sexta-feira, 9 de março de 2012

A SOBERANIA DE DEUS NA SALVAÇÃO

_ "Não temas, pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade" (At 18.9-10).
_ "Fala e não te cales". Por quê?
_ "Pois tenho muito povo nesta cidade".


Por que orar e pregar o evangelho de Cristo para a salvação dos pecadores, se apenas os eleitos de Deus serão salvos? Sem dúvida, esse assunto tem causado muita controvérsia teológica e muita dificuldade para o entendimento de alguns cristãos. Por exemplo, uma aluna no Seminário demonstrou uma profunda tristeza e até uma certa revolta para com a doutrina da soberania da graça de Deus na salvação. Quando eu discorria sobre o assunto, ela, nervosa, me interpelou dizendo: "Como posso orar por alguém, se Deus já determinou previamente quem vai ser salvo?"

Há muita gente que faz confusão nesta questão. Por um lado há aqueles que pensam que pelo fato de Deus chamar, eleger, vocacionar e predestinar a quem Ele quer, então, não precisam pregar e orar pela salvação dos pecadores, já que Deus só vai salvar mesmo aqueles a quem Ele quiser salvar... Por outro lado, há aqueles que dizem que se eles não pregarem, se não usarem todos os meios e estratégias humanas possíveis para atraírem os pecadores a Cristo, eles não serão salvos de forma alguma. Ou, em outras palavras, não adianta Deus querer e amar os pecadores, se eles não quiserem Deus não pode salvá-los, definitivamente.

Os pecadores só se converterão a Cristo se houver um trabalho denodado, persistente e habilidoso da parte do pregador, ou da igreja do Senhor. Nesse caso, Deus não seria soberano na salvação, mas, sim, o homem com suas habilidades (dadas pelo próprio Deus) e métodos “aperfeiçoados”. Ou, como alguns preferem argumentar, pelo livre arbítrio de cada um... Confesso que também já senti muita inquietação e dificuldade no entendimento desta doutrina. Porém, quando penso no fato de que o Espírito Santo que nos sensibiliza para orarmos em favor de alguém é o mesmo que toca nos corações, quebrantando-os, convencendo-os do pecado, da justiça e do juízo de Deus, tranquilizo-me e sou encorajado, mais ainda, a orar em favor das almas sem Cristo e sem salvação, pelas quais Deus inclinou meu coração para amá-las e para orar por elas.

A nossa motivação para pregarmos o evangelho de Cristo Jesus, se apóia na certeza absoluta de que este evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” . E também porque o nosso Mestre nos ordenou pregar o evangelho até aos confins da terra, e que Ele estaria conosco sempre. Ora, se o amor de Cristo realmente nos constrange, não temos que buscar motivação maior para pregar o evangelho.

A confiança e certeza de que a Palavra de Deus, sob a autoridade do Espírito Santo, é suficientemente poderosa para quebrantar o mais duro coração, deve nos impulsionar a pregar com vibração e entusiasmo o evangelho de Cristo, sabendo que Deus vai fazer o que Lhe apraz com a Sua santa Palavra, pregada com ousadia e sinceridade. E porque Ele mesmo nos manda pregar, não nos compete argumentar, reclamar ou questionar Suas ordens, ainda que tenhamos quase certeza de que muitos de nossos ouvintes jamais se converterão a Cristo, pela dureza de seus corações. Ainda assim, cumpre-nos o sagrado dever e privilégio de pregarmos com humildade, dignidade, integridade, fidelidade, seriedade e credibilidade a Palavra de Deus.

Eu creio na doutrina da eleição e predestinação, como a Bíblia diz; porém, o fato de crer que Deus é soberano na escolha de quem Ele quer salvar não me dá o direito de querer saber quem é ou não eleito de Deus. Não podemos deixar de pregar o evangelho da salvação por julgá-lo fora do propósito de Deus para determinada pessoa.

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