Ao longo dos séculos a soberba humana tem sido camuflada com
muitos apelidos ou com nomes mais sugestivos, menos escandalosos, mais
atraentes e até convincentes...  Hoje em
dia é muito comum ouvir-se a expressão “orgulho santo”, como se de fato Deus
estivesse aprovando e Se alegrando com um tipo de comportamento e atitudes
soberbas da parte daqueles que são agraciados com Suas  extraordinárias bênçãos espirituais.  Na verdade, todo orgulho é diabólico e
deplorável  aos olhos de Deus. Basta uma
leitura superficial na Palavra de Deus para percebermos o quanto este tipo de
pecado ofende e desagrada ao Senhor. E o chamado “orgulho santo” é o mais
deplorável exatamente porque o homem procura se engrandecer “espiritualmente” em
nome de Deus, como se Deus estivesse dando-lhe aprovação e consentimento para
manipular as Suas bênçãos. Por isso
Jack  Deere diz que o pior tipo de
orgulho, ou de soberba, é o religioso. 
Creio
que o orgulho religioso, teológico, doutrinário, pode se manifestar de duas
maneiras. Há, primeiramente, e mais frequentemente, aqueles que se acham
suficientemente capazes para explicar e desvendar  os mistérios 
divinos em toda a sua plenitude. Isto acontece com aqueles  que se julgam preparados, cultural e intelectualmente,
nas ciências médicas, psicológicas ou sociais. Estes desprezam a Bíblia
julgando-a simplória e ultrapassada; julgando-se os únicos capazes de  apresentarem os recursos plausíveis para  os conflitos humanos, tendo como argumento o
fato de estarem baseados  em dados
científicos. Eles se acham  donos das
respostas aos anseios humanos.  Com base
nessa mesma premissa, há  quem  se ufane 
pelo fato de ter obtido conhecimento teológico, exegético, à luz da
interpretação bíblica  mais profunda,
embasados  na pesquisa  das línguas originais...   
Então, esse tipo de orgulho diz respeito ao
orgulho intelectual, cultural,  a
respeito das coisas espirituais. É um dos maiores causadores da  frieza 
espiritual do povo de Deus; 
levando o crente a não confiar na oração e não se achegar a Deus.
Perdendo, assim, o privilégio de conhecer a voz de Deus.  
Tais pessoas, embora defendam  doutrinariamente que o Senhor Jesus é o mesmo
ontem, hoje e para sempre, e que  Ele é o
nosso  único mediador entre Deus e os
homens; ainda assim, na  realidade acham
que isso não  é algo para se  vivenciar, para se experimentar na prática
diária. Tudo isso é fruto da arrogância e orgulho dos “mestres” que passam essa
ideia  de que somente  aqueles que muito estudaram e alcançaram  determinado grau de conhecimento
intelectual  são capazes de  oferecer qualquer solução ou alternativas
para os problemas espirituais dos dias atuais. 
Por
outro lado, o diabo  tem usado o orgulho
religioso com aqueles que já 
experimentaram, de fato, um relacionamento mais profundo  com Deus. Aqueles que  foram impactados com a voz de Deus, com o
mover do Espírito,  correm o risco de  serem afetados com o orgulho do poder de
Deus.  São aqueles que se julgam tão
íntimos  de Deus a ponto de  terem 
sempre e a qualquer  hora a
capacidade e possibilidade para manifestarem o poder de Deus, como se  tivessem uma procuração direta do céu para
realizarem tudo o que  desejam, ou peçam;
como se  todo o poder lhes fosse dado, no
céu e na terra... Esquecendo-se que essa prerrogativa diz respeito ao Filho de
Deus, e somente a Ele. Esse tipo de orgulho leva  ao fanatismo religioso, no sentido de se
julgarem capazes e  autossuficientes para
manipular o poder de Deus de acordo com 
seus próprios  interesses e para o
seus próprios benefícios. 
Às
vezes o orgulho nos impede de sermos transparentes e sinceros para com
aqueles  a quem amamos. Temos
vergonha  de  demonstrar nossa fragilidade e sentimentos
mais íntimos. Temos vergonha de demonstrar que nem sempre estamos de bom humor;
que temos  carências afetivas, emocionais
e espirituais... Jesus revelou Sua intimidade emocional para os Seus, e o fez
tanto com atitude como em  palavras: “E
lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e
vigiai” (Mc 14.34). 
É preciso muita humildade para que alguém tão acima do
normal, tão fora de  série, possa
admitir-se profundamente triste e angustiado diante de seus auxiliares,
subalternos. Ele não apenas  os
repreendeu por estarem dormindo naquele momento tão difícil para Ele, mas
as  Suas 
palavras também demonstram a ternura de Seu coração numa franca
demonstração de carência afetiva, algo tão 
comum entre os humanos. 
Vanderlei Faria
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