segunda-feira, 25 de abril de 2011

UMA ESCADA ATÉ AS NUVENS

Certo dia, Darlene e eu fomos a um enorme parque urbano, no sul da Califórnia, com nossos filhos, na época pré escolar. Era o tipo de parque que faz um homem crescido desejar voltar a se tornar criança. Havia balanços, labirintos, gangorras, mais o mais emocionante eram os escorregadores – não apenas um, mas três – um pequeno, um médio e um gigante. David, que na época tinha cinco anos, correu como uma bala na direção do pequeno.
- Porque você não desce com ele? – perguntou Darlene. Mas eu tinha outra ideia.
- Vamos esperar e ver o que acontece – disse eu.
Assim, relaxamos num banco próximo e ficamos observando. David subiu depressa ao topo do escorregador menor. Acenou para nós com um enorme sorriso nos lábios e deslizou rapidamente.
Sem hesitação, ele resolveu partir para aquele de tamanho médio. Começou a subir a escada e, na metade do trajeto olhou para mim. Virei o rosto. Ele analisou suas opções por alguns instantes e, cuidadosamente, começou a descer, degrau por degrau.
- Querido, você precisa ir até lá e ajuda-lo – disse minha esposa.
- Ainda não – respondi, na esperança de que minha piscada de olho pudesse dizer a ela que não estava sendo descuidado com o menino.
David ficou alguns minutos na base do escorregador olhando outras crianças subirem, escorregarem e correrem de volta para subir de novo. Finalmente ele decidiu. Criou coragem, subiu e escorregou para baixo. Na verdade fez isto três vezes sem olhar para nós.
Então, vimos nosso filho encarar o maior escorregador de todos. Neste momento, Darlene ficava ansiosa.
- Bruce, acho que ele não deveria ir naquele escorregador sozinho.
- Concordo – respondi claramente – mas acho que ele também não vai querer fazer isso. Vamos ver...
Quando chegou ao pé do escorregador, ele gritou:
- Papai!
Mas eu olhei novamente para o outro lado, fingindo não tê-lo ouvido.
Ele deu mais uma olhada na escada. Em sua imaginação infantil, aquela escada deveria chegar até as nuvens. Ficou olhando um adolescente descer voando. Então, enfrentando o seu medo, ele decidiu tentar. Passo a passo, uma mão após a outra, devagar David avançou escada acima. Antes da metade da escada, ele de repente congelou. Naquele momento, o adolescente já estava atrás dele e gritou para que ele subisse logo. Mas David não podia. Não conseguia nem subir nem recuar. Ele havia chegado a ponto do evidente fracasso. Corri para ele e perguntei, da base da escada:
- Tudo bem filho?
Ele olhou para mim, tremendo, mas segurando a escada com forte determinação. Ele tinha uma súplica na ponta da língua:
- Papai, desce comigo? – O adolescente estava perdendo a paciência, mas eu não queria deixar a oportunidade passar.
- Porque filho? – perguntei-lhe, olhando atentamente para seu pequeno rosto.
- Não consigo fazer isso sem você, papai – disse ele tremendo. – É muito grande para mim!
Estiquei-me o mais que pude para alcança-lo e o levantei em meus braços. Então subimos juntos aquela longa escada até as nuvens. Chegando no topo, coloquei meu filho entre minhas pernas e o segurei com força. Então, descemos o escorregador gigante, rindo e gritando por todo o trajeto.Bruce Wilkinson

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