sexta-feira, 29 de maio de 2009

ENTRAI PELAS PORTAS DELE COM GRATIDÃO

Na quinta feira, dia nove, entre uma reunião e outra, o
empresário aproveitou para ir fazer um lanche rápido em uma pizzaria na
esquina das ruas Yafo e Mêlech George no centro de Jerusalém.
O estabelecimento estava superlotado. Logo ao entrar na
pizzaria, Moshê percebeu que teria que esperar muito tempo numa enorme fila,
se realmente desejasse comer alguma coisa - mas ele não dispunha de tanto
tempo.
Indeciso e impaciente, pôs-se a ziguezaguear por perto do
balcão de pedidos, esperando que alguma solução caísse do céu.
Percebendo a angústia do estrangeiro, um israelense
perguntou-lhe se ele aceitaria entrar na fila na sua frente. Mais do que
agradecido, Moshê aceitou. Fez seu pedido, comeu rapidamente e saiu em
direção à sua próxima reunião.
Menos de dois minutos após ter saído, ele ouviu um estrondo
aterrorizador. Assustado, perguntou a um rapaz que vinha pelo mesmo caminho
que ele acabara de percorrer o que acontecera. O jovem disse que um
homem-bomba acabara de detonar uma bomba na pizzaria
Sbarro`s... Moshê ficou branco. Por apenas dois minutos ele escapara do
atentado. Imediatamente lembrou do homem israelense que lhe oferecera o
lugar na fila.
Certamente ele ainda estava na pizzaria.
Aquele sujeito salvara a sua vida e agora poderia estar morto.

Atemorizado, correu para o local do atentado para verificar se
aquele homem necessitava de ajuda. Mas encontrou uma situação caótica no
local.
A Jihad Islâmica enchera a bomba do suicida com milhares de
pregos para aumentar seu poder destrutivo. Além do terrorista, de vinte e
três anos, outras dezoito pessoas morreram, sendo seis crianças. Cerca de
outras noventa pessoas ficaram feridas, algumas em condições críticas.
As cadeiras do restaurante estavam espalhadas pela calçada.
Pessoas gritavam e acotovelavam-se na rua, algumas em pânico,
outras tentando ajudar de alguma forma.
Entre feridos e mortos estendidos pelo chão, vítimas
ensangüentadas eram socorridas por policiais e voluntários. Uma mulher com
um bebê coberto de sangue implorava por ajuda.
Um dispositivo adicional já estava sendo desmontado pelo
exército.
Moshê procurou seu 'salvador' entre as sirenes sem fim, mas não
conseguiu encontrá-lo.
Ele decidiu que tentaria de todas as formas saber o que
acontecera com o israelense que lhe salvara a vida. Moshê estava vivo por
causa dele.
Precisava saber o que acontecera, se ele precisava de alguma ajuda
e, acima de tudo, agradecer-lhe por sua vida.
O senso de gratidão fez com que esquecesse da importante reunião
que o aguardava.
Ele começou a percorrer os hospitais da região, para onde tinham
sido levados os feridos no atentado.
Finalmente encontrou o israelense num leito de um dos hospitais.
Ele estava ferido, mas não corria risco de vida.
Moshê conversou com o filho daquele homem, que já estava
acompanhando seu pai, e contou tudo o que acontecera. Disse que faria tudo
que fosse preciso por ele. Que estava extremamente grato àquele homem e que
lhe devia sua vida. Depois de alguns momentos, Moshê se
despediu do rapaz e deixou seu cartão com ele. Caso seu pai necessitasse de
qualquer tipo de ajuda, o jovem não deveria hesitar em comunicá-lo.
Quase um mês depois, Moshê recebeu um telefonema em seu escritório
em Nova Iorque daquele rapaz, contando que seu pai precisava de uma operação
de emergência. Segundo especialistas, o melhor hospital
para fazer aquela delicada cirurgia fica em Boston, Massachussets.
Moshê não hesitou. Arrumou tudo para que a cirurgia fosse realizada
dentro de poucos dias.Além disso, fez questão de ir pessoalmente receber e
acompanhar seu amigo em Boston, que fica a uma hora de avião de Nova Iorque.

Talvez outra pessoa não tivesse feito tantos esforços apenas pelo
senso de gratidão. Outra pessoa poderia ter dito 'Afinal, ele não teve
intenção de salvar a minha vida: apenas me ofereceu um lugar na fila '
Mas não Moshê. Ele se sentia profundamente grato, mesmo um mês após o
atentado. E ele sabia como retribuir um favor.
Naquela manhã de terça-feira, Moshê foi pessoalmente acompanhar seu
amigo - e deixou de ir trabalhar. Sendo assim, pouco antes das nove horas da
manhã, naquele dia onze de setembro de 2001. Moshê não estava no seu
escritório no 101º andar do World Trade Center Twin Towers.
(Relatado em palestra do Rabino Issocher Frand)
'Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor;
louvai-o, e bendizei o seu nome.' Salmos 100:4

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