Mateus relata as palavras do Senhor Jesus apresentando-nos alguns perigos de se viver uma vida irresponsável e sem a fé salvadora; ou seja, vida religiosa sem salvação, sem o conhecimento pessoal de Jesus Cristo como único Senhor e Salvador:
_ “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (Mt 7:22-23).
Quando refletimos sobre a profundidade e dramaticidade desse texto, ficamos nos perguntando: Quem são estes? Porém, mais importante que tudo é que avaliemos com sinceridade: Estamos nós incorrendo nesse autoengano?
Jesus não quer elogio à beleza, à estética, à moralidade de Sua palavra. Ele quer ver a nossa prática. A mensagem cristã não se restringe à teorias éticas, mas é vida cristã em ação. Vida comprometida com Cristo.
“Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor...”
O ensino deles pode ser correto, mas, se a prática não corresponde à comunhão íntima com o Senhor, o desastre é fatal: “Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (Mt 7.23).
Depois de falar sobre os falsos profetas, procurando advertir os verdadeiros crentes sobre os enganadores de sempre, Jesus passa a enfatizar as consequências que eles, e todos quantos vivam enganados em suas doutrinas, receberão. Precisamos pensar nos perigos que corremos quando não valorizamos os detalhes fundamentais da vida cristã.
“Senhor, Senhor, não profetizamos... Expulsamos demônios... não fizemos muitos milagres?” Ou seja, o fato de vivermos uma vida cristã apenas voltada para os interesses da nossa igreja, ou dos nossos interesses pessoais, a fim de satisfazermos as obrigações que nos são impostas, para cumprir compromissos e manter a nossa posição social, não nos garante a salvação. Deus quer qualidade real, íntima, pessoal, e não apenas nome de fantasia. Deus quer conteúdo prático, e não teoria e doutrina de entretenimento... Deus quer vida cristã ativa, e não ativismo denominado cristão. Este é o perigo de sermos envolvidos na prática da religiosidade sem a fé autêntica.
não nega a autenticidade dos milagres efetuados. Eles realmente estarão falando a verdade no que diz respeito aos seus atos. Jesus não diz que os seus milagres foram embustes, ou a algum tipo de mágica. Não diz que eles farão milagres pelo poder do diabo, ou de forças malignas – “em teu nome”, eles dirão. Jesus não os desmentirá quanto ao que hão de dizer. Pelo que contrário, eles realmente farão muitas coisas. Estarão falando a verdade, no que diz respeito às suas obras. Então, por que serão rejeitados?
Precisamos considerar com seriedade sobre os perigos do autoengano do modernismo religioso. Como escreveu M. L. Jones: “A pessoa mais perigosa de todas é aquela que não enfatiza a coisa certa”. São pessoas que estão mais preocupadas em agradar e arrebanhar o maior número possível de pessoas. Ainda que para isso usem de artifícios mundanos e enganosos para “segurá-los” em seus redis, ainda que desagradando o Senhor da Igreja.
O que não se diz é que o sentimento popular, conforme o próprio Senhor diz, é mal, depravado, que só busca os seus interesses pessoais imediatos, mesquinhos e carnais. Esse é o verdadeiro sentimento do coração do pecador.
Nossa prática religiosa precisa ser confrontada com o padrão divino, sempre. Conforme as palavras de Jesus, muitos vão querer apresentar uma série de fatos positivos realizados (obras de caridade e obras religiosas), desconsiderando-se o essencial. Porém, o que Jesus diz sobre esses é algo tremendamente aterrador: “Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (Mt 7.23).
Ainda que a lista dos pontos positivos seja extensa e brilhante, se não dermos crédito à observância dos preceitos realmente cristãos de que a salvação é por obra e graça de Cristo somente, corremos um risco eterno...
Vanderlei Faria
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