segunda-feira, 19 de agosto de 2013

AI DE MIM!


“Restaura, SENHOR, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe” (Sl 126.4).

Aparentemente este verso é uma contradição com o que temos considerando até aqui. Entretanto, o que o salmista está pedindo a Deus em sua oração é algo que diz respeito a todos nós também.  Ou seja, embora tenhamos confiança e segurança de nossa salvação, baseados na fidelidade do Senhor e não na nossa, também somos  motivados  e desafiados a estarmos  permanentemente desejando  o  crescimento. Pedindo e buscando ardorosamente a purificação dos nossos pecados e a edificação de nossas vidas.

 
Isaías iniciou seu ministério profético de forma contundente e agressiva,  proferindo nove ais contra as diversas nações que se achavam em rebelião contra Deus. Naturalmente que  são advertências para o povo de Deus de todos os tempos e lugares. Porém, apesar da relevância da mensagem profética proferida por Isaías nesses versos iniciais de seu livro, o que fez dele o mensageiro de Deus amado e respeitado por todas as gerações foi o impacto de sua experiência com Deus:  
 
“No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo.  Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava.  E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.  As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!   Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz;  com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado. Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.1-8).

 
Até então o profeta apresentava a mensagem divina com precisão contundente, como um atirador de elite descarregando sua metralhadora de forma impiedosa e certeira. Contudo, quando ele contemplou a santidade e majestade divina em sua plenitude, caiu por terra toda a sua altivez. Quando ele se deu conta de que estava diante de um Deus santo, quando conheceu um pouco mais da grandeza e sublimidade do Deus de quem  era um simples mensageiro, então sentiu toda miséria e indignidade de sua condição de pecador. Foi quando proferiu o ai que  mudou a sensibilidade de seu coração na transmissão da mensagem salvadora do amor de Deus. Deus, então, perdoou os seus pecados e transformou seu coração. Só então ele ouviu de fato a voz de Deus e se colocou à disposição do Senhor para  cumprir o seu ministério profético.
 
Quanto menos crescimento espiritual temos  mais  prepotentes nos mostramos. Quanto mais sensibilidade  da glória de Deus tivermos, mais sensibilidade de nossas miséria  interior teremos. Enquanto não vemos a glória de Deus, a majestade santa  da Trindade divina, não conseguimos ver a nós mesmos em nossa profunda miséria espiritual. Aí o crente não é  conduzido a pensar dessa forma: Ai de mim!

 
Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

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