirituais.

A Bíblia, porém, nos diz que: “O temor do Senhor ensina a sabedoria, e a humildade antecede a honra” (Pv 15.33).  E ainda: “O orgulho vem antes da destruição; o espírito altivo, antes da queda.  Melhor é ter espírito humilde entre os oprimidos do que partilhar despojos com os orgulhosos” (Pv 16.18-19).

 Como disse  no início,  minha sugestão é que  reservemos  um tempo  para reflexão nesse momento (seja num culto público ou missa, em alguma reunião familiar, célula, ou encontro de amigos). E deixo como sugestão a seguinte pergunta: Quais  as principais lições que podemos extrair desse vexame nacional?

Que haja tempo suficiente para  reflexão sincera e não para discussões, revoltas e  agressividade contra  quem quer  que seja. Esse  momento pode ser muito  útil e positivo para  crescermos em maturidade moral, sentimental e espiritual. Portanto, esse momento é  de uma  profunda reflexão sobre “por que Deus permitiu ou determinou tamanha  dor, tristeza e vergonha para o nosso povo já tão sofrido e  carente”?!

Assim, antes de mais nada  precisamos partir do princípio  de que não se trata de obra do acaso, falta de sorte, azar e nem mesmo fatalidade. Inevitavelmente, precisamos admitir que isto faz parte dos santos propósitos de Deus para  o despertamento do povo brasileiro. É claro que dói muito, contudo, resta-nos  pensar, refletir e buscar  em Deus as respostas: Por que e para que?

Finalmente, permita-me apenas acrescentar a minha principal  lição. Pessoalmente, sinto-me profundamente  envergonhado pelos conceitos de sucesso que, inconscientemente ou não  tenho passado para os meus filhos e netos. Quantas vezes eu lhes tenho passado a sugestão ou impressão de que  eles serão mais amados e admirados,  por mim mesmo e  pelas demais pessoas ao redor deles, se eles exercerem algum tipo de profissão ou atividade esportiva que lhes  proporcionem o sucesso e  a fama de determinados  craques de futebol?!!!

Temo que eu tenha  contribuído, com essa patética atitude, para pelo menos  dois sentimentos nocivos e negativos à formação da personalidade de  meus queridos filhos e  netos: Por um lado, a frustração e o sentimento de fracasso por não   conseguirem  alcançar aqueles alvos e objetivos projetados por mim para a vida deles. Que  tremendo peso de   responsabilidade lançado sobre quem não sonhou nem pediu para si mesmo tais objetivos  de vida! Na verdade, esta é a  atitude inconsciente de transferência de nossas frustrações para  os nossos descendentes, na expectativa, consciente ou não, de que eles realizem e concretizem nossos sonhos não alcançados pessoalmente.

Por outro lado, ao estimular excessivamente meus filhos e netos que sejam atletas de alto nível, desconsiderando suas habilidades e preferências individuais e, principalmente, desconsiderando a  vontade soberana de Deus para cada um deles, sem querer ou imaginar, estamos  exercendo e defendendo um tipo de ateísmo prático. Isto porque não estamos  ensinando nossos  queridos descendentes sobre a  vocação divina para cada um  de nós.

Reflita comigo, não seria  este um bom motivo para questionarmos a  comunicação e influência que estamos  exercendo sobre aqueles a quem mais amamos? Que tal reavaliarmos alguns conceitos esquecidos ou menos  enfatizados  nos últimos tempos em nosso país; tais como  seriedade em nosso relacionamento com Deus e com os mortais, respeito ao próximo (ou ao adversário), trabalho duro e honesto visando  o alvo proposto, etc. Minha sincera e candente oração é que  esta  reflexão atinja  até os mais altos escalões de nossa sociedade,  para a glória de Deus e para a nossa edificação espiritual. Que o Senhor, portanto, nos ajude e nos abençoe nesse sentido.

Qual a sua opinião? Se desejar participar dessa reflexão, escreva para pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

 

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