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"Assim tornou Moisés ao Senhor, e disse: Oh! Este povo cometeu um grande
pecado, fazendo para si um deus de ouro. Agora, pois, perdoa o seu pecado; ou se não, risca-me do teu
livro, que tens escrito" (Êx 32.31-32).
Creio que aqui
começa um dos relatos mais
significativos e emocionantes do confronto do homem com Deus.
Primeiramente Moisés exorta o povo, mostrando-lhe a gravidade
do ato praticado (Ex 32.30).
Então se dirige para um encontro
decisivo com Deus.
Apesar de sua ira e
revolta com a atitude irresponsável
e leviana de Arão, e da rebeldia e
incredulidade do povo, Moisés ainda se
depara com algo pior: o castigo divino para com o seu povo. Agora era como se fizesse a
seguinte declaração: "Esse povo não presta, mas é o povo a quem eu amo profundamente! Ou Tu perdoas
este povo, ou então me mata, me corta fora dos Teus planos; me deixa fora! Não
precisa mais contar comigo!"
No limite de suas
forças físicas, emocionais e espirituais,
Moisés arranca de seu coração a mais
pungente e dramática oração relatada na Bíblia, jamais imitada em toda história humana, exceto na
cruz do Calvário. Não era uma afronta, ou mesmo uma blasfêmia. Era um desabafo, ou mesmo um clamor suplicante de
quem amava tremendamente
aquele povo de dura cerviz. Um povo rebelde e contradizente. Dirigindo
seu clamor, sua angustiante petição ao Deus poderoso e indispensável no seu
caminhar.
Deus que, além de ser absolutamente indispensável, era, também, o seu
amigo íntimo com quem nutria uma
profunda afinidade. Não eram palavras
arrogantes e presunçosas de quem quer se
mostrar, ou se autopromover. Eram palavras seguras, sinceras, arrancadas de um
coração "sangrando", ferido, nos limites. Era a superação dos limites da fé, da oração e da comunhão da
alma humana com o Deus Todo Poderoso. Palavras que só foram superadas pelo próprio Salvador,
clamando pelo perdão divino em favor de um povo ignorante: "Pai,
perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem!" (Lc 23.34a). E Deus ouviu, e atendeu sua petição.
Há momentos difíceis
na vida quando nos sentimos isolados, ilhados, confusos, derrotados, como que
num turbilhão de aflições. Quando todas as portas parecem se fechar à nossa frente. Nada dá certo.
Sentimo-nos como que batendo em ponta de faca. Quando lágrimas teimosas continuam a
jorrar de nossos olhos...
O mundo
e o Diabo têm procurado levar as
pessoas, especialmente os crentes, a viverem
para baixo, deprimidas e revoltadas. Porém, Deus nos criou para vivermos
nas alturas. Por isso Jesus disse:
"O ladrão não vem se não para roubar, matar e destruir; eu vim para
que tenham vida, e a tenham em
abundância" (Jo 10.10).
Vanderlei Faria
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