No dia da angústia, lembremo-nos de que o Senhor nos conhece: “O SENHOR é bom, é fortaleza no dia da angústia e conhece os que nele se refugiam...”
Quando conhecemos perfeitamente alguém e dela somos conhecidos, podemos  nos refugiar em sua casa em tempo de calamidade. O texto  que estamos considerando compara as aflições diárias que enfrentamos como “tormentas e tempestades”, e nos diz que “o Senhor  conhece os que nele se refugiam”. Ou seja, Ele conhece os motivos  e necessidades  que nos impelem, nos move a buscá-Lo. Assim, nos conhecendo tão intimamente, Ele pode nos acolher, nos aconchegar e nos consolar. Mesmo quando  nos vacilam os pés e já não  vislumbramos qualquer solução nem esperança,  somos desafiados a conhecê-Lo mais e mais.
_ “O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés”.[1] 
Lembremo-nos da resposta que Jesus deu a Pilatos, quando este lhe disse que tinha autoridade para prendê-Lo ou  soltá-Lo.  Jesus respondeu-lhe: "Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te  fora dado..."[2]  Jesus sabia que nada estava acontecendo por acaso. Nem  Pilatos ou qualquer outra criatura teria qualquer poder sobre Ele, se o Pai não permitisse. Temos que nos lembrar disso, o nosso Pai cuida de nós, e sabe o que padecemos. Ele conhece os que são Seus, e os Seus confiam  nEle: “O SENHOR é bom, é fortaleza no dia da angústia e conhece os que nele se refugiam”.[3]
No dia da angústia,  lembremo-nos de nos refugiar no Senhor através da oração: “O SENHOR é bom, é fortaleza no dia da angústia e conhece os que nele se refugiam”.
O pecado  causa tristeza, amargura, angústia, ansiedade e desespero ao ser humano. Mas, ainda assim,  o Senhor se volta para nós quando esses sentimentos nos levam de volta para Ele: “Senhor, na angústia te buscaram; quando lhes sobreveio a tua correção, derramaram-se em oração...  Irei, e voltarei  para o meu lugar, até que  se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles aflitos, ansiosamente me buscarão”([4]). E ainda:  “invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás. Mas ao ímpio diz Deus: De que te serve repetires os meus preceitos e teres nos lábios a minha aliança” ([5]). Assim, o Senhor nos diz  que a angústia deve nos levar à oração.
Quando nos sentimos angustiados, via de regra nossa oração é para que o Senhor  nos livre do mal que nos aflige. Oramos para que tenhamos alegria e força para enfrentar os desafios da vida...  Clamamos ao Senhor  por Sua misericórdia. Oramos reclamando  e reivindicando nossos “direitos”  como filhos do Reino, filhos do Deus Todo Poderoso... Questionamos  a Deus em oração  quanto  à nossa triste situação... Enfim, toda a  nossa oração (e eu não sou diferente, também tenho agido dessa forma muitas vezes) centraliza-se na busca da bênção e da misericórdia do Senhor. Toda a nossa petição  se concentra apenas em  nós mesmos ou nas pessoas a quem amamos.  Poucas vezes nos lembramos de orar a Deus com sinceridade, pedindo que, antes de tudo, a Sua vontade seja feita e que tudo nos aconteça seja para a glória de Deus.  Entretanto, quando  atentamos para o exemplo supremo de nosso Mestre e Senhor, quanta diferença de ênfase na oração podemos observar! Quando a expectativa  da cruz se aproximava, a tristeza e angústia  atingiam o coração do Senhor. E no auge de Sua angústia, Ele continuava ensinando e exortando  aos Seus  ouvintes e orando ao Pai.
 “E, estando em agonia,  orava mais intensamente”.[6]
Quando sofremos, há sempre duas alternativas para reagirmos. Ou reagimos como Jó, no início de suas tribulações; com tristeza, amargura e revolta; ou nos quebrantamos diante da consolação do Senhor, como o próprio Jó experimentou no final de seu cativeiro.
Confesso que muitas vezes tenho orado equivocadamente como que reclamando com Deus  pelas circunstâncias adversas que tenho enfrentado.  E como nos é comum este fato! Não entendemos como pode um filho de Deus passar tantas agruras, tristezas, injustiças, decepções, dores, enfermidades e mágoas. Em tais circunstâncias, normalmente, nossas orações não passam de lamúrias e lamentações chorosas e comoventes. É raro nos lembrarmos de que a nossa angústia, ou os fatos que provocam-na possam estar nos  eternos e soberanos propósitos divinos.
