sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

NOSSA VULNERABILIDADE


Vulnerabilidade significa, segundo Francisco Azevedo, p. 127, “fragilidade, ruptibilidade, ruptilidade, gracilidade, fissilidade, irresistibilidade, irresistência,; castelo de cartas; casa de vidro, caixa de fósforos, argila, ferro acro”.1 Estas palavras denotam a nossa estrutura humana, que é falha, insincera e enganosa. O Senhor Jesus já havia feito este diagnóstico em Mateus 15.19: “Porque do coração é que saem maus pensamentos, homicídios, adultérios, imoralidade sexual, furtos, falsos testemunhos e calúnias”. No Sermão do Monte, o Senhor discorre sobre os motivos, as inclinações carnais, que produzem atos danosos. A nossa vulnerabilidade está no coração.

Esta é a nossa realidade. Nua e crua. Independe de idade. É do homem, da sua natureza má e perversa (Jr 17.9,10). Revela-se em nossos tropeços e desacertos. Somente na reconciliação com o Pai através do Filho é que somos restaurados (2 Co 5.18-20). Ah, quão vulneráveis e miseráveis somos! Somente a graça de Deus nos basta, pois o Seu poder se aperfeiçoa na fraqueza (2 Co 12.9,10). O apóstolo Paulo reconhece o quanto é frágil, vulnerável e tendencioso em Romanos 7. Portanto, a nossa vulnerabilidade é invisível e visível ao mesmo tempo. Está nas entranhas e traz à tona nossas manhas e atos perniciosos. Essa vulnerabilidade traz à flor da pele a nossa incoerência entre o ser e o fazer. Entre o pensar, sentir e o agir.

Há vários personagens da Bíblia que mostraram sua vulnerabilidade: Moisés, quando matou o Egípcio; os dez espias quando revelaram o seu medo na conquista da terra prometida, o seu fracasso no tempo; Davi, que deixou de ir para a guerra e perdeu a batalha do coração, adulterando; Jeremias que não sabia falar; Pedro que negou o Senhor Jesus três vezes e cortou a orelha de um homem. Realmente somos vulneráveis em gênero, número e grau. Vulneráveis de carteirinha.

Mas a nossa vulnerabilidade encontra a invulnerabilidade de Cristo Jesus, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós (João 1.14). Que foi crucificado, morreu e ressuscitou por nós. Aquele que prometeu estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28.20). Que disse para Paulo e a nós, a minha graça basta, é suficiente. A nossa vulnerabilidade encontra em Cristo Jesus o poder para vencer as tentações. Vencer as aflições (João 16.33). A nossa tendência ao erro encontra a verdade que é Cristo Jesus. A nossa propensão para a mentira encontra Jesus como a verdade (João 14.6). A nossa inclinação para a tristeza profunda encontra a alegria em Cristo Jesus. A nossa insegurança encontra a segurança absoluta no Salvador nosso (At 4.12).

Tenhamos consciência de nossa vulnerabilidade, fraqueza, tendência ao erro, ao fracasso. Contudo, não nos esqueçamos da presença de Jesus conosco, presença que basta, fortalece, encoraja e motiva a caminhada do discipulado, a trilha da fé salvadora. Ele é o Autor e Consumador de nossa fé (Hb 12.2). Não justifiquemos nossa vulnerabilidade (somos especialistas nisto), mas confiemos na justificação que vem do Pai por meio do Filho, no Seu sangue, para nos perdoar de todo o pecado e toda a injustiça, quando o confessamos de coração (1 João 1.9). Devemos, em Cristo Jesus, vencer nossos fracassos, limitações, medos, ressentimentos, amarguras. Ele disse: “Eu venci o mundo” (João 16.33). Nele somos mais que vencedores (Rm 8.37).

Não permitamos que a nossa vulnerabilidade defina nossas atitudes e os nossos atos. Que a invulnerabilidade, a perfeição de Cristo Jesus, nosso Senhor, defina nossas escolhas. Não confiemos em nós mesmos, mas em Cristo Jesus. Reconheçamos que sem Ele nada podemos fazer. Que Ele seja sempre o nosso fundamento. Que oremos como Davi: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro de mim um espírito reto, inabalável” (Sl 51.10).

 

Oswaldo Luiz Gomes Jacob, pastor.

1 AZEVEDO, Francisco Ferreira dos Santos. Dicionário Analógico da Língua Portuguesa. 2ª. Ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010.

 

 

 

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