quarta-feira, 2 de março de 2011

A ESPERANÇA NUNCA MORRE!

É muito significativo que Jesus, contemplando o caos da existência humana, tenha proferido estas palavras: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mt 5.6).

Há um clamor engasgado, atravessado na garganta de quem se vê desamparado, solitário, sem ninguém na vida. Um clamor por justiça, ainda que não verbalizado, nos corações marginalizados, esquecidos e maltratados. Há um clamor da justiça da solidariedade humana, respeito, amizade e consideração. Há um clamor pela justiça no atendimento digno no atendimento aos enfermos e deficientes físicos, mentais e sociais. Infelizmente a religião, ao invés de trazer o alívio de um atendimento respeitoso, honesto e misericordioso, ao contrário, a própria religião se envolveu na busca frenética, desenfreada e desavergonhada pela glória humana do sucesso material.

Assim, agindo mais com o propósito de auto promoção e marketing do que na entrega solidária de afeto e compaixão – algo que expresse verdadeiramente o que seja o amor cristão – então se rebaixa e se nivela com o mundo vil e pecaminoso. Daí a decepção e desolação de tantos em nossos dias, como nos dias de Jeremias. Os nossos olhos, hoje mais do que nunca, desfalecem, nadam em lágrimas diante da perplexidade vigente. Sentimo-nos sufocados. Não conseguimos orar nem ler a Bíblia. Não conseguimos sorrir e nem chorar. Faltam-nos emoções suficientes para podermos expressar tais reações. Como disse o salmista no Sl 77.2, recusamo-nos ser consolados.

Todos nós precisamos de companheirismo, boas amizades. Este é um mundo carente, triste, agonizante. O nosso povo atravessa uma tremenda crise de confiabilidade. Enquanto isso, milhares de pessoas continuam quase vencidas, como o povo no tempo de Jeremias: “Os nossos olhos ainda desfalecem, esperando vão socorro; temos olhado das vigias para um povo que não pode livrar” (Lm 4.17). Não havia perspectivas alvissareiras, seus sonhos, suas esperanças foram frustradas. A decepção, o desânimo e a falta de credibilidade nas pessoas e nas instituições havia tomado conta de seus corações. Olhavam atentamente, na expectativa de vislumbrarem algum resquício, algum fio de esperança. Mas perceberam, com muita tristeza e desolação, que já não lhes restava mais nenhuma esperança. Em meio às lágrimas da desolação não conseguiam vislumbrar o raiar de um novo dia, novos horizontes. Queremos participar, compartilhar, ajudar, sermos alguém na vida de alguém!

Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

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