A celebração do Natal de Jesus aconteceu pela primeira vez entre um grupo de  homens do campo, simples, rudes, alguns dos que “não são“, praticamente esquecidos em meio aos animais do campo. E a maior parte de Seu ministério Jesus dedicou ao cuidado com os “pequeninos” da sociedade  de Seu tempo, aqueles a quem aprouve a Deus revelar-Se (Mt 11.25-27).
Isto, naturalmente, não quer dizer que todos os pobres e  “pequenos” socialmente serão salvos pelo simples fatos de serem menos favorecidos socialmente; tampouco que todos os ricos, sábios e entendidos serão condenados. Em 1Co 1.26  Paulo diz que não foram muitos sábios, nem muitos  os poderosos que foram chamados à salvação. Isto quer dizer que  alguns  sábios  e poderosos foram chamados, embora não muitos. Mas, observando o ministério de Jesus, como  também o ministério dos apóstolos e na experiência  de cada servo de Deus de todos os tempos, o fato é que as palavras  de Paulo em 1Co 1.27-29 são  confirmadas literalmente. Deus gosta de trabalhar  com gente  esquecida, desprezada, humilhada, “aqueles que não são, para  reduzir a nada as que são” (1 Co 1.28).
Assim, desde a primeira vez  em que  o evangelho, a “boa nova de grande alegria”, foi pregado  aos pastores do campo (Lc 2.8-20), podemos verificar este fato. Aprouve a Deus revelar-Se, aos maltrapilhos, aos esquecidos e marginalizados da sociedade. Mas o que é mais surpreendente é que o próprio Senhor, Aquele a quem se diz ser a razão da existência e celebração do Natal; Aquele de quem comemoramos o nascimento é  justamente  o mais esquecido por ocasião das  celebrações natalinas. Desde o princípio, desde o Seu nascimento, quando foi esquecido num curral de ovelhas, até os dias atuais, as pessoas fazem festa, se regozijam em família, se rejubilam e se confraternizam pedindo (a quem?) a paz na terra... Mas esquecem do “aniversariante”. Ou simplesmente não O reconhecem, nem O reverenciam como o único digno de glória, honra e louvor, especialmente quando festejamos o Seu nascimento (pelo menos é esse o pretexto para todas as badalações “natalinas”). Nem mesmo entre os  cristãos Ele recebe a honra e a glória que Lhe são  devidas. Porque também nós somos contagiados, melhor, contaminados,  pelo “espírito natalino” das guloseimas e das extravagâncias  comerciais e sociais.
Em meio a esse corre corre, a essa  confusão, é simplesmente uma loucura, no conceito popular, alguém falar ou querer cultuar a Deus em tempo de festa.  É comum, em tempo de Natal, sentirmo-nos  tristes e deprimidos por estarmos distantes daqueles a quem amamos. Sentimo-nos angustiados com a  ausência de amigos e parentes, especialmente daqueles que se encontram  distantes, ou que já  partiram para a eternidade.
 Infelizmente, porém, nem sempre nos entristecemos por aqueles (ou por nós mesmos)  que vivem  distantes do Salvador Jesus Cristo, ainda que estejam  celebrando conosco o Natal de Jesus. Assim, o  principal esquecido do Natal é o próprio Senhor do Natal. Infelizmente para quem O esquece, porque será esquecido por Ele diante do Pai. Por isto Jesus disse às mulheres que choravam por Ele, quando Se dirigia para o Calvário: ”Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai, antes, por  vós mesmas e por vossos filhos!” (Lc 23.28).
