quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O SENHOR NOS CONHECE

No dia da angústia, lembremo-nos de que o Senhor nos conhece: “O SENHOR é bom, é fortaleza no dia da angústia e conhece os que nele se refugiam...”

Quando conhecemos perfeitamente alguém e dela somos conhecidos, podemos nos refugiar em sua casa em tempo de calamidade. O texto que estamos considerando compara as aflições diárias que enfrentamos como “tormentas e tempestades”, e nos diz que “o Senhor conhece os que nele se refugiam”. Ou seja, Ele conhece os motivos e necessidades que nos impelem, nos move a buscá-Lo. Assim, nos conhecendo tão intimamente, Ele pode nos acolher, nos aconchegar e nos consolar. Mesmo quando nos vacilam os pés e já não vislumbramos qualquer solução nem esperança, somos desafiados a conhecê-Lo mais e mais.

_ “O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés”.[1]

Lembremo-nos da resposta que Jesus deu a Pilatos, quando este lhe disse que tinha autoridade para prendê-Lo ou soltá-Lo. Jesus respondeu-lhe: "Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fora dado..."[2] Jesus sabia que nada estava acontecendo por acaso. Nem Pilatos ou qualquer outra criatura teria qualquer poder sobre Ele, se o Pai não permitisse. Temos que nos lembrar disso, o nosso Pai cuida de nós, e sabe o que padecemos. Ele conhece os que são Seus, e os Seus confiam nEle: “O SENHOR é bom, é fortaleza no dia da angústia e conhece os que nele se refugiam”.[3]

No dia da angústia, lembremo-nos de nos refugiar no Senhor através da oração: “O SENHOR é bom, é fortaleza no dia da angústia e conhece os que nele se refugiam”.

O pecado causa tristeza, amargura, angústia, ansiedade e desespero ao ser humano. Mas, ainda assim, o Senhor se volta para nós quando esses sentimentos nos levam de volta para Ele: “Senhor, na angústia te buscaram; quando lhes sobreveio a tua correção, derramaram-se em oração... Irei, e voltarei para o meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles aflitos, ansiosamente me buscarão”([4]). E ainda: “invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás. Mas ao ímpio diz Deus: De que te serve repetires os meus preceitos e teres nos lábios a minha aliança” ([5]). Assim, o Senhor nos diz que a angústia deve nos levar à oração.

Quando nos sentimos angustiados, via de regra nossa oração é para que o Senhor nos livre do mal que nos aflige. Oramos para que tenhamos alegria e força para enfrentar os desafios da vida... Clamamos ao Senhor por Sua misericórdia. Oramos reclamando e reivindicando nossos “direitos” como filhos do Reino, filhos do Deus Todo Poderoso... Questionamos a Deus em oração quanto à nossa triste situação... Enfim, toda a nossa oração (e eu não sou diferente, também tenho agido dessa forma muitas vezes) centraliza-se na busca da bênção e da misericórdia do Senhor. Toda a nossa petição se concentra apenas em nós mesmos ou nas pessoas a quem amamos. Poucas vezes nos lembramos de orar a Deus com sinceridade, pedindo que, antes de tudo, a Sua vontade seja feita e que tudo nos aconteça seja para a glória de Deus. Entretanto, quando atentamos para o exemplo supremo de nosso Mestre e Senhor, quanta diferença de ênfase na oração podemos observar! Quando a expectativa da cruz se aproximava, a tristeza e angústia atingiam o coração do Senhor. E no auge de Sua angústia, Ele continuava ensinando e exortando aos Seus ouvintes e orando ao Pai.
“E, estando em agonia, orava mais intensamente”.[6]

Quando sofremos, há sempre duas alternativas para reagirmos. Ou reagimos como Jó, no início de suas tribulações; com tristeza, amargura e revolta; ou nos quebrantamos diante da consolação do Senhor, como o próprio Jó experimentou no final de seu cativeiro.

Confesso que muitas vezes tenho orado equivocadamente como que reclamando com Deus pelas circunstâncias adversas que tenho enfrentado. E como nos é comum este fato! Não entendemos como pode um filho de Deus passar tantas agruras, tristezas, injustiças, decepções, dores, enfermidades e mágoas. Em tais circunstâncias, normalmente, nossas orações não passam de lamúrias e lamentações chorosas e comoventes. É raro nos lembrarmos de que a nossa angústia, ou os fatos que provocam-na possam estar nos eternos e soberanos propósitos divinos.

