sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A GRAÇA DE DEUS DIANTE DO MAL – II

Em momentos cruciantes, amargos, é quando mais devemos nos curvar em oração. É a Deus a quem precisamos recorrer em oração para que a Sua obra seja realizada no poder do Espírito Santo. Não podemos nos deixar enganar pelos artifícios diabólicos, Deus não enche vasos cheios. Se queremos ser cheios do Espírito, precisamos nos apresentar a Ele vazios de nós mesmos e limpos de coração. Não há espaço para o Espírito Santo num coração cheio de si mesmo. E só podemos ser úteis, verdadeiramente, para Deus quando estivermos submissos e cheios dEle.

Daí porque Deus permitiu a Paulo ser afligido com um espinho na carne. Deus queria usá-lo com o Seu poder, e não por causa das qualidades e privilégios em que Paulo pudesse se apegar. A graça é dom imerecido, Paulo haveria de glorificar a Deus pela graça e não por sua pretensa religiosidade e capacitação. Por falta de entendimento os discípulos de Jesus passaram momentos desesperadores. Há muita gente vivendo mal, se afundando no mar da vida, porque tem um pensamento equivocado a respeito de Jesus. A propósito, quem é Jesus para você? O Deus presente e atuante em sua vida, ou um fantasma assustador?

Assim como Deus usou aquele “espinho na carne”, e também as algemas, no caso de sua prisão relatada na carta aos Efésios, para fazer de Paulo um instrumento poderoso de glorificação do nome do Senhor entre muitas gerações, Deus também quer que usemos as nossas tribulações para honrá-Lo e glorificá-Lo onde vivemos e nas circunstâncias em que vivermos. Deus pode trabalhar em nós e conosco, através de nossas “algemas”.

Portanto, a questão a meu ver é entendermos que algumas vezes Deus nos coloca em “cadeiras de rodas” não para nos torturar, nos envergonhar, mas para que possamos glorificá-Lo. Enquanto aqui estivermos, estaremos nos defrontando com a dor, com o flagelo das doenças infecciosas, com a violência urbana... Enfim, com as sequelas do pecado humano. Em meio a tudo isso, temos o conforto da presença divina conosco, e o desafio de perseverarmos em oração, sabendo que a Sua graça nos basta.

“Deus sussurra em nossos prazeres, fala em nossa consciência, mas brada em nossas dores: é seu megafone para chamar um mundo ensurdecido”, escreveu C. S. Lewis. Na verdade, todas as provações podem tornar-se ocasião para Deus falar conosco”.[1]

Quando lemos esse texto somos quase sempre levados a pensar também que, no lugar do apóstolo Paulo, não saberíamos o que fazer. Porém, precisamos entender que Paulo não suportou esses problemas por ser melhor do que eu e você. Não foi por ele ser melhor crente, mais espiritual. Não foi por sua resistência física, emocional e espiritual. Não foi por sua capacidade intelectual além da média geral. Tampouco por sua maturidade espiritual. Não. Foi Deus, pela Sua graça, quem o fortaleceu.

Não podemos atribuir as vitórias cristãs aos personagens que as experimentam. Foi a graça de Cristo nele, Paulo, que operou o poder de Deus. Então, ao analisarmos a experiência do apóstolo Paulo, deixemos de lado a ideia ou a tendência de exaltação do homem. Deus quer nos mostrar não um ídolo (Paulo), mas a Sua maravilhosa graça. Paulo é apenas e tão somente um exemplo de como a graça de Deus nos alcança e o que o Senhor também faz em nossas vidas. Portanto, o alvo de nossa observação nesse texto, como em qualquer estudo bíblico sério, não deve ser a pessoa humana, mas o Deus desse homem ou mulher. O Deus de Abraão, Isaque e Jacó. O Deus de Elias e de Jó. O Deus de Pedro e de Paulo. O nosso Deus!

[1] Deere, Jack – Surpreendido Com a Voz de Deus, P. 112 – Ed. Vida



Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

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