_ "Não temas, pelo contrário, fala e não te cales; porquanto  eu estou  contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho  muito  povo  nesta cidade" (At 18.9-10).
_ "Fala e não te cales". Por quê?
_ "Pois tenho muito povo nesta cidade".
Por que orar e pregar  o evangelho de Cristo para a salvação dos pecadores, se apenas os eleitos de Deus serão salvos? Sem dúvida, esse assunto tem causado muita controvérsia teológica e muita dificuldade para o entendimento de alguns cristãos. Por exemplo, uma aluna no Seminário demonstrou  uma profunda  tristeza e até uma certa revolta para com a doutrina da soberania  da graça de Deus na salvação. Quando eu discorria  sobre o assunto, ela, nervosa, me interpelou dizendo: "Como posso  orar por alguém, se Deus já determinou previamente quem vai ser salvo?" 
Há muita gente que faz confusão nesta questão.   Por um lado há aqueles que  pensam que pelo fato de Deus chamar, eleger, vocacionar e predestinar a quem Ele quer, então, não precisam  pregar e orar pela salvação dos pecadores, já que Deus só vai salvar mesmo aqueles a quem Ele quiser salvar... Por outro lado,  há aqueles que dizem que se eles não pregarem, se não usarem todos os meios e estratégias humanas possíveis para atraírem  os pecadores a Cristo, eles não serão salvos de forma alguma. Ou, em outras palavras, não adianta Deus querer e amar os pecadores, se eles não quiserem Deus não pode  salvá-los,  definitivamente. 
Os pecadores só se converterão a Cristo se houver um trabalho denodado, persistente e habilidoso da parte do pregador, ou da igreja do Senhor. Nesse caso, Deus não seria soberano na salvação, mas, sim, o homem com suas habilidades (dadas pelo próprio Deus) e métodos “aperfeiçoados”. Ou, como alguns preferem argumentar, pelo livre arbítrio de cada um... Confesso que também já senti  muita inquietação e dificuldade no entendimento desta doutrina. Porém, quando  penso no fato de que o  Espírito Santo  que nos sensibiliza  para orarmos em favor de alguém é o mesmo que toca nos corações, quebrantando-os, convencendo-os do pecado, da justiça e do juízo de Deus, tranquilizo-me e sou encorajado, mais ainda, a orar em favor das almas sem Cristo e sem salvação, pelas quais Deus inclinou meu coração para amá-las e para orar por elas. 
A nossa motivação para pregarmos o evangelho de Cristo Jesus, se apóia na certeza absoluta de que este evangelho “é o poder de Deus para  a salvação de todo aquele que crê” . E também porque o nosso Mestre nos ordenou pregar o evangelho até aos confins da terra, e que Ele estaria conosco sempre. Ora, se o amor de Cristo realmente nos constrange, não temos que buscar  motivação maior para pregar o evangelho. 
A confiança e certeza de que a Palavra de Deus, sob a autoridade do Espírito Santo, é suficientemente poderosa para quebrantar o mais duro coração, deve nos impulsionar a pregar com vibração e entusiasmo o evangelho de Cristo, sabendo que Deus vai fazer o que Lhe apraz  com a Sua santa Palavra, pregada com ousadia e sinceridade. E porque Ele mesmo nos manda pregar, não nos compete argumentar, reclamar ou questionar Suas ordens, ainda que tenhamos quase certeza de que muitos de nossos ouvintes jamais se converterão a Cristo, pela dureza de seus corações.  Ainda assim, cumpre-nos o sagrado dever e privilégio de pregarmos com humildade, dignidade, integridade, fidelidade, seriedade e credibilidade a Palavra de Deus. 
 Eu creio  na doutrina da eleição e predestinação, como a Bíblia diz;  porém, o fato de crer que Deus é soberano na escolha de quem  Ele quer salvar não me  dá o direito de querer saber quem é ou não eleito de Deus. Não podemos deixar de pregar o evangelho da salvação por julgá-lo fora do propósito de Deus para determinada pessoa.
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