Pensamos: “Tudo, menos isso; que seja propósito de Deus nos fazer sofrer, chorar, passar por momentos tão tristes e angustiantes, jamais! Entretanto, o Senhor Jesus foi enfático em afirmar a Seu próprio respeito assim: “Mas precisamente com este propósito vim para esta hora”([7]). E, em seguida, Ele se dirige ao Pai: “Pai, glorifica o teu nome” ([8]). Acima de tudo, havia um objetivo maior em Seu coração: A Glória do Pai.

Li esse texto quando havia acabado de orar da forma mencionada anteriormente. Isto é, após chorar e reclamar com Deus devido aos problemas e infortúnios que enfrentava. De repente, deparei-me com essas benditas e consoladoras palavras de nosso Mestre. Palavras estas que nos fazem parar para refletir na maneira equivocada e presunçosa que oramos algumas vezes; visando apenas a nossa própria sorte, a satisfação imediata de nossa vontade. Enfim, quando penso na atitude de Jesus diante do sofrimento e comparo com as minhas atitudes, percebo que estou agindo de forma profundamente egoística e carnal; e, portanto, pecaminosa. Com Seu sublime exemplo de Filho Unigênito do Pai, o Senhor Jesus nos ensina, como filhos adotivos do Pai celeste, algumas coisas preciosas e fundamentais para superarmos a angústia e obtermos saúde física, emocional e espiritual:

1a) – O fato de estarmos passando por tribulação e angústia não significa que somos menos amados do Pai. Jesus também passou por tribulações maiores e piores que as nossas, sendo Ele O Amado do Pai.

2a) – A nossa tribulação, ainda que incompreendida por nós e por aqueles que nos cercam, também faz parte dos santos propósitos de Deus. Se Jesus disse que “precisamente com este propósito vim para esta hora”, não teria Deus também determinado esse momento em que vivemos, da forma como estamos experimentando? Ou as coisas que nos acontecem fogem dos santos propósitos de Deus? De forma alguma, todos os nossos dias estão diante do Senhor.[9]

3a) – Como nosso Mestre nos ensina com Seu próprio exemplo, acima de tudo e em todas as circunstâncias, precisamos glorificar a Deus.
Ainda que não entendamos quais os propósitos de Deus em nos permitir passar por tais sofrimentos, nem os porquês dos fatos que nos atingem; precisamos pedir a Deus que o Senhor Jesus seja glorificado em nossa vida.

Que tremendo desafio é o viver do cristão! Mas como é confortador saber que o meu Senhor suportou e venceu tais agruras em meu favor! E, como Ele venceu, assim também somos estimulados a continuarmos firmes, ainda que sentindo e chorando pelas dores e dificuldades da vida. A minha maior preocupação deve ser: Como posso glorificar a Deus com a minha vida? Estaria eu glorificando a Deus diante de amigos e parentes quando demonstro amargura e aborrecimentos com meus sofrimentos? Estou glorificando a Deus quando sou flagrado maldizendo-me e lamuriando por meus fracassos e dissabores? A questão é: Como posso glorificar a Deus quando estou sofrendo, angustiado e triste? Afinal, o propósito para o qual fomos criados e redimidos pelo sangue de Cristo não é a glória de Deus? Então, que tal parar um pouco de nos lamentar por nossa triste sorte, e agradecer a Deus por tudo e por todas as circunstâncias? Que tal pedir-Lhe perdão por nossa falta de louvor e adoração a Ele devido à nossa rabugice e lamentações? _ “Presta-nos auxílio na angústia, pois vão é o socorro do homem. Em Deus faremos proezas, porque ele mesmo calca aos pés os nossos adversários” ([10]).

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br



[1] Naum 1.3
[2] Jo 19.11a
[3] Na 1:7
[4] Is 26.16; Os 5.15
[5] Sl 50:15-16
[6] Lc 22.44 a
[7] João 12.27
[8] João 12.28
[9] Sl 22.9-10; 31.15, 139.16-17
[10] Sl 60:11-12

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