sábado, 5 de dezembro de 2009

A GRAÇA DE DEUS DIANTE DO MAL – III

Lembro-me de tantos homens e mulheres que, ao longo de meu ministério, têm apresentado seus “espinhos” como algo insuportável. São aqueles momentos quando somos confrontados com os dramas amorosos das pessoas.

Gente que tem que conviver com um parceiro a quem não ama. Mulheres cujos maridos se tornaram insuportáveis pela grosseria e maus tratos. Homens cujas mulheres há muito não os satisfazem. Então, nesse clima de insatisfação emocional e sentimental, aparece alguém por quem se apaixona, se encanta... Muitas vezes em consequência da afinidade existente entre ambos, por viverem dramas semelhantes. Aí começa a dor no mais profundo da alma do crente sincero e temente a Deus. É quando constatamos a instalação em nosso coração de um verdadeiro “espinho na carne”. Isto porque, como servos do Senhor, temos a plena convicção do pecado nessa paixão. Porém, ao mesmo tempo, não se consegue arrancar facilmente esse sentimento enraizado no coração.

Não se consegue dar ordens ao coração. E a imaginação voa tremendamente. Ao mesmo tempo a consciência cristã acusa o pecado que jaz à porta. O coração, o sentimento carnal, a tendência humana caída, leva o cristão para o outro lado. Dá-se, então, o conflito interior, a angústia, a luta íntima. É um verdadeiro drama, um espinho doloroso na carne humana. É a nossa incessante luta contra a carne e o pecado. Luta esta da qual só ficaremos inteiramente livres quando chegarmos à presença do Senhor.

Fico pensando como são frequentes esses problemas no meio do povo de Deus! Homens e mulheres arrastando um fardo tremendo de amor e culpas, tristes e solitários, como a mulher samaritana. Sem coragem de apresentarem a Deus em oração sua triste condição. Alguns passam a vida toda mal humorados, arredios, desconfiados, irritadiços e tristes. Outros se matam de trabalhar, são considerados pelas conquistas e realizações profissionais, tornam-se famosos, realizados, porém, frustrados e frustrantes.

Outros, ainda, não suportando a angústia e a pressão interior, chutam o balde e se entregam completamente à loucura daquela paixão contida, refreada. Esses têm que suportar as consequências de seus atos...

Por outro lado, fico pensando na reação dos observadores. Como, normalmente, agimos com tanta leviandade e frieza diante de tais casos! Quase sempre as igrejas procuram resolver questões como tais, simplesmente, recomendando, ou exortando, os infelizes infratores no sentido de esquecerem o assunto, como se pudéssemos arrancar essas lembranças de nossas mentes quando assim o desejamos. Ou então, para simplificar e resolver o problema para a igreja, aconselhamos aos envolvidos pedirem o desligamento, ou exclusão do rol de membros. Assim, julgamos solucionar o problema, pelo menos na questão de um possível escândalo. Mas, as perguntas que me ocorrem são estas: Será que, realmente, conseguimos solucionar esses problemas agindo dessa forma? E se não agirmos dessa forma, como enfrentar a situação? Deus nos traz esperança através de Sua Palavra.[1]

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

[1] Lm 3.21-25

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