Pedro e João, após conferirem que o sepulcro estava vazio, se retiraram apressadamente. Maria, porém, permaneceu ali, numa espécie de esperança obstinada, teimosa. Como que pressentindo algo inusitado, glorioso. Esperava o inesperado pela própria fé. Ansiava pelo consolo de sua alma com algo que superasse as meras informações angelicais, ou mesmo a constatação dos fatos narrados pelos anjos.
Maria Madalena não se satisfazia apenas com a presença de anjos ao seu redor. Triste, não se contentava com as palavras santas e consoladoras dos seres superiores. Ainda que respeitando e reconhecendo a majestade daquelas figuras angelicais. Porém, não se contentava apenas com boas informações. Ser crente, na verdade, não significa apenas ouvir a respeito do evangelho de Cristo. É preciso experimentá-lo, participar, vivê-lo diariamente. Assim, pois, jamais alguém poderia ocupar o lugar de Jesus em seu coração. Ninguém poderia suprir-lhe o conforto da presença viva de Jesus em sua vida.
Maria Madalena permaneceu ali, na expectativa, ainda que confusa, abatida e insegura; algo pulsava mais forte dentro de si. Havia ainda um fio de esperança de que o melhor estava para acontecer. A certeza da ressurreição poderia ser suficiente para os outros. Poderia servir de consolo e descanso para os que desejavam provas científicas para crerem. Ela, porém, queria mais. Mais que certeza dos fatos confirmados pelos outros que ali estiveram, ela ansiava por um encontro pessoal com seu Senhor. Algo que não apenas satisfizesse a mera curiosidade intelectual, mas que confortasse plenamente sua alma. Sua vida não teria mais sentido sem aquele tão sonhado acontecimento – o reencontro sublime com Jesus! Ninguém jamais sentir-se-á feliz e confortável sem esse encontro pessoal com o Senhor ressurreto.
Quando se trata do encontro com Jesus, ninguém pode satisfazer-se com as experiências alheias. Enquanto Maria procurava um cristo morto, desfigurado, inerte e frio, não O encontrara realmente. E não fora consolada também. Muitos hoje estão vivendo dessa forma, procurando conforto em imagens de um deus morto. Continuam tristes, desorientados e vazios, como escreveu Isaías: Is 44.9-20. Continuam ao pé da cruz, sinceros, contritos, religiosos fervorosos e piedosos. Porém, tristes, vazios, iludidos e perdidos em seus delitos e pecados. Sem a paz do céu, sem a alegria do Espírito Santo, proporcionadas pelo encontro pessoal com o Salvador vivo e vitorioso.
Maria, na verdade, não se achegou a Jesus com esse propósito, foi Ele quem a encontrou primeiro. Ele alcançou-a, transformando completamente as circunstâncias. Tirou-a de um poço de amargura, solidão e desespero, dando-lhe a verdadeira razão de viver (Sl 40.1-3, 17). Agora ela poderia sair correndo a dizer, com todas as forças de sua alma: Jesus ressuscitou!
Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
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