sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

GUERRA PELA PAZ

A situação moral e espiritual caótica de nossa pátria é gigantesca, nos causando desânimo e tristeza. No entanto, apesar de sabermos que, enquanto o Senhor não voltar, jamais será erradicado completamente o pecado do mundo, ainda assim Deus nos confiou a responsabilidade de sermos sal da terra e luz do mundo. E Ele também nos exorta a buscarmos a paz da cidade em que vivemos: “Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz (Jr 29.7).

Contudo, paz (eirene – no grego; shalon, no hebraico) na Bíblia nunca indica apenas ausência de dificuldades. Significa bem estar total da alma; ainda que em meio às lágrimas, dores e aflições. A paz tem a ver com as relações pessoais; é a integridade do EU interior. Paz é o sorriso de Deus refletindo na alma do crente. É bonança do coração depois da tempestade do Calvário. É a firme convicção de que Ele, que não poupou nem mesmo seu próprio Filho, antes o entregou por todos nós, certamente também, livremente, nos dará com Ele todas as coisas (Rm 8.32). “Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo coração é firme; porque ele confia em ti” (Is 26.3).

Esta paz sobrepuja todo entendimento... Por natureza o homem está tão completamente incapacitado para compreender esta maravilhosa paz como um cego para apreciar um glorioso pôr de sol (1 Co 2.14). Mesmo o crente jamais poderá entender plenamente a perfeição deste dom cristocêntrico que excede em valor a todos os demais dons que o homem recebe de Deus. Uma das razões por que é ela tão estimada, é que ela guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. Os filipenses estavam acostumados a ver as sentinelas romanas a montar guarda. Assim também, se bem que num sentido muitíssimo mais profundo, a paz de Deus montará guarda à porta do coração e da mente. Ela impedirá que torturante angústia corroa o coração, que o manancial da vida (Pv 4.23), a fonte do pensamento, da vontade (1 Co 7.37) e do sentimento (Fl 1.7). Impedirá também que a mente seja invadida por pensamentos indignos”.[1]

Paz foi a experiência de Paulo desde o início da pregação do evangelho em Filipos. Quando preso num cárcere frio e injustamente, ainda podia sentir-se tranquilo para orar e cantar: “Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam” (At 16.25). Bruce diz: “Paz e alegria são bênçãos gêmeas do evangelho. Nas palavras de um velho pregador escocês, “paz é alegria em repouso; alegria é paz a dançar”.[2]

Paz, portanto, é viver com o Senhor, ainda que sofrendo perseguições, dores e injustiças. Como o apóstolo Paulo havia sentido no início de seu trabalho em Filipos. Apesar de achar-se preso injustamente não se sentia amargurado e triste. Pelo contrário, regozijava-se no Senhor... Através de suas cartas, apesar de preso, demonstra ter paz em seu coração para estimular os cristãos a continuarem firmes proclamando a sua fé.

É essa paz de Deus que ele deseja que seus leitores possam adquirir para que experimentem o privilégio da vida em Cristo Jesus. “Ele anunciará paz às nações; o seu domínio se estenderá de mar a mar e desde o Eufrates até às extremidades da terra” (Zacarias 9.10). E ainda: “Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, derribando a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade. E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto; porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito” (Efésios 2.14-18). Essa é a paz que todos nós precisamos buscar e experimentar. Que Ele, portanto, nos abençoe e nos guarde sempre.

_ “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna. Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (1 Tm 1:12-17).


Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

[1] Hendriksen, William – Comentário do Novo Testamento – Filipenses, P. 253, 254 – Casa Editora Presbiteriana, SP
[2] Bruce, F.F. – Romanos Introdução e comentário, p. 98 – Ed. Mundo Cristão

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