Você mãe, ou pai, já chorou suas culpas e pecados diante de Deus para ser perdoado? Tem chorado em oração diante de Deus pela  conversão de seus filhos? Talvez seu filho se encontre distante do Salvador, ainda que perto de você. Se Jesus está esquecido por ele, ou mesmo se você  está vivendo longe de Jesus, ainda que comemorando o Seu Natal, volte-se já aos pés de Jesus, antes que seja tarde demais! Ou talvez haja tristeza  em seu coração pelo fato de sentir-se desprezado e esquecido pelos amigos e pela sociedade perversa na qual vivemos. Então, lembre-se de que quando Jesus nasceu os anjos  anunciaram as boas novas aos  pastores do campo. Eles também não tinham o conforto e o carinho de seus familiares ao seu redor na noite em que foram agraciados com a revelação de Deus (Lc 2.8-20); mas quando a glória de Deus se manifestou entre eles houve uma verdadeira explosão de júbilo e contentamento em seus corações. Era noite, havia solidão e desconforto entre eles, mas quando Deus se manifestou  para eles, não havia mais qualquer motivo para lamentações, mágoas ou rancores. Jesus Cristo era e continua sendo a razão de nossa alegria!
Ao longo dos séculos, em circunstâncias as mais diversas, o povo de Deus tem expressado sua fé e esperança através dos cânticos de louvor e adoração. Os exemplos bíblicos são tantos que  não podemos  sequer  mencionar a todos. Porém, voltemos ao texto em apreço. Ali no campo os pastores, humanamente falando, não viam motivos para celebrar.  As circunstâncias religiosas, espirituais, eram desfavoráveis para cultuar, adorar, conforme a compreensão vigente. Os judeus só admitiam haver um lugar de culto, de adoração: no templo em Jerusalém. Os pastores estavam no campo, distantes portanto do local consagrado  para a adoração ao Deus vivo, verdadeiro. Não podiam dizer: "Alegrei-me quando me disseram: vamos à casa do Senhor!"  No campo, longe dos escribas, dos sacerdotes divinos, dos mensageiros do Deus Altíssimo, sem o texto  sagrado. Não, não havia motivações estimulantes, favoráveis, para se cultuar, adorar, vibrar:  "Então, de repente, apareceu junto ao anjo grande multidão da  milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus  nas maiores  alturas e paz na terra entre os homens de boa vontade" (Lc 2.13-14).
Quais seriam nossas reações em tais circunstâncias? Em meio às crises e decepções, os filhos de Deus cantavam e proclamavam sua fé. E  o Senhor Jesus era adorado com profunda reverência e sinceridade. Deus era exaltado, e a fé divulgada de maneira bonita, atraente e convincente. É preciso que se diga o que se crê quando se canta, e que cantemos  de maneira tal que  o nosso canto evidencie, com clareza absoluta, a nossa fé. Não podemos jamais nos esquecer que o  povo de Deus sempre cantou aquilo que sentia, ou melhor, aquilo que representava o sentimento vivido na época aos pés de Cristo, aliado às suas convicções doutrinárias. Talvez haja tristeza em seu coração. Você está triste devido às circunstâncias desalentadoras... Mas, principalmente pela longa  ausência do Consolador em seu coração.  Triste por verificar que o Natal dos festejos e guloseimas não o satisfaz completamente. Natal que torna mais pobre o menino pobre. Quando o humilde é ainda mais humilhado. O menino descalço, sem teto, sem agasalho, é a mais  ridícula e pejorativa paródia do Natal. Natal de glutonarias, bebedices, fantoches... Natal sem Jesus, sem paz, sem gratidão, amor...
Não, este não é o Natal que Jesus merece. Este é  o natal do esquecido Jesus! Se por isso você chora, esperando a consolação do Senhor; deixe agora as preocupações com as coisas temporais, acidentais. Pense nas coisas celestiais. Nasceu Jesus!  Este é o momento para rendermos-Lhe graças e louvor.   Podemos cantar com os anjos: "Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade... Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os moradores da terra; servi ao Senhor com alegria, e apresentai-vos a ele  com cânticos...  Um cântico haverá entre vós... e alegria de coração..." (Lc 2.14; Sl 100.1; Is 30.29). Portanto, há razão para se viver, cantar, sorrir e bendizer ao Salvador. Uma  emoção  maior, razão para romper-se  com as lamúrias e lágrimas. Esta  razão é a presença viva  de Jesus Cristo conosco. Amém.
Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
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