quarta-feira, 21 de maio de 2008

O Impostor Que Vive Em Mim

Certa noite tive um sonho assustador o qual me fez acordar pensando no livro de Brennan Manning cujo título é o mesmo deste artigo. Por sinal, este foi um dos melhores livros que tenho lido nestes últimos anos.

No sonho eu havia preparado um grande tabuleiro de farofa. Era uma grande quantidade de um tipo de farofa cheia de diversos tipos de carne para servir a um imenso grupo de convidados que se reunia em minha casa.

Porém, minha dificuldade é que, ao retirar o tabuleiro do forno, verifiquei que havia vários gatinhos recém-nascidos justamente na parte final do tabuleiro. Ainda tentei separá-los do restante do alimento a fim de poder aproveitar o máximo possível. Mas foi tal a minha repugnância que acordei assustado e nervoso, exatamente no momento que tentava retirar os gatinhos do meio da farofa, sem querer desperdiçar todo o conteúdo que havia preparado com tanto esforço e dedicação. Havia gasto muito dinheiro para jogar fora tudo aquilo... Alguém ainda fez chacota com os gatinhos que foram parar naquele lugar, enquanto eu ia separando-os com cuidado tentando aproveitar a parte “não comprometida” do alimento... (que nojo!).
De fato acordei com nojo de mim mesmo e da situação. Imediatamente associei o sonho com o livro mencionado acima e com os pecados mentais que praticamos diariamente, sem nos dar conta de que não dá para conviver com o alimento santo do Senhor e os “gatinhos” do mundo em nosso coração.

No livro citado o autor discorre sobre essa tendência nossa de tentar nos justificar diante de Deus com a nossa religiosidade aparente, superficial e enganosa. Procuramos aplacar nossa consciência pecaminosa e a ira divina mantendo uma postura social respeitosa, com atitudes e obras rituais, formais, que agradam às pessoas, ou que pelo menos as pessoas esperam de nós. Contudo, não conseguimos suportar o fato de que as nossas “boas obras” ou “boas atitudes” estão comprometidas com a sujeira do pecado que há em nós, ou que praticamos mentalmente.
Enquanto não percebemos que não há como separar os gatinhos recém nascidos do meio da farofa e servir aquele alimento como se nada tivesse acontecido. Felizmente eu acordei antes de tentar aproveitar aquele alimento. Mas não consigo esquecer-me de quando tento representar um tipo de pessoa pura e santa quando na realidade, pelo que me conheço, não sou aquilo que tento representar para agradar e satisfazer os outros.

Não adianta tentar remediar com o pecado, protelar até que haja uma solução menos traumática, ou menos prejudicial. Tenho que jogar fora tudo aquilo que foi contaminado pela presença do pecado, ainda que represente muito tempo e dinheiro investido para se conseguir chegar àquele objetivo.

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