Pensamos: “Tudo, menos isso; que  seja  propósito de Deus nos fazer sofrer, chorar, passar por  momentos tão tristes e angustiantes, jamais!  Entretanto, o Senhor Jesus foi enfático em afirmar a Seu próprio respeito assim: “Mas precisamente com este propósito vim para esta hora”([7]). E, em seguida, Ele se dirige ao Pai:   “Pai, glorifica o teu nome” ([8]). Acima de tudo,  havia  um objetivo maior em Seu coração: A Glória do Pai.
Li esse texto quando havia acabado de orar da forma mencionada anteriormente. Isto é, após chorar e reclamar com Deus devido aos problemas e infortúnios que enfrentava. De repente,  deparei-me com essas benditas e consoladoras palavras de nosso Mestre.  Palavras estas que nos fazem parar para refletir na maneira equivocada e presunçosa que oramos algumas vezes; visando  apenas a nossa própria sorte, a satisfação imediata de nossa vontade. Enfim, quando penso na atitude de Jesus diante do sofrimento e comparo com as minhas atitudes, percebo que estou agindo de forma profundamente egoística e carnal; e, portanto,  pecaminosa. Com Seu sublime exemplo de Filho Unigênito do Pai, o Senhor Jesus nos ensina, como filhos adotivos do Pai celeste, algumas coisas preciosas e fundamentais para superarmos a angústia e obtermos saúde física,  emocional e  espiritual:
1a) – O fato de estarmos  passando por tribulação e angústia não significa que somos  menos amados do Pai. Jesus também passou por tribulações maiores e piores que as nossas, sendo Ele O Amado do Pai.
2a) – A nossa tribulação, ainda que incompreendida por nós e por aqueles que nos cercam, também faz parte dos santos propósitos de Deus. Se Jesus disse que  “precisamente com este propósito vim para esta hora”, não teria  Deus também determinado  esse  momento em que vivemos, da forma como estamos experimentando? Ou as coisas que nos acontecem  fogem dos santos propósitos de Deus? De forma alguma, todos os nossos dias estão diante do Senhor.[9]
3a) – Como nosso Mestre nos ensina com Seu próprio exemplo, acima de tudo e em todas as circunstâncias, precisamos glorificar a Deus.
Ainda que não entendamos  quais os propósitos de Deus  em nos permitir passar por tais  sofrimentos, nem os porquês dos fatos que nos atingem; precisamos pedir a Deus que o Senhor Jesus seja glorificado em nossa vida.
Que tremendo desafio é o viver do cristão! Mas como é confortador saber que o meu Senhor suportou e venceu  tais agruras em meu favor! E, como Ele venceu, assim também somos   estimulados a continuarmos firmes, ainda que  sentindo e chorando pelas dores e dificuldades da vida. A minha maior preocupação deve ser: Como posso glorificar a Deus com a minha vida? Estaria  eu glorificando a Deus  diante de amigos e  parentes quando  demonstro amargura e aborrecimentos com meus sofrimentos?  Estou glorificando a Deus quando  sou flagrado maldizendo-me e lamuriando  por meus fracassos e dissabores? A questão é: Como posso glorificar a Deus quando estou sofrendo, angustiado e triste? Afinal, o propósito para o qual fomos criados e redimidos pelo sangue de Cristo não é a glória de Deus? Então, que tal parar um pouco de nos lamentar por nossa triste sorte, e agradecer a Deus por tudo e por todas as circunstâncias?  Que tal pedir-Lhe perdão por nossa falta de louvor e adoração a Ele devido à nossa rabugice e lamentações? _ “Presta-nos auxílio na angústia, pois vão é o socorro do homem.  Em Deus faremos proezas, porque ele mesmo calca aos pés os nossos adversários” ([10]).
Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
[1] Naum 1.3
[2] Jo 19.11a
[3] Na 1:7
[4] Is 26.16; Os 5.15
[5] Sl 50:15-16
[6] Lc 22.44 a
[7] João  12.27
[8]  João 12.28
[9] Sl 22.9-10; 31.15, 139.16-17
[10] Sl 60:11-12
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