sábado, 6 de outubro de 2012

A ELE OUVI

 “Este é o meu Filho,  o meu eleito; a ele ouvi (Lc 9.36).

 A visão foi marcante para todos quantos tiveram o privilégio de  participar.  Os discípulos de Jesus estavam perplexos, atônitos, sem palavras. Imagine  uma grande tela cinematográfica, ou um  grande palco iluminado e ornamentado  como se, de repente,  o céu  se manifestasse ali magnificamente encenado. No palco se apresentavam os astros Moisés, Elias e Jesus. Iluminação, figurino, som e imagem, tudo de primeira qualidade; perfeito.  Visibilidade e acústica da mais alta qualidade. Tudo divinamente elaborado. O drama futurista ia sendo encenado, desenvolvido através da fala de seus atores, os quais interpretavam  seus próprios personagens e sua própria  história de vida. A cena se desenvolve com os personagens se identificando pela  forma  em que se apresentam e pelo conteúdo  daquilo que falam.

Os espectadores estão eletrizados, completamente extasiados e maravilhados com o que  presenciam. Havia no coração de cada um, sem dúvida alguma, o desejo  de perpetuar, prolongar ao infinito aquela  fantástica experiência. Eles queriam poder retratar, reproduzir fielmente cada detalhe, cada palavra e cada emoção ali experimentada. Mas não havia   uma  filmadora, algum meio eficaz e suficiente  para poder reter aquela inesquecível visão, senão a memória  visual e sensitiva de cada um ali presente.               

Assim, Pedro, o mais afoito, não se conteve e atreveu-se a interagir com o principal personagem  daquela apresentação divina, celestial. Ele queria prolongar, e, quem sabe perpetuar aquele momento. Não queria perder tão sublime oportunidade, como não pensava em retornar à rotina de seu exaustivo trabalho ao lado de seu iluminado Mestre. Naquele momento todos experimentavam o gozo celestial; o ambiente e as condições  com as quais sonhavam participar...

Não, eles não poderiam deixar escapar a oportunidade de se deleitar com tal glória. Mas eis que, no auge  do seu excitamento emocional e espiritual, fecham-se as cortinas, as luzes do palco se apagam, a escuridão toma conta do ambiente até então divinamente iluminado, principalmente pelo visual dos personagens  presentes no palco. A repentina mudança do cenário causa  uma profunda emoção contrária à que estavam  experimentando. O medo, o pânico, a dúvida, insegurança e confusão  tomam conta dos corações daqueles frágeis espectadores. Ninguém mais consegue falar, todos se emudecem, até mesmo o grande falante, Pedro. Todos estão atentos ao que há de ser pronunciado em meio às densas trevas provocadas pelas  nuvens espessas. E eis que uma voz estrondosa, poderosa e clara se fez ouvir: "Este é  o meu Filho, o meu eleito, a Ele ouvi"!

Pr. Vanderlei Faria

Nenhum comentário: