quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

DEIXADOS PARA TRÁS

Começarei esta reflexão fazendo uma afirmação: Nós somos (como denominação) o único exercito que deixa os nossos feridos para trás. Desejo esclarecer que esta afirmação não é minha. Certamente quem a elaborou foi uma pessoa sábia que, provavelmente, experimentou a dor do ostracismo e, com certeza, experimentam os que caem, os que erram e os ‘chatos de galocha’. Antes que você possa me julgar, desejo esclarecer que não estou magoado e nem decepcionado, mas preocupado com a frieza, o egoísmo e falta de paciência de muitos lideres com os seus liderados com deficiências das mais diversas.

Alguém disse que a “Igreja não é um museu para santos, mas um hospital para pecadores”. É prudente colocar o desafio de tratarmos uns aos outros com o amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5.5).

Convém refletirmos sobre a nossa caminhada debaixo da graça de Deus. Na verdade, não temos sido graciosos uns com os outros. Não temos paciência com as pessoas que desejam repartir as suas mazelas, as suas magoas. Não temos ‘tempo’. Na verdade, muitos de nós temos tido uma postura espartana, ou seja, de excluir, alijar pessoas enfermas emocional e espiritualmente do nosso convívio. Não toleramos e não tratamos os que erram. Nós classificamos os pecados.

Como líder, sou observador. Quando participava mais das convenções observava a dispersão de determinados lideres que pareciam os políticos da Câmara dos Deputados, que enquanto um estava discursando havia um grupo grande de parlamentares conversando. Vivemos a dispersão nos relacionamentos. O individualismo é gritante. Os relacionamentos têm sido pautados, muitas vezes, nos interesses em cargos. Muitos não estão nem aí para lideres que erraram e que necessitam de cuidado a partir do amor que tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta (1 Co 13.4-8).

Todos nós somos pessoas em processo de cura. Todos alcançados com a mesma enfermidade: o domínio do pecado ou da natureza adâmica. Agimos como o sacerdote e o levita, personagens da parábola do samaritano. Passamos de largo quando vislumbramos o ferido, aquele que deseja falar, falar. Vivemos presos a um sistema religioso que premia os ‘príncipes’ e pune os ‘plebeus’. Corremos o risco de tratarmos as pessoas pela via castas. Somos muito seletivos. Precisamos ter compaixão dos que sofrem a rejeição.

Consideremos no nosso fraco coração a postura de Jesus em relação às pessoas. Como Ele as tratava. Ele tinha muito amor. Compaixão. Como Ele era sincero. Como era empático. Ele nos ensinou a amar os nossos inimigos, bendizer os que nos maldizem e abençoar os que nos perseguem. Sempre ensinou que devemos ter profunda alegria nos mortos que reviveram e nos perdidos que foram achados na perspectiva da salvação. Ele nos disse claramente que os sãos, os que se acham com saúde, os super espirituais não precisam de médicos, mas sim, os doentes, os maltrapilhos. Ele curou os cegos, aleijados, leprosos, ressuscitou mortos, convidou os cansados e oprimidos para o descanso, matou a fome dos famintos, chamou os pecadores ao arrependimento, chamou homens rudes para serem Seus discípulos, comeu com os párias da sociedade da Sua época.

Tudo isso para nos mostrar que o amor supera tudo. O amor transforma inimigos em amigos. O amor é sensível e cuidadoso. Jesus nos ensinou a perdoar sempre. A caminharmos a segunda milha. Repartirmos o pão, o agasalho, o teto e, acima de tudo, o coração. Temos falhado ao buscarmos soluções meramente humanas para os nossos relacionamentos quando Jesus deixou um manual completo chamado evangelho.

Como igrejas e denominação batista paremos com este negocio de acharmos que somos os melhores, os donos da verdade. Sejamos instrumentos de cura. Agentes da graça que satisfaz. Cuidemos mais uns dos outros. Sejamos sensíveis às mazelas do outro. Exerçamos a paciência mutua. Sejamos mais tolerantes na forma. Evitemos os cismas. Aplaquemos os ânimos vivendo a vida no Espírito.

Quando há muito amor as diferenças são diminutas, mas quando há pouco amor as diferenças se agigantam. O evangelho ensina que devemos nos alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram. O evangelho é a graça derramada pelo Espírito na vida da igreja e, consequentemente, na denominação. Não nos conformemos com os nossos vícios denominacionais. Quebremos paradigmas. Sejamos mais unidos de alma. Que Jesus seja sempre o nosso exemplo de alguém que, voluntariamente, deu-se a si mesmo para nos tornar um exército forte, unido e amoroso, que não deixa, não admite de forma nenhuma deixar os seus feridos para trás. Que assim seja!

Oswaldo Luiz Gomes Jacob – pastor

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