Neste caso,  usamos os mecanismos de defesa de fuga –  tendência humana  em se  refugiar nos vícios,  no trabalho, nos esportes, nos jogos de azar, etc. É a via do escapismo psicológico. Assim, usa-se de hipocrisia, ou negação  da realidade, dizendo-se que tudo  vai bem (2 Rs 4.23 –  exemplo da  Sunamita  procurando o profeta Eliseu). Quando, na verdade, sabemos  que o mundo geme, como nós também gememos com as nossas aflições e sofrimentos.
Os hindus dizem que não pode haver pecado, nem sofrimento, pois somos deus. A Índia, com esta atitude,  tem sido o lugar onde as pessoas  mais sofrem no mundo. Com esse tipo de atitude as pessoas procuram fugir  do sofrimento, fugindo da própria consciência, ou da própria realidade. Então, se envolvem com tudo que possa lhes fazer esquecer, fugir da triste realidade.  Alguns procuram negar  a realidade do sofrimento do cristão para não afastar  os seus seguidores. Nega-se a  própria Palavra de  Deus tentando-se provar o poder de  Deus, ou, o poder que eles alegam ter de Deus. Porém, a Bíblia é muito clara a esse respeito.
Quando alguém crê na doutrina de que o crente não pode  aceitar o sofrimento, a doença e  até mesmo  as derrotas  e lágrimas da vida,  está negando  o ensino de Jesus  e dos apóstolos. Outros procuram fugir de seus próprios sofrimentos,  não admitindo que a causa pode ser  devido a um castigo divino. Então  dizem: “Deus não castiga ninguém...” Entretanto, não se pode esquecer  da lei da semeadura e colheita  ([1]), nem  da disciplina  que Deus exerce sobre  os Seus filhos  ([2]).
Alguns gastam fortunas em jogos, ou em entretenimentos. E o pior é que as próprias igrejas estão tentando achar meios de entreter as pessoas com tudo quanto lhes possibilitem fugir da realidade do sofrimento. Talvez este motivo leve as pessoas a não considerarem o sofrimento alheio, tornando-se insensíveis e desumanas. É fácil desprezar o sofrimento dos outros, mas o nosso...
Muitos dão cabo de suas próprias vidas, tentando fugir do sofrimento. Enquanto isso, há  muitos que estão  oferecendo, divulgando,  uma religião de paliativos e mentiras para amortecer as pessoas espiritualmente; dizendo que, se alguém cumprir determinados rituais, ou determinados compromissos financeiros com eles, ficarão livres dos sofrimentos. São os falsos profetas, os que negam as palavras do Senhor Jesus:  “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” ([3]).
Jesus nos prometeu a paz em meio aos sofrimentos, mas não que ficaríamos livres dos mesmos. A solução não é fugir do sofrimento, mas, sim, usar o sofrimento para nos aproximar de Deus. Foi isto que Jesus fez. Foi o que fez Jó, ainda que chorando e se maldizendo. Ele abriu sua alma com Deus, expôs a sua decepção e tristeza diante do sofrimento. Enfim, conversou com Deus. E Deus lhe fez entender que  havia um propósito para o seu sofrimento: conhecer a Deus. Assim, Jó declarou:    “Bem sei que tudo podes, e nenhum de teus planos pode ser frustrado... Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza” ([4]).
Pr. Vanderlei Faria 
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
[1] Gl 6.7
[2] Hb 12.5-11
[3] Jo 16.33
[4] Jó 42.2,5,6
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