sábado, 29 de maio de 2010

NÃO TEMAIS!

Ao anoitecer... Quando a noite chegou, o horizonte se escureceu, desvaneceu-se... A tempestade chegou, os ventos contrários se acentuaram, as dificuldades aumentaram. O mar revolto, com ondas assustadoras, amedrontava até mesmo aos calejados e destemidos pescadores.

Exaustos, assombrados e desesperados, eram consumidos pelo pavor e ansiedade. Eis que, de repente, uma voz tão forte e poderosa, que suplantava o barulho e a fúria dos ventos, se fez ouvir: “Não temais! Tende coragem, ânimo! Sou eu!”

Mas, quem é este que ousa dizer algo diante de tais circunstâncias!? Seriam palavras de escárnio e zombaria para aumentar o medo, o sofrimento e a vergonha daqueles rudes homens já combalidos e atordoados por todos os percalços daquela longa noite?

Quem é este que ousa dizer “não temais”, quando estamos prestes a soçobrar em meio ao mar revolto? Afinal, temos que continuar remando contra a maré, e ainda ouvir insultos de um insensível e cruel expectador? Não. Aquele que diz “não temais” é quem controla o vento e o mar. É quem tem o poder de mudar as circunstâncias da vida, e até a própria vida. Diz o texto sagrado: “E, vendo-os cansados de remar, porque o vento lhes era contrário, foi ao encontro deles andando sobre o mar...”[1] Vale a pena considerarmos algumas particularidades desse pequeno texto.

Primeiramente, o texto diz: “E, vendo-os cansados de remar”. Jesus estava distante, mas suficientemente atento para vê-los e perceber as suas carências e apertos emergenciais. O Senhor, embora esteja entronizado nos céus, Ele nos vê a cada passo de nossa trajetória terrena. Nada escapa de Sua atenção e cuidado para conosco. Ele os viu “cansados a remar”.

Ou seja, Jesus reconhece nosso esforço e trabalho, ainda quando fracassamos e nos sentimos prestes a desfalecer. E não só demonstra simpatia para conosco, mas também empatia (Ele sente conosco) e solidariedade. Ele chega junto ao necessitado, ao enfermo e acamado. Ele renova as forças do cansado e consola o coração do aflito.

Em segundo lugar, diz o texto que a razão do seu cuidado terno era “porque o vento lhes era contrário...” Jesus está atento às forças que nos são contrárias, adversas, atemorizadoras. Ele não está insensível aos nossos problemas e obstáculos. Ele sabe que enfrentamos “ventos contrários” e a constante tempestade a cada passo de nossa caminhada. Mas também sabe de nossos limites e fragilidade.

Quando os ventos contrários do desemprego, das separações, desavenças conjugais, intrigas, injustiças, enfermidades e contrariedades de toda sorte nos fazem sofrer e chorar, o Senhor Jesus expressa Seu cuidado estendendo-nos Suas potentes mãos. Em terceiro lugar, diz o texto que Ele “foi ao encontro deles andando sobre o mar...” Justamente quando nos sentimos arrasados e desesperados por não vermos a saída e o socorro bem presente nas tribulações, Ele vem ao nosso encontro.

Observe a ênfase do texto: Ele vem ao nosso encontro e não de encontro. Ou seja, Jesus não vem para nos afrontar e nos confrontar, batendo de frente; mas ao nosso encontro para nos aconchegar, nos encorajar e nos fazer sossegar, como também fazer sossegar o vento e o mar revolto, para que a nossa trajetória seja consumada em perfeita paz. Ele vem sobre o mar porque o Seu poder está acima dos problemas e adversidades da vida. Mais que isto, Ele tem o controle da natureza e das forças que nos são contrárias. Nem mesmo o diabo com toda a sua corte satânica pode nos derrotar.

Jesus Cristo é Senhor no céu e na terra. Ele é Deus soberano e eterno. Ele é Deus conosco, o Emanuel. Por isto Ele disse “Sou eu, não temais!”. Ou seja, EU SOU O QUE SOU, ou QUEM SOU; o mesmo que falou com Moisés, curou leprosos e paralíticos, o Deus Salvador e Senhor; o único que pode salvar o pecador de seus pecados. É a Ele que devemos toda honra, louvor e glória. Nesse tempo de angústia e aflição, quando ficamos amedrontados e confusos diante dos ventos contrários e da fúria do mar da vida, ouçamos a voz consoladora e encorajadora do divino Mestre: “Tende ânimo! Sou eu! Não temais! Amém.

Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br


[1] Mc 6.48 – Almeida Século 21

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