Vivemos um tempo das frivolidades e superficialidade. A preocupação que prevalece é quanto atrair e agradar as pessoas. Oferecer-lhes coisas agradáveis, que não lhes causem constrangimento e que não lhes ofereça qualquer tipo de questionamento que lhes exija a reflexão profunda e um arrependimento sincero.
As igrejas estão cada vez mais preocupadas em entreter as pessoas com músicas de gosto popular duvidoso, peças de teatro emotivas ou cômicas, danças e todo tipo de coisas que o inferno aprova para tirar o foco da pregação do evangelho de Cristo. Enquanto isto, o tempo para a reflexão séria e profunda da Palavra de Deus é diminuído ou simplesmente relegado a segundo plano.
Por outro lado, os pastores e pregadores já não se esmeram mais na preparação de suas mensagens, alegando que o povo não quer ouvir mensagens muito longas ou muito profundas... E aí o que se ouve é superficialidade e água com açúcar, usando o texto apenas como pretexto. O resultado de tudo isto é um bando de gente fazia sem ter o que compartilhar com os perdidos sobre a razão da esperança que há em Cristo Jesus.
Vivemos numa época em que se enfatiza, de forma alarmante e fantasiosa, as ‘vantagens’ espirituais, como um entretenimento religioso, em detrimento de uma real avaliação do estado miserável da alma humana sem Deus, presa às correntes do pecado e da morte. E o que mais se vê e se propaga é a teologia do bom, bonito, barato e lucrativo.
BOM, porque a preocupação está em não se falar de coisas que tirem o bom humor, a autoestima, o orgulho pessoal das pessoas. Não se deseja contrariar as pessoas. Há uma preocupação exagerada no sentido de se fazer com que as pessoas não se sintam melindradas, incomodadas em sua intimidade, em sua vida privada. O importante para essa teologia modernista é que as pessoas sejam “felizes”, que sejam animadas, encorajadas, mimadas, que se alegrem... Ainda que perdidas eternamente, como dormentes espirituais.
BONITO, porque o importante para esse tipo de pensamento é desenvolver-se algo que se destaque a beleza do evangelho de Cristo, a beleza do ensino moral das Escrituras, o valor poético dos salmos... A fim de que as pessoas possam vir para a Igreja atraídas pela beleza de Cristo e pela maneira emocionante da vida cristã. Nada de arrependimento que leva a entristecimento, às lágrimas... Nada de sofrer por amor a Cristo, a vida é bela... Porém, a Bíblia fala enfaticamente sobre a necessidade prioritária do arrependimento.[1]
BARATO, porque esse tipo de teologia prega um evangelho sem renúncia, sem o preço do discipulado, da obediência ao Senhor. Sem compromisso com o Reino, sem responsabilidade moral com a Igreja do Senhor. Sem necessidade de compartilhar do amor de Cristo. É o barato que sai caro demais no final. O que não custa nenhuma inquietação, renúncia, no presente, mas custa toda a eternidade na perdição.
LUCRATIVO, porque essa gente acredita que oferecendo algumas vantagens imediatas é o suficiente para manter as pessoas presas ao seu redil. Para manter as expectativas, manter a sua receita mensal elevada. Isto porque o homem é interesseiro por natureza, e tudo faz para obter vantagens materiais. Ainda que para isso seja necessário abster-se de muitas coisas, se houver uma recompensa imediata faz-se qualquer sacrifício. Assim, pois, mantém-se milhares de pessoas presas a preceitos humanos, carnais, mundanos, iludindo-se a fé dos incautos. A perdição dos tais não tarda. Cuidado com eles!
Irmãos, chega dessa enchessão de linguiça de avisos intermináveis, danças e tantas baboseiras. Preguemos a Palavra! A palavra do Senhor; absorvida e digerida por quem vai repassá-la aos outros. Como também absorvida com seriedade e diligência por que a ouvem.
O profeta Jeremias discorre sobre aqueles que se tornaram embrutecidos: “Todo homem se embruteceu e não tem conhecimento; da sua imagem esculpida envergonha-se todo fundidor; pois as suas imagens fundidas são falsas, e nelas não há fôlego. Vaidade são, obra de enganos; no tempo da sua visitação virão a perecer... Pois os pastores se embruteceram, e não buscaram ao Senhor; por isso não prosperaram, e todos os seus rebanhos se acham dispersos... Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem é do homem que caminha o dirigir os seus passos. Corrigi-me, ó Senhor, mas com medida justa; não na tua ira, para que não me reduzas a nada” (Jr 10:14,15, 21).
Deus deixa claro para cada um de nós que, ainda que ouvintes sejam duros de coração, não há desculpas para deixarmos de expor-lhes a Palavra do Senhor. Não podemos deixar de cumprir a nossa missão no mundo de despertar-lhe da sonolência espiritual. E muitos dos quais encontram-se bem próximos de nós, enquanto estamos distraídos com aquilo que o mundo nos oferece.
A decisão é dos ouvintes, mas a precisão e autenticidade com que a mensagem é anunciada é a nossa missão. Para acordar os outros, o atalaia precisa estar alerta, acordado espiritualmente, vibrante, inflamado e impregnado com a notícia alvissareira que precisa ser repassada com urgência e determinação. Caso contrário não provocará reação positiva, não despertará o ânimo das pessoas.
Não é a palavra do pregador que alimenta o rebanho, mas sim a Palavra de Deus – a exposição clara da Palavra de Deus. Mensagem expositiva, onde o texto bíblico seja de fato a substância principal, o referencial maior e central da pregação.
Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
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