terça-feira, 29 de março de 2011

AS ESCRITURAS E DEUS (1)

Entremos em seguida nos pormenores. Aquele que se beneficia das Escrituras verdadeira e espiritualmente: 1. Recebe um mais claro reconhecimento das reivindicações de Deus. A grande controvérsia entre o Criador e a criatura tem girado em torno de se Ele ou ela deve ser Deus, se a sabedoria dEle ou a sabedoria dela deve ser o princípio orientador de suas ações, se a vontade divina ou a vontade da criatura deve ser suprema. O que produziu a queda de Lúcifer foi o seu ressentimento por estar em sujeição ao Senhor: "Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono. . . subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo" (Isaías 14:13,14). A mentira da serpente que encantou nossos primeiros pais e os levou à destruição, foi a seguinte: "...como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal" (Gênesis 3:5). E desde essa ocasião, o sentimento do coração do homem natural tem sido: "Retira-te de nós! Não desejamos conhecer os teus caminhos. Que é o Todo-poderoso, para que nós o sirvamos? E que nos aproveitará que lhe façamos orações?" (Jó 21:14,15). "... pois dizem: Com a língua prevaleceremos, os lábios são nossos: quem é senhor sabre nós? " (Salmos 12:4). "Por que, pois, diz o Meu povo: Somos livres! Jamais tornaremos a ti?" (Jeremias 2:31). O pecado alienou o homem para longe de Deus (Efésios 4:18). O coração humano se tornou avesso a Deus, sua vontade oposta à Sua vontade, a sua mente em inimizade contra Deus. Em contraste com isso, a salvação significa ser alguém restaurado a Deus: "Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus. . . " (1 Pedro 3:18). Legalmente falando, isso já foi feito; experimentalmente, porém, acha-se no processo de realização. Ser salvo significa ter sido reconciliado com Deus; e isso envolve e inclui o fato de que o domínio do pecado sobre nós foi interrompido, que a inimizade foi descontinuada, e que o coração foi conquistado para Deus. Disso é que consiste a verdadeira conversão – da derrubada de todo ídolo, da renúncia das vaidades ocas de um mundo enganador, em que tomamos a Deus como a nossa porção, o nosso dirigente, o nosso tudo em tudo. A respeito dos coríntios lemos que "... deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor" (II Coríntios 8:5). O desejo e a determinação daqueles que verdadeiramente se converteram é que "não viviam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou" (II Coríntios 5:15). Então as reivindicações de Deus passam a ser reconhecidas, e admitimos o Seu legítimo domínio sobre nós mesmos, porque Ele é reconhecido como Deus. Os convertidos se entregam a Deus como "ressurretos dentre os mortos", e os seus membros são entregues como "instrumentos de justiça" (Romanos 6:13). Essa é a exigência que o Senhor nos impõe: ser o nosso Deus, ser servido por nós como tal; e que nós sejamos e façamos, de forma absoluta e sem reservas, tudo quanto Ele nos ordenar, rendendo-nos totalmente a Ele (Lucas 14:26,27,33). A Deus cabe, porque é Deus, legislar, prescrever e determinar tudo o que nos concerne; e a nós compete, como dever obrigatório, sermos dirigidos, governados e sermos livremente usados por Ele, segundo o Seu beneplácito. Reconhecer que Deus é o nosso Deus equivale a dar-Lhe o trono dos nossos corações. É a mesma coisa dita na linguagem de Isaías 26:13: "Ó Senhor Deus nosso, outros senhores têm tido domínio sobre nós; mas graças a Ti somente é que louvamos o Teu nome". Também é declarar, juntamente com o salmista, sem hipocrisia, mas com sinceridade: "Ó Deus, tu és o meu Deus forte, eu te busco ansiosamente" (Salmos 63 :1). Ora, é na proporção em que isso se torna nossa experiência real que nos beneficiamos com as Escrituras. É nelas, e somente nelas, que as reivindicações de Deus são reveladas e postas em vigor; na medida exata em que estivermos obtendo um ponto de vista mais claro e mais completo sobre os direitos de Deus, em que nos estivermos submetendo a eles é que estaremos sendo realmente abençoados. A. W. Pink

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