“Está consumado”
Finalmente as últimas horas chegaram.
Tinha havido a terrível experiência no Getsêmane seguida pelos comparecimentos
perante Caifás, perante Pilatos, perante Herodes e novamente perante Pilatos.
Tinha havido o açoitamento e o escárnio por parte dos soldados brutais; a
jornada ao Calvário; a fixação de suas mãos e pés por pregos ao cruel madeiro.
Tinha havido a injúria dos sacerdotes, do povo e dos dois ladrões com ele
crucificados. Tinha havido a total indiferença de uma turba vulgar, dentre a
qual ninguém houve que “tivesse compaixão” e que dissesse uma palavra de
consolo (Sl 69.20).
Tinha havido a apavorante escuridão que lhe ocultou a face
do Pai, que arrancou dele o amargo clamor, “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?” Tinha havido os lábios ressecados que tiraram dele a exclamação,
“Tenho sede”. Tinha havido o horrendo conflito com o poder das trevas enquanto
a serpente “feria” seu calcanhar. Bem podia o padecente perguntar, “Não vos
comove isto a todos vós que passais pelo caminho? atendei, e vede, se há dor
como a minha dor, que veio sobre mim, com que me entristeceu o Senhor, no dia
do furor da sua ira” (Lm 1.12). Mas
agora o sofrimento está findo. Aquilo a que sua santa alma recuava está
acabado. O Senhor o tinha ferido; o homem e o diabo tinham feito o pior que
podiam fazer.
O cálice foi completamente bebido. A
terrível tempestade da ira de Deus tinha acabado de passar. As trevas estão
terminadas. A espada da justiça divina está embainhada. O salário do pecado
tinha sido pago. As profecias acerca de seu sofrimento estavam todas cumpridas.
A cruz tinha sido “suportada”. A santidade divina tinha sido plenamente
satisfeita. Com um brado de triunfo — um forte brado, um brado que reverberou
de uma extremidade a outra do universo — o Salvador exclama, “Está consumado”.
A ignomínia e a vergonha, o sofrimento e a agonia são passado. Nunca mais ele
experimentará dor. Nunca mais ele suportará a contradição de pecadores contra
si mesmo. Nunca mais estará ele nas mãos de Satanás. Nunca mais a luz do
semblante de Deus ficará ocultada dele. Bendito seja Deus, tudo está terminado!
A cabeça que antes estava coroada de espinhos, está agora coroada de
glória. Um diadema real adorna a testa do poderoso Conquistador. O mais alto lugar do Céu é Seu, é Seu por direito. O Rei dos reis e Senhor dos senhores, e a eterna Luz do Céu.
O gozo de todos os que habitam encima, o Gozo de todos embaixo. Àqueles a que ele manifesta seu amor, e concede que conheçam seu nome.
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