Vulnerabilidade
significa, segundo Francisco Azevedo, p. 127, “fragilidade, ruptibilidade, ruptilidade, gracilidade, fissilidade,
irresistibilidade, irresistência,; castelo de cartas; casa de vidro, caixa de
fósforos, argila, ferro acro”.1 Estas palavras denotam a nossa
estrutura humana, que é falha, insincera e enganosa. O Senhor Jesus já havia
feito este diagnóstico em Mateus 15.19: “Porque do coração é que saem maus
pensamentos, homicídios, adultérios, imoralidade sexual, furtos, falsos
testemunhos e calúnias”. No Sermão do Monte, o Senhor discorre sobre os
motivos, as inclinações carnais, que produzem atos danosos. A nossa
vulnerabilidade está no coração.
Esta é a nossa realidade. Nua e crua. Independe de idade.
É do homem, da sua natureza má e perversa (Jr 17.9,10). Revela-se em nossos
tropeços e desacertos. Somente na reconciliação com o Pai através do Filho é que
somos restaurados (2 Co 5.18-20). Ah, quão vulneráveis e miseráveis somos!
Somente a graça de Deus nos basta, pois o Seu poder se aperfeiçoa na fraqueza
(2 Co 12.9,10). O apóstolo Paulo reconhece o quanto é frágil, vulnerável e
tendencioso em Romanos 7. Portanto, a nossa vulnerabilidade é invisível e visível
ao mesmo tempo. Está nas entranhas e traz à tona nossas manhas e atos
perniciosos. Essa vulnerabilidade traz à flor da pele a nossa incoerência entre
o ser e o fazer. Entre o pensar, sentir e o agir.
Há vários personagens da Bíblia que mostraram sua
vulnerabilidade: Moisés, quando matou o Egípcio; os dez espias quando revelaram
o seu medo na conquista da terra prometida, o seu fracasso no tempo; Davi, que
deixou de ir para a guerra e perdeu a batalha do coração, adulterando; Jeremias
que não sabia falar; Pedro que negou o Senhor Jesus três vezes e cortou a
orelha de um homem. Realmente somos vulneráveis em gênero, número e grau.
Vulneráveis de carteirinha.
Mas a nossa vulnerabilidade encontra a invulnerabilidade
de Cristo Jesus, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós (João 1.14). Que
foi crucificado, morreu e ressuscitou por nós. Aquele que prometeu estar
conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28.20). Que disse para
Paulo e a nós, a minha graça basta, é suficiente. A nossa vulnerabilidade
encontra em Cristo Jesus o poder para vencer as tentações. Vencer as aflições
(João 16.33). A nossa tendência ao erro encontra a verdade que é Cristo Jesus.
A nossa propensão para a mentira encontra Jesus como a verdade (João 14.6). A
nossa inclinação para a tristeza profunda encontra a alegria em Cristo Jesus. A
nossa insegurança encontra a segurança absoluta no Salvador nosso (At 4.12).
Tenhamos consciência de nossa vulnerabilidade, fraqueza,
tendência ao erro, ao fracasso. Contudo, não nos esqueçamos da presença de
Jesus conosco, presença que basta, fortalece, encoraja e motiva a caminhada do
discipulado, a trilha da fé salvadora. Ele é o Autor e Consumador de nossa fé
(Hb 12.2). Não justifiquemos nossa vulnerabilidade (somos especialistas nisto),
mas confiemos na justificação que vem do Pai por meio do Filho, no Seu sangue, para
nos perdoar de todo o pecado e toda a injustiça, quando o confessamos de
coração (1 João 1.9). Devemos, em Cristo Jesus, vencer nossos fracassos,
limitações, medos, ressentimentos, amarguras. Ele disse: “Eu venci o mundo”
(João 16.33). Nele somos mais que vencedores (Rm 8.37).
Não permitamos que a nossa vulnerabilidade defina nossas
atitudes e os nossos atos. Que a invulnerabilidade, a perfeição de Cristo
Jesus, nosso Senhor, defina nossas escolhas. Não confiemos em nós mesmos, mas
em Cristo Jesus. Reconheçamos que sem Ele nada podemos fazer. Que Ele seja
sempre o nosso fundamento. Que oremos como Davi: “Cria em mim, ó Deus, um
coração puro, e renova dentro de mim um espírito reto, inabalável” (Sl 51.10).
Oswaldo Luiz Gomes
Jacob, pastor.
1
AZEVEDO,
Francisco Ferreira dos Santos. Dicionário Analógico da Língua Portuguesa. 2ª.
Ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010.
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