quinta-feira, 17 de abril de 2014

EM QUEM BUSCAREMOS SOCORRO?




  “Certas pessoas se queixam de que, se Jesus foi ao mesmo tempo Deus e homem, seus sofrimentos e sua morte não têm valor nenhum, "pois tudo isso foi fácil para ele". Outras pessoas podem (com toda razão) pro­testar veementemente contra a ingratidão e a grosseria dessa objeção.

   O que me deixa espantado é a incom­preensão que ela revela. Em certo sentido, os adeptos dessa objeção não só têm razão como mesmo foram tí­midos em explorar a ideia. A submissão perfeita, o so­frimento perfeito e a morte perfeita não foram somente mais fáceis para Jesus porque ele era Deus; só foram possíveis porque ele era Deus. Mas não será essa uma ra­zão muito estranha para não aceitar essa submissão, esse sofrimento e essa morte?

    O professor é capaz de ajudar as crianças a formar as letras porque é adulto e sabe es­crever. Evidentemente, para o professor é fácil escrever, e é essa mesma facilidade que o habilita a ajudar a crian­ça. Se ele fosse rejeitado com a desculpa de que essa ta­refa "é fácil para adultos", e a criança quisesse aprender a escrever com outra criança igualmente analfabeta (o que anularia qualquer vantagem "injusta"), o progresso dela não seria lá muito rápido.

   Se eu estivesse me afo­gando numa corredeira, um homem que tivesse um dos pés solidamente plantado na margem do rio poderia estender a mão e salvar-me a vida. Será que eu deveria (entre um engasgo e outro) gritar: "Não! Isso não é jus­to! Você tem uma vantagem! Ainda está com um dos pés em terra firme!"? A vantagem — chame-a de "injus­ta", se quiser — é o único motivo pelo qual esse homem me pode ser útil.

    Em quem buscaremos socorro, senão em alguém mais forte do que nós? Essa é minha própria maneira de ver o que os cris­tãos chamam de Expiação. Lembre-se, porém, de que se trata apenas de mais uma imagem, que não deve ser confundida com a realidade. Se ela não lhe for útil, dei­xe-a de lado.

 

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

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