A Bíblia algumas vezes nos surpreende com  palavras que aparentemente se contradizem. Aparentemente. Porque na verdade, não gostamos de admitir  que  qualquer tipo de sofrimento possa ser benéfico,  que seja necessário para alcançarmos a maturidade cristã ou para obtermos a  plena alegria.  Pois bem, em 1Pe 4.12-16, como em grande parte do Novo Testamento, a Palavra de Deus enfatiza fortemente a necessidade (não apenas a possibilidade) do sofrimento do cristão para a obtenção  da verdadeira alegria cristã. Não quero ser exaustivo na citação de textos, mas não posso deixar de  mencionar algo dos escritos de Paulo, apóstolo, antes de  considerar o texto ao qual desejo me ater. Em 2Tm 3.12 Paulo diz: “Ora, todos quantos  querem viver piamente  em Cristo Jesus serão perseguidos”.
Incrível! Paulo não diz que  há alguma possibilidade de que o servo de Deus enfrente algum tipo de  sofrimento, mas ele usa as palavras “todos quantos  querem viver piamente  em Cristo Jesus serão perseguidos”. Isto, naturalmente, inclui você e eu, se é que  desejamos viver “piamente em Cristo Jesus”. Em algum momento haveremos de suportar afrontas e perseguições, se nos mantivermos fiéis ao nome do Senhor. Pedro, no  texto mencionado acima, reflete  sua  própria experiência, relatada por Lucas, após terem sido  espancados por causa do  nome de Jesus: “E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas  por esse nome” (At 5.41).
Pedro nos alerta  para não estranharmos “o fogo ardente que surge no meio de vós”. Ou seja, não podemos nos iludir com um “evangelho adocicado” (que  não é  o verdadeiro evangelho de Cristo), o qual pretende arrebatar o maior número possível de  adeptos que o financie e sustente as suas doutrinas espúrias e fantasiosas; negando a palavra de Deus. Pedro começa esta passagem (1Pe 4.12-16) chamando nossa atenção para este fato, para não nos iludirmos quanto às provações que inevitavelmente haveremos  de enfrentar e suportar.
Em outras palavras,  que não nos iludamos com um tipo de pregação  que exalta a prosperidade  material e nega a possibilidade e necessidade do sofrimento do cristão. Não é  por acaso, falta de fé, ou por não confiarmos no poder de Deus que  sofremos neste mundo. Ao contrário, como diz Paulo, “o poder (de Cristo) se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12.9).  Mas Pedro não está dizendo que  o crente deve ser uma pessoa resignada, amargurada pelo fato de  sofrer pelo nome  do Senhor. “Pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de  Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando” (1Pe 4.13). E aqui ele coloca  duas palavras que parecem redundantes: Alegreis exultando”.
Na verdade, os dicionários não fazem muita distinção entre estas palavras. Exultar é alegrar, regozijar, festejar, etc. Mas também “alvoroçar-se”. Ou seja, Pedro está dizendo  que na revelação da Glória de  Cristo, ou quando chegarmos à Sua glória celeste, depois de sermos aprovados, como diz Tiago 1.12, haveremos de nos alegrar de uma forma  plena, esfuziante, quase espalhafatosa. Alegria que vai superar em muito a  comemoração de um  gol ou o título de  nosso time  preferido.
Portanto, alegria exultante nos faz pensar em alegria festiva, saltitante, explosiva, incontida, plena. Pedro está dizendo que esta alegria completa haveremos de  experimentar na glória  divina. Contudo, enquanto suportamos os sofrimentos por amor de Cristo aqui na terra, já  podemos nos alegrar, como num antegozo do céu; podemos nos alegrar pelo fato de que os sofrimentos presentes, por amor a Cristo, são prenúncios  do gozo eterno com Cristo. A garantia e confirmação de que fazemos parte  do Time  de  campeões, por toda a eternidade no céu. 
Paulo  expressa esta convicção de outra forma  em 2Co 12.9-10 e Fl 1.7.
O fato é que, quando tomamos posse dessa convicção, nossos corações se acalmam e conseguimos realmente nos alegrar em Cristo, mesmo chorando e sofrendo. Portanto, vale a pena  considerarmos a Palavra do Senhor: “Se, pelo nome de Cristo, sois  injuriados, bemaventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito  da glória  e de Deus” (1Pe 4.14). “Bemaventurado o homem que suporta, com perseverança, a  provação; porque,  depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam” (Tg 1.12).
Se você ama a Jesus de fato, então, regozige-se nEle; ainda que  a dor e os  sofrimentos sejam intensos e desoladores, firme-se na promessa da Palavra divina, pois a  alegria plena, exultante, está garantida. Aleluia!
Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
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