“Portanto, acolhei-vos
uns aos outros, como também Cristo nos acolheu, para a glória de Deus” (Rm
15.7).
A Igreja é o Corpo Vivo de
Cristo. Somos membros uns dos outros tendo como Cabeça o Senhor Jesus Cristo.
Há uma interdependência em nosso relacionamento no Corpo Vivo de Cristo – a
Igreja. É neste contexto de comunidade transformada
que devemos acolher-nos uns aos outros assim como Cristo nos acolheu. O Seu
acolhimento foi em profundo amor e é o modelo de recepção para nós. Na Sua
morte e na Sua ressurreição, Ele nos recebeu, nos atraiu a Ele, para morrermos
e ressuscitarmos com Ele. Davi, de quem Jesus é descendente, rei de Israel,
acolheu em sua casa Mefibosete, aleijado, filho do seu grande amigo Jônatas, que
havia morrido. Ele comia em sua mesa e experimentava o prazer de viver na casa
do rei, usufruindo das suas benesses como resultado de um acolhimento amoroso. Não
foi chamado à casa do rei por mérito, mas por causa do coração do monarca,
homem segundo o coração de Deus.
Nós somos a comunidade da graça de Deus. Somos pessoas
acolhidas que recepcionam com o amor de Cristo Jesus. O Salvador deu a Sua vida
em prol dos amigos: “Ninguém tem maior
amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sereis meus
amigos, se fizerdes o que eu vos mando” (João 15.13,14). Esta é a afirmação
dEle aos Seus discípulos. O Senhor Jesus Cristo, como ensina Paulo, é o nosso
exemplo de abnegação e entrega absoluta. Por esta razão, o apóstolo tem na
Pessoa de Cristo o grande exemplo dAquele que não agradou a Si mesmo: “Mas nós que somos fortes devemos suportar a
fraqueza dos fracos e não agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade
o seu próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não agradou a
Si mesmo, mas, como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam” (Rm 15.1-3). Jesus fez
toda a vontade do Pai. É nesta vontade que recebemos uns aos outros, e devemos
fazê-lo no amor do Redentor para a Glória de Deus Pai. O Senhor Jesus Cristo
nos recebeu em Seu grande amor. A Glória do Pai era o centro da Sua vida e de
todo o Seu ministério, de toda a Sua missão.
Como é relevante nos recebermos mutuamente. Cristo morreu
e ressuscitou para sermos uma só alma, um só coração, uma só mente, uma só
vontade e uma só missão – proclamá-lO por meio de nossas atitudes e de nossos
atos. Somos o povo da graça derramada; do perdão liberado; da justiça aplicada
em Cristo Jesus para nos justificar, nos tornar aceitos pelo Pai; da vontade
submissa a Cristo; da liberalidade vivenciada em amor; do zelo pelas coisas de
Deus; da responsabilidade de testemunhar de Cristo Jesus até que Ele volte. Conscientes
desta verdade, não devemos falar mal uns dos outros, usar de maledicência,
fofoca e todo tipo de linguagem depreciativa, criando um ambiente de
animosidade, discórdia. Reflitamos o que diz Provérbios: “O homem de Belial ou da iniqüidade, o homem vicioso, anda em
perversidade de boca. Acena com os olhos, fala com os pés, faz sinais com os
dedos. Perversidade há no seu coração; todo o tempo maquina mal; anda semeando
contendas. Pelo que a sua destruição virá repentinamente; subitamente
será quebrantado, sem que haja cura” (6.12-15). Eis um aviso de João da
Cruz (1542-1591): “Nunca escute o que se
fala sobre as fraquezas dos outros; e se vierem queixar-se com você, peça
humildemente que se calem” (Citado por Jean Vanier, p. 58). O acolhimento é
curativo e não doentio. Ele trata e não adoece.
A nossa recepção mútua no sentimento que houve em Cristo
Jesus (Fil 2.5-8), nos permite crescer, amadurecer a nossa fé. Conduz-nos a uma
visão mais ampla do Reino de Deus. Revela a nossa consciência de servos,
seguindo o exemplo do Senhor Jesus (Mt 20.28). Aumenta a nossa inconformação com o mundo e a nossa conformação com a vontade de Deus Pai.
Sensibiliza-nos a um engajamento no evangelho integral. Deus, nosso Pai, tem
nos chamado à Sua graça e virtude. Tem nos desafiado a viver uma vida de
santificação, sem a qual ninguém O verá (Hb 12.14). Acolhamos o maltrapilho, o
rejeitado, o pária da sociedade, alijado por ser pobre, mendigo. Acolhamos os
que estão doentes dentro da Igreja. Sejamos a comunidade da paciência,
mansidão, longanimidade, benignidade, fé e do domínio próprio (Gl 5.22,23). O
Pai nos chamou para sermos a comunidade terapêutica – da cura, da restauração.
Deus nos chamou a vivermos o amor que tudo sofre, tudo
crê, tudo espera e tudo suporta, o amor que jamais acaba (1 Co 13.4-8). É
maravilhoso vivermos uma vida de amor fraterno. Quando o filho pródigo voltou à
casa do pai, foi recebido com graça e não pelos seus méritos (Lc 15.11-32).
Quando você e eu não acolhemos as pessoas é porque temos muitas dificuldades em
entender a graça e o perdão que estão em Cristo. Ainda não cremos que Deus nos
acolheu em Cristo Jesus com um amor incomparável e que não havia nenhum mérito
em nós. Seja Cristo sempre o nosso exemplo de acolhimento amoroso para a glória
de Deus Pai! Que o Espírito Santo nos ajude nesta empreitada tão desafiadora! Que
acolhamos as pessoas não para a nossa glória, mas para a Glória de Deus, nosso
Pai tão amoroso!
Oswaldo Luiz Gomes Jacob, pastor.
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