sábado, 24 de janeiro de 2009

DEPRESSÃO, DECEPÇÃO OU DESCANSO?

São três ds que revelam uma realidade muito forte em nossa caminhada cristã.
São três substantivos da nossa realidade. Na verdade, esta pergunta-tema nos leva a uma profunda reflexão acerca de como estamos em nossa relação com Deus e com o próximo. Você já teve depressão? Já experimentou decepção? Já descansou na suficiência da obra de Cristo? Das três indagações, creio que a mais comum é a decepção, não é verdade? Quem ainda não se decepcionou com o próximo e consigo mesmo? Vou mais adiante, quem já não se decepcionou com Deus? Aqui entra a questão da coragem de admitir bem lá nos meandros da alma que um dia teve, mesmo que leve, uma decepção em relação ao Senhor por uma perda na vida. Precisamos pedir perdão ao Senhor por não sermos sinceros com Ele ( mesmo sabendo que Ele conhece tudo). Temos a tendência de escondermos de Deus os nossos sentimentos. Ele percebe que escondemos lá no fundo da alma ou das entranhas do coração. Vejamos os três ds da nossa peregrinação cristã rumo ao lar celestial.

O primeiro d que gostaria de considerar com você é a depressão.
É comum termos este sentimento ao olharmos para dentro de nós à luz da Palavra de Deus, da perscrutação do Espírito. Não temos capacidade para nos auto-avaliarmos de forma profunda, mas o Senhor tem. Nós nos deprimimos à medida que percebemos o quanto somos incoerentes, insinceros e desleais. Dizemos uma coisa, mas fazemos outra. Somos traídos pelos nossos sentimentos e pelas nossas próprias palavras. Prometemos uma coisa, fazemos outra. Fazemos planos e não os cumprimos. Determinamos metas e não as atingimos. Somos tomados por sentimentos ruins e não os admitimos. Somos craques no engano. Agimos, muitas vezes, com hipocrisia. Percebemos, mas não admitimos, claramente que somos vis e maltrapilhos. Não somos honestos em considerar as nossas falhas. O nosso comportamento é arrogante e dissimulador.

Chegamos à conclusão como o profeta Isaias da impureza dos nossos lábios, da nossa indignidade (Is 6.1-8). O mesmo profeta nos mostra que somos imundos, que as nossas ‘justiças’ são como trapos da imundícia (Is 64.6). Como assinalou muito bem o profeta Jeremias, o nosso coração é perverso e desesperadamente corrupto (Jr 17). Sentimo-nos deprimidos quando vêm os elogios que não correspondem à nossa realidade de vida.

O segundo d que desejo tratar é a decepção
Quem ainda não se decepcionou na vida? Creio que este d é o mais fácil de admitir. Sentimos decepção ao olharmos para o outro. Estabelecemos uma expectativa alta e a pessoa vem cá embaixo. Investimos na amizade e ai vem a decepção. Não há retorno nenhum. Mas o nosso relacionamento deve ser sempre desinteressado. Na verdade, não devemos ter expectativas além e nem aquém. A nossa postura deve ser sempre equilibrada. Paulo ensina que não devemos ter nem alta e nem baixa expectativa acerca de nós mesmos (Rm 12).

O ensino do Senhor é que tenhamos uma expectativa equilibrada. A nossa percepção deve ser sempre moderada. As expectativas radicais são perigosas nos relacionamentos. A alta traz decepção. A baixa traz murmuração. A nossa leitura acerca das pessoas deve ser a mais real possível. O nosso manual de relacionamento é a Palavra de Deus. Todos conhecemos o potencial do coração humano – mais para o mal do que para o bem. Esta é a dura realidade. O nosso tempo é de egoísmo e individualismo. Compartilhamos da tendência de julgarmos as pessoas. Somos, muitas vezes, críticos. Tornamo-nos implacáveis em nossas avaliações do outro. Aprendamos a olhar as pessoas a partir da ótica do Pai. Não temos o direito de julgarmos quem quer que seja. Infelizmente nos sentimos habilitados nesse negocio de avaliar as pessoas. Como a decepção tem enrijecido os corações. Como ela tem adoecido as entranhas. A decepção e a depressão são vetores de enfermidades para a alma e o corpo. Quantas pessoas doentes em nossas igrejas por se decepcionarem com o próximo. Na verdade, não temos sabido ser Corpo de Cristo, membros uns dos outros. Interdependentes e intercambiados pela graça do Pai no Filho. Não nos deixemos decepcionar. Confessemos a nossa decepção. Que o Espírito nos ajude a entendermos a Palavra na sua profundidade para que haja uma cura em nossa maneira de ver o outro e em nossos relacionamentos.

Mas o terceiro d é o descanso
Enquanto a depressão e a decepção trazem enfermidades e problemas sérios de relacionamento, comprometendo a vida pessoal, a família e a Igreja, o descanso acontece quando olhamos para Cristo. Ele jamais nos decepciona. Ele sempre revela quem Ele é na Sua inteireza. Ele nunca nos enganou. Nunca prometeu algo que não pudesse cumprir. O Seu interior sempre foi coerente revelando atitudes e ações convergentes. Ele faz um belíssimo convite, aliás, cheio de amor: “Vinde a mim todos os que estais ....” (Mt 11.28-30).

Olhar para Cristo pela fé traz alegria, paz e segurança. Ao vislumbrarmos o Mestre somos confrontados com a Sua santidade e Seu amor. Na Sua luz vemos a luz. É um olhar curativo. Restaurador. Cheio de graça e misericórdia. NÊle temos a garantia do perdão, da aceitação e da alegria, porque fomos atraídos por Ele. Na Sua obra Ele desfez toda a amargura da depressão e da decepção. No Senhor Jesus conhecemos a paz. Ele é o nosso Pastor e nada, absolutamente nada nos faltará. Ele nos faz descansar em pastos verdejantes e refrigera a nossa alma (Sl 23). Sentimos descanso quando olhamos para Cristo. Que benção! Que paz!

Experimentamos descanso no Seu amor, na Sua graça, na Sua justiça, na Sua coerência e na Sua misericórdia. Descanso no Seu cuidado. Ele mesmo disse para Paulo: “A minha graça te basta porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12.9,10). Olhando para Cristo, autor e consumador da nossa fé, teremos nossas forças renovadas. Por isso, Ele é a nossa alegria todas as manhãs, a renovação das nossas forças todas as tardes e o nosso descanso todas as noites.

Digamos não para a depressão e para a decepção, mas, sim, para o descanso em Cristo. Se, ao olharmos para nós mesmos e para o outro, ficamos deprimidos e decepcionados, vislumbrarmos o Salvador experimentamos o descanso que nenhuma outra pessoa pode nos dar. Vivamos na dependência de Cristo. Olhemos para Ele. Como nos ensina o escritor aos hebreus: “Deixemos todo o embaraço e o pecado que tão de perto nos assedia e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, OLHANDO para Jesus, Autor e Consumador da fé (12.1,2). Olhemos, mas olhemos mesmo para Jesus. Ele é o nosso Amado Salvador e Senhor que jamais inocula em nós a depressão e a decepção. Ele é o nosso descanso seguro em nossa caminhada como peregrinos em direção ao já, mas ainda não. (1)

(1) O Já: Decididamente e Irrevogavelmente Livres, Mas Ainda Não: Finalmente e Perfeitamente Livres (Piper)

Oswaldo Luiz Gomes Jacob – pastor

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