INTRODUÇÃO
A MORTE
DO SENHOR JESUS CRISTO é um assunto de interesse inexaurível para todos os que
estudam em oração a escritura da verdade. Tal é assim não somente porque tudo
do crente — tanto no tempo como na eternidade — dela dependa, mas também devido
à sua singularidade transcendente.
Quatro palavras parecem resumir as
características salientes desse mistério dos mistérios: a morte de Cristo foi
natural, não natural, preternatural e sobrenatural. Uns poucos comentários
parecem ser necessários à guisa de definição e amplificação.
Primeiro:
a morte de Cristo foi natural. Com isso queremos dizer que ela foi uma morte
real. É porque estamos tão familiarizados com o fato dela que a declaração
acima parece simples, corriqueira; todavia, o que abordamos aqui é um dos
principais elementos de admiração para a mente espiritual.
Segundo:
a morte de Cristo foi não natural. Por isso queremos dizer que ela foi anormal.
Acima dissemos que, ao se encarnar, o Filho de Deus tornou-se capaz de sofrer a
morte, todavia, não deve ser inferido daí que a morte tinha, portanto, um
direito a reclamar sobre ele; longe disso, o contrário mesmo era a verdade.
A morte é
o salário do pecado [3], e ele
não tinha nenhum. Antes de seu nascimento foi dito a Maria: “[que] o ente santo
que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lucas 1:35, ARA).
Não somente
o Senhor Jesus entrou neste mundo sem contrair a contaminação da natureza
humana caída, mas ele “não cometeu pecado” (1Pedro 2:22), “não [tinha] pecado”
(1João 3:5) e “não conheceu pecado” (2Coríntios 5:21).
Por
conseguinte, dizemos que para o Santo de Deus morrer foi não natural.
Terceiro:
a morte de Cristo foi preternatural. Por meio disso queremos dizer que ela foi
marcada e determinada para ele de antemão. Ele era o Cordeiro morto antes da
fundação do mundo (Apocalipse 13.8).
Nos
eternos conselhos da Deidade, foi ordenado de antemão que haveria um Salvador
para os pecadores, um Salvador que sofreria, o justo pelos injustos[4], um Salvador que morreria para que pudéssemos
viver.
Quarto: a
morte de Cristo foi sobrenatural. Por isso queremos dizer que ela foi diferente
de qualquer outra morte. Em todas as coisas ele tem a preeminência. Seu
nascimento foi diferente de todos os outros nascimentos. Sua vida foi diferente
de todas as outras vidas. E sua morte foi diferente de todas as outras mortes.
Isso foi claramente anunciado em sua própria declaração sobre o assunto: “Por
isso, o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma
tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar e poder para
tornar a tomá-la. Esse mandamento recebi de meu Pai” (João 10:17, 18).
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